PM acusado de matar namorada e filho envenenados em Salvador é achado morto em hotel

Soldado Adelson tinha mandado de prisão em aberto pelos crimes; ele era primo da major Denice Santiago

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  • Bruno Wendel

Publicado em 4 de março de 2021 às 15:50

- Atualizado há 10 meses

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Foto: Reprodução Imagens de câmeras de segurança, testemunhas e a tentativa de venda de um carro da vítima. Essas e outras provas apontaram o soldado da Polícia Militar Adelson Silva Rosário como o principal suspeito de um crime que ganhou repercussão em fevereiro deste ano: mãe e filho foram mortos por envenenamento dentro de casa, no bairro de Jardim das Margaridas. Com base nas provas, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) determinou a prisão do PM. No entanto, o caso teve um outro desfecho. O policial foi achado morto nesta terça-feira (2) dentro de um hotel em Sergipe.

Adelson namorava, havia cerca de um mês, a técnica em enfermagem Valdice Maria Cabral da Silva, 47 anos, e por isso tinha acesso livre ao apartamento dela, onde morava com o filho, Gabriel Cabral da Silva, 5. Os corpos da mãe e da criança foram encontrados dentro do imóvel no dia 11 de fevereiro. Em nota enviada ao CORREIO nesta quarta-feira (4), a Polícia Civil informou que Adelson era o principal suspeito dos assassinatos de Valdice e do filho dela.

“O casal havia se conhecido por um aplicativo de relacionamento, e ele foi a última pessoa que esteve com a vítima. O policial foi encontrado morto, em Aracaju, na terça-feira (2). As investigações indicam que ele cometeu suicídio”, diz nota da PC.   Com base nas provas colhidas pela PC e encaminhadas à Justiça, o juiz de Direito Paulo Sérgio Barbosa de Oliveira, do 2º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri, decretou a prisão temporária por 30 dias de Adelson por homicídio qualificado no dia 18 de fevereiro.  “Havendo indícios de autoria, segundo se infere dos depoimentos carreados ao acervo documental que integra o pedido, como também face as fotografias de fls. 43, 46, relativas as imagens geradas pelas câmaras de segurança do Condomínio Canto Belo do Aeroporto, local do fato e residência das vítimas”, diz um dos trechos da decisão do juiz, ao qual o CORREIO teve acesso. Os corpos de mãe e filho foram encontrados em apartamento e há indícios que foram envenenados (Foto: Reprodução/ TV Bahia) O corpo do policial foi encontrado por funcionários na manhã desta terça-feira (2). O corpo foi trazido para Salvador e foi enterrado nesta quinta-feira (4), no cemitério Campo Santo, na Federação. O policial é primo de major Denice Santiago, criadora do Ronda Maria da Penha.

Em seu perfil de conta no Instagram, ela escreveu: “Entendo a sua escolha. Preciso entender, talvez tenha sido teu jeito de pedir perdão, de dizer que se arrependeu mas preferiu acreditar que já tinha acabado a estrada ou o combustível para voltar”. O CORREIO não conseguiu entrar em contato com a major Denice.

Vídeo   O corpo de Adelson estava um dos quartos do Hotel Malibu, situado na Rua Antônio Andrade, bairro de Coroa do Meio, em Aracaju. Segundo a Polícia Militar, ele era lotado na 37ª Companhia Independente (Liberdade) e estava de férias.   Logo após a notícia de sua morte do PM se tornar pública, um vídeo de Adelson começou a circular em grupos de aplicativo de policiais. Ele aparece sem camisa e, ao fundo, uma parede branca. A gravação teria sido recente, pois tem um tom de despedida e desculpas. No depoimento, de pouco mais de um minuto, ele faz um pedido para que tomem conta de seus filhos e em terceira pessoa, fala dele mesmo dizendo “Adelson descobriu há pouco tempo que há uma pecinha quebrada dentro dele ... não tem reparo”.  Carro  De acordo com o processo que apura as mortes de mãe e filho, depois do crime, Adelson tentou vender o carro da técnica de enfermagem Valdice Maria.

Os corpos da técnica em enfermagem e de Gabriel foram encontrados no dia 11 de fevereiro em estado avançado de decomposição no interior do apartamento 504, do Edifício Patativa, situado no Condomínio Canto Belo Aeroporto, bairro Jardins das Margaridas. Mãe e filho foram vistos pela última vez com vida no dia 8 do mesmo mês pelos vizinhos, antes que eles sentissem o cheiro de decomposição vindo do apartamento. Moradores afirmaram que, a princípio, estranharam a ausência de Valdice e Gabriel, que sempre passavam juntos nas áreas comuns do prédio, e ficaram ainda mais preocupados com eles depois de notar o odor vindo do local.  

No dia, apesar de um cenário ainda incerto, a polícia revelou investigar a possibilidade de que eles tivessem sido mortos por alguém com permissão para estar no apartamento.