Polo 41 anos: Perspectivas  e desafios

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  • Armando Avena

Publicado em 29 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Polo Industrial de Camaçari completa 41 anos e é um orgulho de toda a Bahia. É um dos maiores e mais diversificados distritos industriais do mundo, tem faturamento anual de US$ 15 bilhões, gera 15 mil empregos diretos e contribui com R$ 1 bilhão por ano na arrecadação do governo do estado. É, portanto,  fundamental para a Bahia e coloca Camaçari como o 15º  maior PIB industrial do país. Ao fazer 41 anos, desenham-se perspectivas e desafios para o principal polo industrial do Nordeste. 

 O desafio maior é manter a competitividade e para isso é urgente enfrentar questões como a redução de custos, especialmente no que se refere aos insumos e à infraestrutura.  Sobre este último aspecto, é recorrente o problema da deficiência portuária, e o Porto de Aratu, principal terminal de escoamento do polo, requer modernização urgente. 

Há anúncios de investimentos por parte do setor privado, como os da mineradora anglo-australiana Colomi Iron Mineração, que anuncia aporte de R$ 2 bilhões para a construção de um terminal, e da Braskem, uma das concessionárias do porto, que está aplicando R$ 300 milhões num novo cais para ampliar a área de armazenamento. No âmbito do setor público, a Codeba anuncia investimentos, mas na atual crise fiscal da União pouco se vislumbra. 

A questão ferroviária, por outro lado, é gravíssima, com a Ferrovia Centro-Atlântica deteriorando-se a cada dia, com investimento zero da Vale, o que confirma a tese de que a empresa tornou-se concessionária para deixar a ferrovia se deteriorar, sem enfrentar um possível concorrente. Até quando o poder público vai aceitar que a concessão fique em mãos de uma empresa que não pretende investir no bem concessionado é o que precisamos saber.

 Mas se a infraestrutura deixa a desejar, há bons sinais no que se refere à redução de custos. O preço elevado do gás natural no Brasil, hoje um dos maiores impeditivos ao aumento da competitividade do distrito, pode ser reduzido com a quebra do monopólio da produção e distribuição do produto que está em andamento. No caso da Bahia, a quebra do monopólio estadual de distribuição de gás, controlado pela Bahiagás, daria um choque de competitividade no setor, estimulando novos investimentos. No âmbito das empresas, os investimentos em práticas sustentáveis para o reuso de água e exploração de águas subterrâneas, entre outros, procuram otimizar a matriz energética e ajudam a reduzir custos.

Verticalização

Outro desafio recorrente é a necessidade de verticalizar o distrito, adensando suas cadeias produtivas. A verdade é que, 41 anos após sua implantação, o Polo continua palco do chamado turismo molecular, ou seja, insumos produzidos aqui viajam para o Sudeste e voltam como produto final, gerando valor agregado  e emprego em outros estados.   O governo do estado precisa se articular com as associações empresariais para montar uma política de adensamento de cadeias, enfocando a acrílica - para verticalizar a produção do Complexo Acrílico da Basf - , a eólica e mesmo a automobilística, que continua investindo no Brasil, mas em outros estados.

 A Fiat Chrysler, que investiu R$ 7 bilhões para montar sua fábrica em Pernmbuco, já anunciou investimentos de mais de R$ 7,5 bilhões para duplicar sua planta e assim se tornar a maior empresa automobilística do Nordeste. Nesse aspecto, a Bahia fez uma aposta errada jogando suas fichas em empresas inviáveis como a  JAC Motors e a Foton, que consumiram milhões em incentivos sem que uma pedra fosse levantada. Mas ainda há espaço, especialmente se houver a retomada da economia, para atração de fábricas de automóveis de países asiáticos interessados no mercado brasileiro.

 O avanço tecnológico é outro desafio a ser vencido, pois as empresas precisam estar alinhadas à indústria 4.0 que representa o futuro. Mas aí o Polo Industrial de Camaçari conta com um grande aliado, o Cimatec Industrial, que será inaugurado nos próximos dias e acende uma luz gigante no campeonato da modernização, abrindo espaço para um salto em direção à indústria 4.0 e às startups. 

Outros desafios se impõem e entre eles está a questão da privatização da  Rlam – Refinaria Landulpho Alves que tem fortes relações com o Polo e, na verdade, pode dar novo alento às empresas lá sediadas, já que a privatização pode garantir novos investimentos. A  modernização da refinaria abrirá a possibilidade de melhores preços nos insumos fornecidos e a abertura de novos negócios. Isso sem contar que a refinaria tem o 2º maior terminal portuário do país, o de Madre de Deus, que também deve ser privatizado e com isso abrir novas perspectivas para a logística na região.  As questões da Fafen – Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados e da Braskem, cujo processo de venda  para a holandesa LyondellBasell foi abortado, mas que deve voltar ao tabuleiro de negócios em breve, são questões que também merecem atenção.  

 Entre oportunidades e desafios, fato é que o Polo permanece como um dos esteios da economia baiana, responsável por grande parte do PIB gerado em nosso estado, e se a economia brasileira voltar a crescer, os novos investimentos vão se ampliar, aumentando o produto industrial e a geração de emprego e renda na Bahia.

Armando Avena é Economista,  consultor e colunista do CORREIO.