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Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2020 às 08:26
- Atualizado há 2 anos
Três policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público estadual por crimes de tortura cometidos contra um adolescente de 16 anos, no dia 2 de fevereiro deste ano, nas proximidades da subestação de energia elétrica no bairro de Paripe, em Salvador. >
Conforme a denúncia, a vítima conversava em via pública com amigos, quando o grupo foi abordado “com truculência’ pelos PMs. Após afirmar que não era “bandido”, o adolescente foi agredido por um dos policiais com socos, pontapés e palavras “racistas e injuriosas”, com consentimento dos outros dois PMs. As agressões foram filmadas com um telefone celular por uma pessoa integrante do movimento de luta pela igualdade racial. Foto: Bruno Wendel/Arquivo CORREIO Segundo a denúncia, os PMs constrangeram a vítima, valendo-se de sua autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação e como forma de aplicar castigo pessoal. As práticas criminosas e respectivas penas estão previstas na Lei 9.455/1997.>
Na época, o adolescente negro de 16 anos agredido com murros e chute, além de insultos racistas, disse estava com medo de sair de casa e se sentia ameaçado. "Não me sinto mais à vontade para usar [o black power]", disse o jovem ao CORREIO.>
Logo após o incidente e ainda bastante assustado, o adolescente conversou com a reportagem do CORREIO e disse temer uma reação do PM, que na ocasião ainda não havia sido identificado. "Me sinto ameaçado, se ele [o PM] vai querer me pegar por causa do vídeo, fazer maldade comigo". Ele usava o cabelo black há pelo menos um 1 ano e foi a primeira vez que foi discriminado.>
"Você pra mim é um ladrão. Você é vagabundo! Essa desgraça desse cabelo. Tire aí [o chapéu], vá! Essa desgraça aqui. Você é o quê? Você é trabalhador é, viado?", disse o PM ao jovem. Na ocasião, o governador Rui Costa pediu punição a PM que agrediu adolescente: 'caso isolado'>
A ação foi gravada no di 2 de fevereiro, de dentro de um imóvel, em Paripe, no Subúrbio Ferroviário, sem que os policiais envolvidos na abordagem percebessem, e divulgadas nas redes sociais na tarde da segunda-feira seguinte (3).>
Ele relembra que no dia da abordagem tinha levado uma amiga de sua namorada no ponto de ônibus. "Parei para conversar com um colega que tava de carro. Foi quando a viatura veio e fez a abordagem. Deu chute primeiro na perna do meu colega e depois veio para cima de mim. Falou que eu era vagabundo com esse cabelo aqui, ladrão". >