Policial civil morto em acidente é enterrado com salvas de tiros e outras homenagens

Yago foi a terceira vítima de um acidente ocorrido na BA-233

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  • Bruno Wendel

Publicado em 18 de fevereiro de 2022 às 15:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Posicionados no trajeto do cortejo, policiais do Centro de Operações Especiais (COE) efetuam três tiros de balas de festim para o chão. Em seguida,  um oficial do Exército Brasileiro iniciou o toque do silêncio, para então o caixão com a bandeira da Polícia Civil seguir para o sepultamento na manhã desta sexta-feira (18). Com honras Era o adeus ao investigador Yago da Franca Sousa Avelar, de 39 anos. 

Yago foi a terceira vítima de um acidente ocorrido na BA-233, no último dia 4, entre as cidades de Itaberaba e Ipirá, na região na Chapada Diamantina. Outros dois policiais, colegas do agente, morreram no acidente, que também deixou quatro detentos feridos. As vítimas estavam em uma viatura, que capotou no dia 4 de fevereiro. As causas do acidente ainda seguem sob investigação.

Ele foi enterrado por volta das 11h no cemitério Bosque da Paz, na Estrada Velha do Aeroporto. Por conta dos protocolos da covid-19, o velório foi realizado no salão do crematório.  Homenagens foram prestadas ao policial morto durante acidente com viatura (Fotos: Arisson Marinho/CORREIO) O sepultamento contou muitos policiais civis, militares e penais. A delegada-geral Heloísa Campos de Brito lamentou a perda. "Um doce de policial. Uma pessoa muito tranquila.   Sempre prestativo com os colegas. Ele foi meu aluno na academia. Era o sonho entrar na Polícia Civil", lamentou a delegada-geral. O diretor do COE, delegado Marcos César da Silva também falou sobre a morte do policial. "É muito triste. Um cara muito jovem. Isso nos faz refletir sobre a valorização do nosso pessoal. A gente de casa, mas não sabe se volta", disse ele.  Entre as autoridades presentes, estava o secretário de Segurança Pública (SSP) Ricardo Mandarino, porém preferiu não falar. Os parentes de Yago optaram também pelo silêncio. Eles usavam uma branca com o rosto do policial na estampa. Quando não estava em serviço, o agente era professor de capoeira em Itapuã, onde morava. Ele ensinava o esporte às crianças das comunidades, como alternativa para afastá-las do caminho das drogas. "Era uma pessoa muito extraordinária. Um menino acolhedor. Ele nunca teve filhos, mas foi pai de muitos", declarou Luiz Ornelas, amigo da família. 

Homenagem Pouco mais de 150 pessoas participaram no sepultamento. No velório, a sala do crematório ficou pequena diante da quantidade de pessoas que queriam homenagear o policial e cumprimentar a família. Em um determinado momento, o som instrumental como em velórios foi substituído pelo berimbau e  pelas palmas sincronizadas. Entorno do caixão, se fez uma roda de capoeira (sem o jogo) , onde músicas do gênero foram cantadas por mestres e alunos de que conviviam com o policial em Itapuã.  Uma roda de copeira foi realizada envolta do caixão (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)  Em seguida, veio a salva de tiros que antecedeu o cortejo. Depois, o caixão foi colocado na cova.  Nesse momento, o oficial do Exército emitiu mais uma vez o toque do silêncio, indicando o fim do funeral. Posteriormente, a bandeira da PC foi entregue pela delegada-chefe à família de Yago, como mais uma homenagem pela prestação de serviço à corporação e à sociedade baiana.

Estava previsto para mãe do policial, Ana Lúcia, ou a mulher dele, receber a bandeira, mas elas estavam profundamente emocionadas. Então, no lugar delas, o irmão foi quem participou do ato.  Irmão do policial recebeu a bandeira da Polícia Civil pelas mãos da delegada-geral (Foto:Arisson Marinho/CORREIO) Yago foi aprovado no concurso de 2018 e ingressou no quadro da Polícia Civil em outubro de 2020 e foi designado para servir no Departamento de Polícia do Interior (Depin), no município de Seabra, região da Chapada Diamantina.

Médico No dia 5, a equipe médica que tratava o servidor chegou a informar à família e ao Departamento Médico da Polícia Civil sobre a morte encefálica de Yago, sendo iniciado o processo de realização do protocolo de morte encefálica, que inclui exames clínicos e complementares. Apesar disso, um falso médico passou informações não verdadeiras sobre o estado de saúde do policial para os familiares. 

O homem se passou por médico e foi preso em flagrante no último dia 8 no Hospital Geral do Estado (HGE), tinha acesso à UTI onde o policial estava internado e passou a informar aos familiares que ele estava vivo. Após a prisão do falso médico, Yago seguiu internado. Ao longo dos últimos dias, o processo de falência dos órgãos do profissional foi se agravando, culminando em sua morte, na noite de quarta (16).