'Pegou minha mulher e me ameaçou', diz mandante de crimes em Sete de Abril

Geovane contou como encomendou a morte dos três irmãos

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  • Eduardo Dias

Publicado em 9 de outubro de 2019 às 15:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ascom/Polícia Civil

Cerca de três meses antes do crime acontecer, Geovane Nascimento da Silva, de 25 anos, e Elenilton de Jesus Santos, 23, que eram vizinhos e trabalhavam juntos com reciclagem, em Sete de Abril, se desentenderam por causa de uma traição. A partir daí, a relação dos dois começou a estremecer quando, segundo Geovane, seu vizinho o provocou e o ameaçou de morte por causa de um papelão.

A discussão terminou em um triplo homicídio. Geovane, Geraldo Santos de Souza, o Jaquinho, e Erivon da Hora de Jesus, conhecido como Jordan, todos de 25 anos, são suspeitos de invadirem uma casa para matar três pessoas de uma mesma família.

O ataque do trio deixou mortos Elenilton e seus dois irmãos, Evelin de Jesus Santos, 19, e Élisson de Jesus Santos, 21, assassinados dentro da própria casa onde moravam, em setembro. Evelin estava indo levar o almoço dos irmãos, que trabalhavam na laje de casa, quando todos foram surpreendidos pelo grupo armado.

Autores confessos do crime, os três foram apresentados na manhã desta quarta-feira (9), na sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, pelo titular da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), delegado Odair Carneiro. Também participaram o comandante da 50ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Canabrava), major Sérgio Malvar, e o capitão Jackson Jardel.  (Foto: Ascom/Polícia Civil) Traição À imprensa, Geovane admitiu que mandou matar Elenilton porque estava recebendo provocações do vizinho e de Élisson. Segundo o criminoso, Elenilton teria se envolvido com sua namorada em junho deste ano. “Ele pegou a minha mulher e ficou passando na minha cara. Falei que não queria mais falar com ele, que não queria briga. Foi a nossa primeira briga. Nós discutimos outra vez, por causa de um papelão, mas eu dei as costas e ele veio em cima de mim me ameaçando”, explicou.Geovane disse ainda que, além da traição, decidiu encomendar o crime porque sofreu ameaças por parte do vizinho. "Elenilton ameaçou que ia arrancar minha cabeça e matar minha família toda. Ele disse isso alto, no meio da rua. Me ameaçou de morte, dizendo que ia arrancar a minha cabeça, da minha mãe e de meus dois irmãos dentro da minha casa", completou.

Geovane teve o mandado de prisão cumprido no dia 27 de setembro, 4 dias após o crime, depois de se apresentar à polícia. Os autores dos disparos, Erivan e Geraldo, foram presos nos dias 4 e 7 de outubro, respectivamente. Geovane mandou matar vizinho após sofrer ameaça de morte (Foto: Ascom/Polícia Civil) 'Só um susto' Apesar da frieza ao explicar como tudo aconteceu, Geovane disse que se arrepende apenas de ter sido obrigado a mandar tirar a vida da irmã dos jovens, que presenciou a morte dos irmãos e, portanto, seria uma testemunha do crime. No entanto, afirmou que inicialmente a ideia era apenas dar um susto nos vizinhos.“Eu não subi, fiquei na porta. Eu ia mandar dar umas cacetadas neles dois, era para ser só um susto. Mas eu não me arrependo em relação a eles, só pela menina, que não tinha nada a ver. Eu falei a Elenilton que eu não queria briga. Eu disse a ele que o que era dele estaria guardado porque ele me ameaçou. O outro irmão, Elisson, também me ameaçou. Os dois ameaçaram me matar primeiro”, confessou.Segundo Geovane, antes de se apresentar ao DHPP, ele foi para Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), e foi orientado pela mãe a se entregar. “Eu estava lá, andando de boa, não estava escondido. Estava andando para lá e para cá, até que a minha mãe me encheu a cabeça e eu vim me entregar”, completou.

Apesar da confissão, a arma do crime não foi encontrada pela polícia e o trio não informou onde ela está.

Outros crimes De acordo com o delegado Odair Carneiro, os três autores do crime possuem passagens na polícia por envolvimento com o tráfico de drogas. Além disso, duas das vítimas, os irmãos Elenilton e Élisson, ainda segundo a polícia, eram usuários.

“Os três também são suspeitos de outros cinco homicídios na região, que estão sendo apurados pela Delegacia Central (DH). Geovane solicitou providências e Geraldo e Erivon efetuaram os disparos. As investigações dão conta também de um outro envolvido no crime, e a qualquer momento ele será preso", disse.

O delegado informou ainda que a função de Geovane no crime foi mostrar onde era a casa e ficar de vigia, enquanto Elenilton e seu irmão eram assassinados. A morte da irmã, Evelin, não foi planejada e ocorreu apenas porque ela estava no local na hora do crime, segundo a polícia.

Os três seguem presos no DHPP e serão encaminhados para o sistema prisional.

* Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro