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Vinicius Nascimento
Publicado em 29 de novembro de 2022 às 06:30
- Atualizado há 2 anos
Faça um exercício mental e procure a audição às cegas de Mila Santana no The Voice Brasil. Brinque de ser jurado, feche os olhos, dê as costas para TV e escute. Certamente, a sua reação será a mesma dos quatro jurados do programa: virar e querer ver quem é a dona da voz que cantou Don't Cry Baby. A baiana de Simões Filho, dona de uma vida onde muita água já rolou, escolheu fazer parte do time de Gaby Amarantos.>
A menção às águas no parágrafo anterior não é à toa. Mila, de 31 anos, começou a cantar logo aos sete anos em apresentações da Igreja, ou mesmo em frente ao espelho de casa, na região Metropolitana de Salvador. Mas foi sobre as águas onde se profissionalizou. Em 2014, foi vista por uma agência de cruzeiros e foi convidada para rodar o mundo cantando. Aceitou. Desde então, já cantou em 38 países ao redor do mundo. Em águas internacionais. Para diversos públicos.>
A música escolhida pela cantora para começar seus trabalhos no The Voice Brasil não foi a toa. Etta James eternizou a canção, que faz parte de seu repertório que varia entre Blues, Jazz e "r&b com b de bahia", como ela mesma gosta de definir. >
"Houve uma época que achei que a música não ia vingar em minha vida. Estudava outras coisas, fiz biologia e enfermagem ao mesmo tempo que cantava em vários eventos para manter esse sonho meu vivo", conta Mila em entrevista ao CORREIO.>
Dentro dos cruzeiros, a cantora viu uma oportunidade de amadurecer sua voz e performance. Apesar de cantar muita música internacional, ela acredita que a música negra tem uma conexão universal e pontua que sempre que subiu aos palcos para cantar, era algo que tinha a sensação de fazer parte de sua própria história.>
A carga horária nos navios fez a cantora crescer para além da própria música. Era 4 horas e 30 minutos de apresentação todos os dias, durante seis meses. Durante os últimos 8 anos, usou a música como uma maneira de aprender outros idiomas, culturas, se comunicar com mundos completamente distintos do que conhecia. >
"O amadurecimento veio com a prática, repetição, aprimoramento e troca. Lá encontrei músicos extremamente experientes que me ajudaram a direcionar e criar uma identidade no meio da black music, jazz e o neosoul”, conta.>
Durante o período em que viveu na Europa, compreendeu-se uma mulher imigrante e trouxe essas experiências para sua identidade como cantora. Tudo isso sem abrir mão de elemntos da cultura da música da Bahia, mas lutando para se distanciar de estereótipos que caem nos ombros de uma cantora negra e brasileira que apenas cante axé ou samba. "Acima de tudo, sempre tentei ser eu mesma dentro do meu trabalho", explica.>
Nessa busca por si própria, ela lançou o EP Melanina, em parceria como DJ Raiz. O último single lançado foi O Seu Lugar, disponível em todas as plataformas digitais.>
A partir desta terça-feira (29) começa uma nova fase no programa. Agora, os técnicos Gaby Amarantos, IZA, Michel Teló e Lulu Santos precisam reduzir seus grupos e, para isso, formam quartetos, que vão se enfrentar em números solos – um quarteto de cada time em cada programa da nova fase. >
Mila se diz confiante e, acima de tudo, grata pela vitrine que está recebendo dentro de seu país. "Tem sido muito bom participar disso tudo, estar ali de frente para os jurados, o frio na barriga com o público. É uma oportunidade de aprender cada vez mais", conta. De cada grupo que se apresenta, o técnico salva duas vozes. As outras duas ficam disponíveis para o “Peguei”, o que deixa esta fase da competição ainda mais emocionante. Cada técnico terá direito a dois “Pegueis” e os times terminam o ‘Tira-Teima’ com oito vozes, cada.>
Confiante no entrosamento com Gaby Amarantos, a cantora baiana quer seguir a sua trajetória no programa e em mares para além da televisão. O fato é que ela já é motivo de orgulho dentro de casa e para toda a Simões Filho - ganhou até outdoor em agradecimento por levar o nome da cidade para o Brasil. Mila ainda vai navegar -e cantar- um bocado.>