Pequenas harmonizações da vida adulta

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  • Paula Theotonio

Publicado em 17 de outubro de 2021 às 16:00

- Atualizado há um ano

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Enquanto realizava meu trabalho de embaixadora do Festival Sabores de Juazeiro, norte da Bahia, me dei conta de algo revelador. Por não contemplarem a saborosa culinária afetiva do dia a dia, as indicações de harmonização nas fichas técnicas dos vinhos podem estar afastando muitos consumidores. 

Afinal, quem é que come um boeuf bourguignon, embutidos ou queijos semi-duros todos os dias? Nessa economia? 

É claro que essas descrições servem para fazer o consumidor pensar, fazer correlações, mas também relegam ao vinho a posição de bebida de um “momento especial”. Inclusive vinhos de entrada, que custam em torno de R$ 30, acabam reforçando essa ideia. 

Hoje eu vejo que uma tacinha de vinho consumida em moderação pode, na verdade, emprestar um pouco de bossa àquela refeição com comida regional ou um lanche descompromissado de quarta-feira. 

Pensando nisso, fiz uma lista de estilos de vinhos que abriria para acompanhar diversos estilos de prato. Não quero falar na harmonização perfeita, mas em combinações harmoniosas e que não vão estragar sua refeição.

Revisão de harmonização

Comidas salgadas deixam os vinhos menos ácidos, menos secantes, mais frutados e encorpados. A carne de sol, por exemplo, deve receber um vinho mais potente, seco e ácido, porque seu teor de sal vai equilibrar tudo;   Comidas ácidas deixam os vinhos menos ácidos, menos tânicos, mais frutados e doces. Um macarrão ao molho vermelho também vai pedir por um vinho com acidez e taninos mais elevados. O ideal, aqui, é equiparar a acidez para o vinho não perder sua exuberância; Para pratos cremosos de peixe e frango, opte por um Chardonnay com amadurecimento em barricas de carvalho. Comidas apimentadas, como acarajé, não dão certo com vinhos mais alcoólicos ou tânicos, pois aumenta a sensação de ardência. Vinhos levemente adocicados, frutados, com boa acidez e/ou de baixo teor alcoólico combinam melhor; Vinhos leves e frutados como o Aventura Pinot Noir Unoaked vão bem com frituras com carne e pratos mega regionais, como buchada e sarapatel Comidas doces deixam os vinhos mais ácidos, mais secos e menos doces. Um vinho branco seco ácido e mais herbáceo fica intragável com bolo com cobertura. Por isso, nestes casos, a bebida deve ser igualmente doce ou até mais doce que a comida. Geralmente indicamos um vinho fortificado doce ou um vinho licoroso, de colheita tardia; Vinho do Porto fica delicioso com sobremesas à base de chocolate Comidas gordurosas, como uma moqueca ou uma fritura, pedem vinhos com maior acidez, que ajudam a “cortar” a sensação de gordura e limpam o palato; Vinhos menos alcoolicos e elaborados com a uva Primitivo vão bem com pratos apimentados com carne vermelha, como é o caso da pizza com molho barbecue Taninos dos vinhos tintos adoram as proteínas das carnes mal passadas, mas odeiam frutos do mar, criando um sabor metalizado na boca. Cuidado só com carnes queimadas ou muito tostadas, pois o amargor será acentuado pelos vinhos com muitos taninos; Alvarinho gera vinhos frutados e com acidez destacada, ideal para acompanhar peixes, frituras e pratos com dendê Comidas amargas (berinjela, rúcula) aumentam a sensação de secura e amargor em vinhos tintos. Vinhos menos tânicos e mais frutados ajudam a balizar; Um espumante Brut rosé acompanha comidas de dendê e também uma boa feijoada Comidas ricas em umami (yakisoba, parmesão, cogumelos) aumentam a acidez e adstringência de vinhos. Escolha vinhos com taninos médios a baixos, acidez média e bastante frutados.  Aurora Colheita Tardia é ideal para acompanhar bolos e um bom pudim Vamos aos pratos?

Acarajés; pratos/petiscos com dendê (Moqueca, Bobó); batata-frita; frituras veganas, com peixe ou queijo; peixes de rio ou mar, frutos do mar grelhados ou ensopados e sushi Espumantes brut branco ou rosé, brancos de Sauvignon Blanc, Alvarinho e Riesling e rosés mais clarinhos.

Pratos à base ou recheados com carneiro, bode ou carne de sol (Escondidinhos, Baião de Dois, Pizza de Carne de Sol) Tintos portugueses do Dão, Douro e Bairrada; Carignan/Cariñeña, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc do sul do Brasil, Syrah do Vale e de Minas Gerais; Malbec argentino. Cuidado com o vinagrete!

Croquetes, pastéis e coxinhas recheadas de carne vermelha; Buchada; Sarapatel; coração de galinha e Yakisoba com carne vermelha Carménère, Merlot brasileiro, País (Chile), Pinot Noir e Bonarda. Cuidado com a pimenta! 

Feijoada Espumante brut rosé;

Pizza de frango, Strogonoff de frango e peixes gordurosos com molhos cremosos Chardonnay ou Semillon com passagem por barrica de carvalho.

Pizza apimentada Riesling ou tinto leve, elaborado com Merlot, País (Chile), Pinot Noir e Bonarda. 

Pizza agridoce Se for com carnes e embutidos, um Primitivo da Puglia. Se for uma pizza com frutas e outros ingredientes salgados, um branco meio seco.

Bolos, tortas, pizzas e crepes doces com chocolate, além de torta búlgara Porto Ruby;

Bolos sem chocolate Espumante moscatel brasileiro ou um vinho branco adocicado, de colheita tardia;

Pudim Vinho licoroso ou um moscatel de setúbal.