Polícia prende suspeito de matar taxista a facadas

Suspeito, que na época era adolescente, havia acabado de ser liberado da Central de Flagrantes

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  • Tailane Muniz

Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 14:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Almiro Lopes/CORREIO

Armado com um facão, Ângelo Roberto de Andrade Sales, 18 anos, foi preso na manhã desta quinta-feira (21), no bairro de São Cristóvão, em Salvador. Ele estava acompanhado da namorada, uma adolescente de 14 anos, que foi apreendida e encaminhada à Delegacia do Adolescente Infrator (DAI). Segundo a polícia, eles se preparavam para roubar.

Conforme a Polícia Civil, ele estava acompanhado da mesma adolescente quando, em julho deste ano, esfaqueou o taxista Rafael Mateus Santos, 30, durante um assalto na praça do pedágio, em Ipitanga, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Ferido em várias partes do corpo, o taxista foi socorrido para o Hospital do Subúrbio mas morreu cerca de 20 dias depois.

Conforme a Comissão dos Taxistas da Bahia e a Associação Geral dos Taxistas (AGT), pelo menos 11 taxistas foram assassinados em Salvador e RMS este ano. 

Apresentado à imprensa nesta sexta-feira (22), ele contou que não pretendia matar a vítima, mas que usou a faca depois que Rafael reagiu. Na noite do dia em que matou o taxista, Ângelo, que tinha 17 anos, havia acabado de ser conduzido à Central de Flagrantes por ser flagrado por policiais militares portando uma faca, na região do Shopping da Bahia. 

"Eles me levaram mas eu não fiquei nem 20 minutos lá. Depois que saí, passei ali no GBarbosa e furtei uma outra faca", relatou ele, acrescentando que não tinha chegado a roubar ninguém antes de ser apreendido. De acordo com o titular da 12ª Delegacia (Itapuã), Antônio Carlos Magalhães Santos, Ângelo foi liberado pois, de acordo com ele, a polícia não poderia mantê-lo detido. "Havia um objeto perfurocortante sob sua posse mas isso não configura um crime, isso pode explicar a liberação", afirmou ao CORREIO.

Latrocínio Após sair do mercado, já com uma nova faca, Ângelo e a namorada foram até o ponto de ônibus em frente à Igreja Universal, na Avenida ACM, onde resolveram que roubariam um taxista. "Eu não tinha dinheiro pra voltar pra casa, já era tarde. Ficamos lá, aí ele passou e eu coloquei a mão. Ele parou e nós dois entramos e sentamos no banco de trás", relatou o preso, acrescentando que pretendia chegar à casa da mãe, em Simões Filho, na RMS.

Em interrogatório à polícia, ele contou que Rafael seguiu todo percurso sem desconfiar de nada."Quando chegou na rotatória de São Cristóvão, eu dei a voz [de assalto]. Pedi pra ele seguir, que eu não ia fazer nada com ele. Peguei R$ 30 dele, mas quando chegou um pouco antes da cabine do pedágio, ele parou o carro e abriu a porta. Foi quando dei a primeira facada na perna dele", disse Ângelo, que, após anunciar o assalto, passou para o banco carona do veículo, um táxi modelo Spin.Para tentar se defender, Rafael ainda conseguiu pegar a faca da mão do suspeito e o atingir na perna, mão e costas. "Minha namorada chegou a morder ele, mas ele também acertou uma [facada] nela, porque ela estava de costas". Ângelo e a namorada conseguiram fugir por um matagal e chegar até a região de Areia Branca, onde utilizaram o dinheiro roubado do taxista para pegar uma condução até o Hospital Municipal de Simões Filho.

Segundo a polícia, na época do crime, testemunhas relataram que o veículo da vítima parou de forma brusca próximo à praça de pedágio da Concessionária Bahia Norte. Em seguida, teriam visto Rafael, o homem e a mulher descerem do carro. A faca do crime foi deixada no local. 

Embora tenha afirmado ao CORREIO que se arrependeu de ter matado o taxista, segundo o delegado Antônio Carlos Santos, Ângelo e a namorada se preparavam para roubar, na região central do bairro de São Cristóvão, quando foram capturados por policiais. "Mais uma vez estavam armados com uma faca. Ele diz que só cometeu esse roubo junto com ela, mas nós vamos investigar se existem outros", disse o delegado.

Ângelo vai responder por latrocínio. A pena pode variar entre 20 e 30 anos de prisão. Já a adolescente, de acordo com o delegado Antônio Carlos, foi ouvida e liberada. O CORREIO tentou contato com a titular da DAI, delegada Ana Virgínia Cavalcante, mas não obteve retorno.