PM que matou juiz em briga de trânsito no Iguatemi vai a júri popular hoje 

Julgamento acontece oito anos depois do crime

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  • Da Redação

Publicado em 27 de março de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

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Quase oito anos após matar a tiros o juiz Carlos Alessandro Pitágoras Ribeiro em uma briga de trânsito, o soldado da Polícia Militar Daniel dos Santos Soares vai a júri popular às 8h desta terça-feira (27) no Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré.

O PM foi indiciado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por homicídio doloso qualificado e porte ilegal de arma. Ele alega legítima defesa, mesma conclusão do inquérito policial. 

O crime aconteceu em frente do Centro Empresarial Iguatemi, no dia 10 de julho de 2010, quando o soldado e o juiz tiveram uma discussão no trânsito, próximo ao Shopping da Bahia, em Salvador.

Segundo o relato do procedimento investigatório, Daniel e Alessandro pararam simultaneamente os carros em local proibido e desceram dos carros armados. Daniel fez dois disparos em Carlos Alessandro, que morreu antes de ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O juiz foi atingido no abdomên e no ombro.

O policial militar teve a prisão preventiva decretada em outubro, a pedido do MP-BA - ele se entregou no dia 6 daquele mês. A primeira audiência do caso ocorreu em 4 de novembro de 2010. Mas, em 29 de novembro de 2010, o PM teve a prisão revogada por decisão judicial. Em 9 de junho de 2011, o juiz Ernani Garcia Rosa, da 2ª Vara Criminal, decidiu que o PM seguiria para júri popular. 

Encapuzado A reconstituição do crime durou mais de sete horas e ocorreu no início de setembro de 2010 - o PM acusado do crime chegou encapuzado para a reconstituição por volta das 2h. Colaboraram com o trabalho dos peritos ainda duas mulheres que passavam pelo local no momento do crime e quatro policiais militares que chegaram após o juiz ter sido baleado.

À época, parentes disseram que o magistrado abordou o policial depois de ter visto o Kia Sephia do soldado fazendo manobras perigosas na via. Daniel estava fardado, deixando o trabalho na 35ª CIPM (Iguatemi), onde era lotado.

O juiz então saltou do carro e caminhou na direção com uma pistola. O soldado teria pedido que ele parasse, mas, como não foi obedecido, atirou duas vezes, atingindo o juiz.

Antes de chegar ao Iguatemi, o juiz Alessandro Pitágoras almoçou na casa de um amigo, funcionário do Tribunal de Justiça, no Barbalho. 

Daniel admitiu ter mudado o corpo do juiz de posição, alegando que tentou prestar socorro à vítima. Ele também recolheu, sem autorização, uma pistola 9 milímetros, que, segundo ele, estava sendo usada pelo juiz.

“Ele pegou a arma, alegando que havia muitos curiosos no local e, por isso, um novo acidente poderia acontecer”, diz a juíza Nartir Dantas Weber, presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), que acompanhava as investigações.