Primeiro soteropolitano viúvo se torna padre em Salvador

Diácono Heldo Jorge dos Santos Pereira foi ordenado padre neste sábado (5); filhos relatam 'orgulho'

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  • Eduardo Dias

Publicado em 5 de outubro de 2019 às 15:27

- Atualizado há um ano

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. por Tiago Caldas/CORREIO

Para se tornar padre, segundo o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil Dom Murilo Krieger, é necessário que a pessoa tenha qualidades físicas, espirituais e intelectuais adequadas, além do chamado da Igreja. De todos esses requisitos, o diácono Heldo Jorge dos Santos Pereira, de 75 anos, preenche também o fato de ter formação em Filosofia ou Teologia.

Mas, o que mais chama a atenção é o fato de Heldo ser o primeiro soteropolitano viúvo a se tornar padre em Salvador. Há registros de outro padre viúvo na capital. Trata-se do padre Roque Lé de Almeida, mas que veio transferido do Rio Grande do Sul. 

Desde que sua esposa Lilia Maria de Araújo faleceu, em 2006, o desejo dele de se tornar padre veio à tona. Para seus filhos, um passo importante para a vida sacerdotal do então diácono foi dado hoje, quando ele recebeu das mãos de Dom Murilo Krieger, em missa de cerimônia na Catedral Metropolitana Transfiguração do Senhor, no Terreiro de Jesus, lotada de fiéis, a Ordenação Presbiteral.

O chamado de Deus para a vida sacerdotal fez com que Heldo, viúvo há 13 anos, se dedicasse mais à igreja. Mas, esse fator não preocupa os filhos do agora padre em relação à sua convivência com a família.

“Sempre foi um desejo dele de servir, é um sonho que se realiza. Que Deus tenha misericórdia e dê muita coragem no caminho da santificação dele. Para a família, agora temos a certeza que temos alguém para orar com mais forçam por nós. É um desejo que ele sempre teve no coração. A chama dentro dele nunca se apagou”, afirmou o filho primogênito, Ricardo Pereira, 53, que acompanhou a cerimônia ao lado dos irmãos, filhos e sobrinhos.

Filho do meio, Heldo Jorge Jr., herdou não só o nome do pai, mas também a fé católica. Para ele, ter um pai como padre a partir de agora é uma forma de que os desejos e as aspirações podem ser conseguidos com dedicação, resiliência e adoração.

“É um grande exemplo. Não vai mudar muita coisa, mas é, sim, um motivo de orgulho para nós. Ele sempre teve muito perto da igreja, nós filhos estudamos todos em colégios católicos e ele sempre foi muito presente com a igreja. Deus opera por linhas tortas, talvez o falecimento da nossa mãe tenha aguçado um pouco mais o desejo dele. Tem o nosso total apoio”, revelou.

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Amizade e fidelidade Frequentadora assídua da Paróquia Ressurreição do Senhor, em Ondina, a oficial de justiça Cleia Ferreira, 66, é amiga de Heldo há 43 anos. Ela afirma não se importar sobre o fato do agora ordenado padre Heldo já ter sido casado no passado. Segundo ela, o motivo não influirá a cabeça das pessoas.

“É um passo muito bonito que ele dá na vida, acompanho a vida dele há bastante tempo. Somos amigos. Fiquei muito feliz quando ele me convidou para participar dessa ordenação. A esposa dele era uma pessoa altamente religiosa, acredito que isso não vá influir a cabeça das pessoas. Eu fiquei muito feliz por ele, acredito que ele vai desempenhar muito bem essa função na igreja”, explicou.

Já o militar da reserva e ex-vizinho de Heldo, Gustavo Jonde Monteiro abriu mão de participar de uma prova de triátlon que iria disputar neste sábado em Vitória da Conquista para prestigiar a cerimônia de ordenação presbiteral do amigo. Ele defende a ideia de que os padres deveriam casar para entender a realidade dos fiéis com quem convivem.

“Ele sempre foi uma pessoa religiosa. Depois que ele ficou viúvo, isso foi fortalecido mais ainda. Ele ganhou mais experiência, sabedora para evoluir ainda mais na vocação dele. Sempre defendi que os padres deveriam se casar, é uma boa experiência para entender a realidade de seus fiéis”, completou.

Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier