Preso 5º suspeito de participar da morte de advogado em Santo Amaro

Ex-mulher é apontada como mandante do crime, o que ela nega

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  • Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2019 às 21:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Foi preso nesta terça-feira (6), em Feira de Santana, Alisson Alves Brito, o Bebezão, suspeito de participar da morte do advogado Julio Zacarias Ferraz, que aconteceu em janeiro deste ano em Santo Amaro. Alisson foi detido durante a operação Viúva Negra, comandada pela 3ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin).

O corpo do advogado foi encontrado em um terreno na zona rural de Santo Amaro em 19 de janeiro. A ex-mulher Gláucia Mara Ottan Machado Ferraz é apontada como mandante do crime, o que ela nega. Além dela, Cleidson Marques Vasconcelos, Maria Luiza Borges do Carmo e Carlos Alberto Martins Silva também tiveram participação na morte, diz a polícia, e foram indiciadas.

Participaram da operação equipes das delegacias de Amélia Rodrigues e Conceiçaõ do Jacuípe. Alisson será encaminhado para o sistema prisional e fica à disposição da Justiça. A polícia não esclareceu qual a participação dele no crime.

Crime A servidora aposentada do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) Glaucia Mara Ottan Ferraz, 47 anos, suspeita de encomendar a morte do ex-marido, o advogado Júlio Zacarias Ferraz, 43, já teria dopado ele antes, para obrigá-lo a assinar um documento, abrindo mão dos bens do casal: salas comerciais, um apartamento em Feira de Santana, um flat em Barra do Jacuípe e dois carros. A informação foi dada pelo irmão da vítima, Bráulio Ferraz.  (Foto: Reprodução) Segundo Bráulio, o envolvimento da ex-cunhada na morte do advogado não causou surpresa na família pelo histórico dela de ameaças. De acordo com ele, a mulher já agrediu a vítima anteriormente e também teve um casamento conturbado com ele."Já tínhamos grande desconfiança dela. Até porque, ele já tinha sofrido ameaças e contado à família. Ela havia dito para ele que, se não recebesse a pensão dele pelos trâmites do divórcio, receberia pelo INSS, pela morte dele", informou. "Não me surpreendi com a confirmação de que foi ela. Na nossa família já tínhamos desconfiança que fosse ela. Eu e meu pai, que também somos advogados, já havíamos pedido para ele voltar, para trabalhar com a gente em Vitória da Conquista, mas ele alegou que não poderiam largar tudo o que havia construído até essa etapa da vida dele", completou Bráulio.

"Desde o início da investigação, a própria família e colegas de trabalho do advogado acreditaram que tinha a participação da ex-mulher. Ele mesmo teria relatado, durante a vida, que ela poderia atentar contra a vida dele", disse o delegado Roberto Leal. Júlio sumiu no dia do seu aniversário e foi encontrado morto 21 dias depois (Foto: Reprodução) Segundo a polícia, Glaucia, para resolver a situação da partilha de bens do casal, teria contratado dois homens para matar o advogado. Cada um deles recebeu R$ 2 mil - os criminosos ainda não foram localizados pela polícia.

No dia em que sumiu, Júlio foi à casa de Glaucia para comemorar o aniversário do filho caçula do casal, de 11 anos. Também era aniversário dele. Um porteiro que trabalhava no dia do sumiço foi ouvido e relatou que o advogado chegou ao apartamento, mas não foi embora.

"Por conta das suspeitas levantadas, começamos a ouvir pessoas próximas a Glaucia. O porteiro dela, por exemplo, disse que viu o advogado entrando no prédio, mas não viu saindo. Posteriormente, ela deu diversas declarações contraditórias e, em uma delas, afirmou que não tinha empregada. Mas todas as outras testemunhas diziam que o casal tinha", explicou o delegado.

Empregada admite participação Em depoimento à polícia, a empregada doméstica confirmou que contratou os executores, mas negou que tenha recebido recompensa em dinheiro para participar do crime. Segundo Maria Luíza, ela cedeu à pressão de Glaucia por medo. "Ela disse que foi ameaçada de morte para contratar os homens", explica o delegado. Empregada doméstica da ex-mulher também foi presa (Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade) Má fama De acordo com o delegado, Glaucia já é figura conhecida em Feira de Santana, por ter se envolvido em outros casos policiais. "Ela é envolvida em queixa de ameaça e tem problemas com professoras de escola do filho dela", disse Leal.

Além disso, a ex-mulher do advogado ficou conhecida como "falsa juíza" em maio de 2018. Ela se aposentou em agosto de 2014 mas, durante a paralisação dos caminhoneiros, que causou um caos no país e fez com que a população disputasse o que sobrou de gasolina nos postos de combustíveis, Glaucia tentou passar na frente de outras pessoas que estavam em uma fila de um estabelecimento de Feira de Santana, se passando por juíza.

Relembre o caso O corpo do advogado Júlio Zacarias Ferraz foi encontrado na localidade de Oliveira dos Campinhos, em Santo Amaro, no Recôncavo da Bahia, sem roupas, com as mãos amarradas e com duas perfurações de tiros, no dia 5 de fevereiro deste ano, 21 dias após ser dado como desaparecido.

A Polícia Civil informou que o corpo do advogado estava no Instituto Médico Legal (IML) de Santo Amaro desde o dia seguinte ao desaparecimento, mas somente foi reconhecido dias depois, após ser localizado pela família. 

Júlio foi enterrado na cidade de Vitória da Conquista, no Sudoeste baiano, onde os parentes dele moram.