Pesquisa com Annita, possível remédio contra covid-19, é aprovada

Ministério da Saúde deu parecer favorável ao desenvolvimento de estudo com vermífugo

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  • Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2020 às 19:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Neila Rocha/MCTIC

A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão do Ministério da Saúde, aprovou o desenvolvimento de uma pesquisa para o tratamento de pacientes com covid-19 com a nitazoxanida 600 mg - um vermífugo conhecido pelo nome comercial Annita.

A droga foi apontada como o 'remédio secreto' que Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, mencionou na quarta-feira (15) como aposta para encontrar uma cura para a doença causada pelo novo coronavírus. 

O parecer favorável da Conep foi dado na última terça-feira (14), segundo o UOL, e refere-se a uma pesquisa solicitada pelo médico Florentino Cardoso, diretor executivo da Hospital Care. A rede de hospitais é pertencente à antiga Bozano (atual Crescera), gestora de "private equity" que, até 2018, tinha Paulo Guedes, o atual ministro da Economia, como sócio.

O Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP), uma das unidades da holding Hospital Care, foi escolhido como local onde os testes serão realizados. A patrocinadora do estudo é a Farmoquímica, laboratório do Rio de Janeiro que fabrica o Annita.

O estudo prevê ensaio clínico com 50 pessoas, com "duração de aproximadamente 21 dias por participante". Deste tempo, 07 dias são de tratamento/acompanhamento e 14 dias de follow-up clínico. Todos devem ser pacientes infectados com a covid-19 e em estado não-crítico. Uma parte deles receberá a nitazoxanida 600 mg e outro grupo, um placebo. A previsão é que a pesquisa seja finalizada em setembro.

De acordo com o anúncio de Marcos Pontes na quarta, os testes in vitro com o remédio "secreto" demostraram ter 94% de eficácia em combater a infecção causada pelo novo coronavírus Sars-Cov-2. Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), serão testados cerca de 500 pacientes em cinco hospitais militares no Rio de Janeiro, em um hospital em São Paulo e em um hospital em Brasília.

Ainda com informações do MCTIC, o remédio não causa efeitos colaterais graves, ao contrário de outros em estudo contra o novo coronavírus. Porém, médicos alertam que todo medicamento pode ter efeitos colaterais e que não se deve fazer automedicação com Annita para tratar covid-19.

Luiz Henrique Mandetta, até então, ministro da Saúde, deixou claro na quarta-feira (15) que o fato da droga ser eficaz in vitro não significa que ela poderá combater o coronavírus no corpo humano.