Petroleiros da Refinaria Landulpho Alves cruzam os braços por 72h

4 mil deles paralisaram atividades às 12h; Exército monitora saída de caminhões

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  • Nilson Marinho

Publicado em 30 de maio de 2018 às 17:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Polícia do Exército atua na porta da Rlam para garantir saída e entrada de caminhões (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Pelos próximos três dias, cerca de 4 mil empregados de forma direta e indireta da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em São Franscisco do Conde, Recôncavo baiano, ficarão de braços cruzados contra a atual gestão de Pedro Parente à frente da Petrobras, e em apoio ao movimento dos caminhoneiros.

A categoria e a petrolífera não souberam informar o impacto da paralisação, iniciada por volta do meio dia desta quarta-feira (30), na produção do refino do petróleo - ele é usado na produção de combustíveis como a gasolina. A Rlam é responsável por 99,32% do refino no estado.

Embora as atividades tenham sido paralisadas, caminhões carregados de combustível devem continuar saindo da refinaria escoltados pelo Exército. Os militares cumprem o decreto presidencial de liberar as estradas que estão intertidadas pelos caminhoneiros que permanecem em protesto há dez dias.

Contingência Segundo a assessoria da Petrobras, em algumas unidades operacionais da estatal na Bahia não houve troca dos trabalhadores de turno. Além disso, equipes de contingência estão atuando para que não haja impacto na produção.

Na manhã desta quarta, parte da categoria se concentrou em frente ao prédio da Petrobras, na Avenida ACM, no Itaigara. Cerca de 200 trabalhadores pediram a saída do presidente da estatal, Pedro Parente, e são contra, também, a privatização de quatro refinarias, entre elas a Landulpho Alves.

O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi, informou ao jornal Estadão que a categoria não prevê falta de combustíveis por conta da paralisação. "Não haverá desabastecimento no País por conta da greve dos petroleiros. Os estoques estão cheios e não vamos parar a produção. Porém se nada for feito até o dia 12 de junho a FUP e seus sindicatos filiados vão declarar parada por tempo indeterminado", avisou.

"Pedimos à população nesse momento que se una à greve dos petroleiros, porque é possível sim baixar o preço do diesel, da gasolina e do gás de cozinha", afirmou Zanardi na porta da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no estado do Rio.

Reivindicação Ao CORREIO, o diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), Radiovaldo Costa, informou que além das duas pautas de reivindicação, os trabalhadores também pedem a redução dos preços dos combustíveis, do gás de cozinha e o fim da importação de derivados de petróleo."Queremos a saída do presidente (Pedro Parente). A sua gestão tem culminado na privatização e o que queremos é a interrupção desse processo. Queremos a mudança da política de preços dos derivados do petróleo que privilegia apenas os grandes investidores internacionais, os exportadores e aqueles que querem privatizar as refinarias", explica o diretor. De acordo com a Sindipetro, a mudança na política de preços da Petrobras, que passou a acompanhar o preço internacional do barril do petróleo e a variação do dólar, desencadeou nos aumentos sucessivos, quase que diários, da gasolina, diesel e gás de cozinha.  Entrada da Rlam, onde os trabalhadores paralisaram atividades nesta quarta (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Outro problema apontado pela categoria é a redução drástica da carga de refino do país, que processa atualmente cerca de 68% da sua capacidade. A Rlam, por exemplo, opera hoje com apenas 53% da sua capacidade."No caso do aumento do preço dos combustíveis, é importante informar que a Petrobras não está tendo ganhos significativos. Quem está ganhando com a nova política de preços são outras importadoras como Shell, Total, Texaco e Ipiranga, que têm redes de postos no Brasil”, denuncia o coordenador do Sindipetro-BA, Deyvid Bacelar.Ainda de acordo com o sindicato, além da Landulpho Alves, na Bahia, outras refinarias também podem ser privatizadas pela estatal, como a Abreu e Lima, em Pernambuco, a Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, e a Refinaria de Araucária, no Paraná. 

Estatal A Petrobras informou, por meio de nota, que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) emitiu, na noite dessa terça (29), uma decisão liminar declarando a abusividade da greve.

O pedido, ainda segundo o comunicado, foi feito pela Petrobras e pela Advocacia-Geral da União (AGU), considerando o contexto nacional e a necessidade de retomada do abastecimento de combustíveis o mais breve possível.