Prefeitura vai mapear startups de Salvador para impulsionar desenvolvimento do setor

Apesar das inovações tecnológicas impulsionadas pela pandemia, crescimento de startups desacelerou em Salvador

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 27 de setembro de 2021 às 13:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

A Associação Brasileira de Startups (Abstartups) já calcula que Salvador tenha 210 startups, atualmente. Mas isso por si só não basta. A Prefeitura de Salvador promete também mapear e desenvolver o ecossistema de inovação e empreendedorismo na cidade. O primeiro passo já foi dado na manhã desta segunda-feira (27), quando o prefeito Bruno Reis (DEM) assinou um convênio de cooperação técnica com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).  

A iniciativa terá investimento de R$ 300 mil, sendo metade da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (Semit) e o resto do Sebrae. Segundo a prefeitura, ambas instituições coordenarão o mapeamento, a ser executado pela Fundação Certi em, aproximadamente, sete meses. “Iremos mapear e apoiar as startups com projeção local e nacional. Nosso desejo é produzir soluções. Queremos uma cidade inteligente e inovadora e não há outro caminho que não seja o investimento nesse setor, que pode gerar milhares de empregos”, diz Bruno Reis.  Bruno Reis é prefeito de Salvador (Foto: Divulgação) No levantamento, a prefeitura não vai apenas contar quantas startups têm na cidade, mas criar uma base para tomar medidas mais assertivas para criação de novas políticas públicas e para impulsionar as empresas de tecnologia. A iniciativa também permitirá conhecer quais matrizes econômicas do ecossistema soteropolitano de startups estão mais fortes, assim como aquelas que necessitem de mais apoio para crescimento, como destaca Donjorge Almeida, diretor de Comunidades da Associação Baiana de Startups (Abastartups).  “Eles vão usar toda uma metodologia para fazer uma radiografia clara do ecossistema de inovação e a gente precisa disso. Hoje, Salvador tem muitas startups de educação, mas será que esse é realmente o nosso forte? Alguns dizem que é a economia criativa, a indústria do entretenimento, mas a gente não sabe. Só com essa metodologia específica que vamos poder responder qual é a nossa força”, explica.    Donjorge também apontou como pode ser prejudicial para o setor a ausência dos dados. “No Brasil, em geral, a pandemia favoreceu o surgimento de muitas startups voltadas para saúde, educação e financeiro. A gente não sabe como foi isso em Salvador. Não temos números disso”, reclama.   

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Mapeamento quer conhecer ecossistema de inovação da cidade  O mapeamento também permitirá conhecer a maturidade das startups na cidade. Para sua execução, a prefeitura promete realizar entrevistas com diversos atores do ecossistema de inovação, como empreendedores e universidades. “Temos que saber que tipo de perguntas eles vão fazer e como vai ser a abordagem. Será que eles vão perguntar quantos investimentos receberam ou quantas empresas tem diretores negros? São questões importantes”, sugere o representante da Abastartups.  

De acordo com o prefeito, o desejo da administração municipal é mudar a matriz econômica de Salvador, e a área de tecnologia e inovação tem sido uma das prioridades. Dentre as ações já realizadas ou em andamento estão o Hub Salvador, no Comércio. O local é uma estrutura colaborativa capaz de abrigar até 100 startups e oferecer orientação e investimento para essas empresas. 

Além disso, a prefeitura lista como ações na área o lançamento, em conjunto com o Sebrae, do edital para estímulo às startups; a Lei de Inovação, lançada no ano passado; e o Doca 1, polo de economia criativa em construção, também no Comércio. 

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O superintendente do Sebrae Bahia, Jorge Khoury, ressaltou que o convênio é importante por possibilitar, inclusive, novas oportunidades de emprego e renda na cidade. “Esta iniciativa vem em um momento oportuno, pois muito do que está acontecendo hoje a pandemia só fez acelerar o processo”, declarou. No entanto, apesar do período estimulador para inovações tecnológicas, de acordo com o levantamento da Abstartups, Salvador tem uma desaceleração no surgimento de novas startups.   Jorge Khoury é superintendente do Sebrae Bahia (Foto: Divulgação/ Darío G. Neto (ASN/Bahia)) Em 2017, eram apenas 110 empresas do tipo, número que saltou para 198, em 2019, e está em 210, em 2021. Para o prefeito, a crise financeira gerada pela pandemia pode ter contribuído com isso.“Não sei se podemos creditar à pandemia, mas é obvio que ela impactou todos os setores e, mesmo assim, nós conseguimos crescer timidamente em comparação com o que cresceu de 2017 para 2019. Fato é que nós podemos muito mais. Vamos ter notícias boas no futuro, eu tenho certeza”, diz.  Já Donjorge Almeida destacou que Salvador permanece na oitava colocação na lista das cidades com mais startups, sendo a primeira de todo Norte-Nordeste. “Nós conseguimos ter maturidade nas startups baianas e isso é muito importante. Elas estão faturando, tendo investimento e Salvador continua na frente, como referência”, diz.  

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Startup: o que é e como criar uma?  O requisito básico para se montar uma startup é criar uma solução para um problema de mercado, segundo o administrador Rodrigo Paolilo, coordenador da Câmara de Inovação e Tecnologia da Fecomércio-BA e um dos sócios da Rede +, empresa criada há sete anos para capacitar, acelerar e fazer mentorias de projetos e empresas que queiram investir em inovação, dentre elas, startups.  

“Primeiro, é preciso ter um problema real, muita vontade e capacidade de resolvê-lo, usando uma solução escalável e repetível, ou seja, uma startup consegue crescer de uma forma mais rápida que um negócio tradicional, em uma curva não linear, com menos esforço”, explica Paolilo. Até o momento, a Rede + acelerou 220 projetos com 40 empresas.  

Uma característica essencial das startups é trazer inovação no processo ou no produto que irá ser desenvolvido, quase sempre associado à tecnologia. O imprescindível não é ter condição financeira, desmistifica Rodrigo.“Não precisa ter dinheiro e sim tempo, muita dedicação e energia. É um negócio como qualquer outro, você pode começar do zero, mas, em algum momento, vai precisar de um montante para desenvolver a solução”, esclarece.  Por isso, além de entender o mercado, é preciso ouvir pessoas, para ajudar na resolução do desafio. “É preciso construir uma tese conversando com possíveis clientes e pessoas que entendam (do mercado), não só (fazer) por achismo e hipóteses individuais”, aconselha Paolilo. Segundo ele, a Bahia está entre os 8 estados do Brasil que mais têm startups, atrás das unidades federativas do Sudeste e Sul.