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Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2020 às 13:25
- Atualizado há 2 anos
Mesmo sem comprovação científica de sua eficácia contra o coronavírus, os planos de saúde decidiram seguir a mesma ideia do governo federal e aderir ao uso da cloroquina e hidroxicloroquina. Segundo reportagem do Uol, em alguns casos as empresas chegam a pressionar médicos para que receitem os medicamentos mesmo em pacientes com confirmação ou suspeita da doença que apresentam sintomas leves tomar em casa.>
Prevent Senior, planos do sistema Unimed, Hapvida, dentre outros operadores, adotam e defendem a prática.>
A orientação ocorre desde antes do protocolo lançado na semana passada pelo Ministério da Saúde para o SUS (Sistema Único de Saúde), no qual orienta a prescrição do medicamento, originalmente utilizado contra malária e outras doenças, para casos leves de covid-19. A OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda o uso da droga e suspendeu temporariamente todos os testes clínicos que conduzia com a substância na segunda-feira (25).>
A decisão da entidade foi tomada após um estudo publicado na revista médica "The Lancet", uma das mais respeitadas do mundo, indicar que a taxa de óbitos entre pacientes internados que usaram os medicamentos era maior do que a dos que não usaram. O estudo conclui que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem piorar o estado de saúde dos pacientes em vez de ajudar.>
Representantes dos planos de saúde ouvidos pelo Uol afirmam que os estudos divulgados tratam apenas de casos graves, e não os leves, como os de quem recebe a receita para tomar a substância em casa. Os planos defendem esse procedimento para quem tem os primeiros sintomas.>
Apesar de admitirem que o uso precoce dos medicamentos ainda não foi avaliado cientificamente, essas instituições defendem o protocolo e dizem que ele é seguro se feito sob supervisão médica.>
A recusa em chancelar a adoção do protocolo para receitar cloroquina e hidroxicloroquina para uso em casa na rede do SUS causou a saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde. Ele ficou menos de um mês no governo Bolsonaro. Seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, chegou a afirmar que o uso dos remédios para tratar a covid-19 em casa para casos leves poderia aumentar o número de mortes.>
Planos defendem protocolo Em resposta ao UOL, a Hapvida afirma que o uso do medicamento é uma decisão de cada médico, mas defendeu o uso da hidroxicloroquina, pois, "segundo observações clínicas, tem demonstrado resultados positivos, principalmente quando ministrado nos primeiros dias de sintomas".>
A empresa afirma que segue, "rigorosamente", as diretrizes da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Planos de Saúde).>
"Todas as alternativas objetivam alcançar o melhor resultado assistencial e a preservação da vida das pessoas. Não é opção deixar o paciente desassistido.">
Já a Unimed Brasil, que fala em nome da federação de Unimeds do país, "orienta suas Singulares e Federações a seguir as diretrizes previstas pelas associações e sociedades de especialidades médicas brasileiras, além dos protocolos aprovados pela OMS, que são orientações de tratamento que seguem os princípios da medicina baseada em evidências".>
A assessoria de imprensa ressalta, porém, que as afiliadas possuem autonomia para determinar tratamentos desde que em consonância com o Conselho Federal de Medicina.>