'Prioridade é preservar vidas', diz Rui em Coronel João Sá

Governador falou de risco de novos casos: 'Na hora que rompe uma, você tá rompendo tudo'

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  • Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2019 às 19:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Manu Dias/GovBa

O governador Rui Costa chegou à cidade de Coronel João Sá no fim da tarde desta sexta-feira (12) para ver de perto os estragos casados pelo rompimento da barragem do Quati, na vizinha Pedro Alexandre, ontem. Rui afirmou que a prioridade do governo nesse momento "não pode ser outra senão preservar vidas humanas". Providências em relação às estradas, casas e outros prejuízos serão avaliadas apenas quando a chuva parar, disse o governador.

Acompanhado do secretário de infraestrutura do Estado, Marcus Cavalcanti, e do secretário de saúde, Fábio Vilas Boas, o governador visitou as ruas afetadas, conversou com o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Francisco Teles, e se reuniu com o prefeito de Coronel João Sá, Carlos Sobral.

"De imediato, até a chuva parar, nossa preocupação não pode ser outra senão preservar vidas humanas. Todas as outras questões nós vamos ver depois da chuva parar. Aí vamos ver o que vai fazer de estrada, de recuperação de casas, ver as pessoas desobrigadas, tentar ajudar as pessoas a comprar seu mobiliário. Mas de imediato não podemos desviar o foco, de imediato é monitorar tudo que tá acontecendo aqui em Pedro Alexandre, na região, para evitar acidente com as pessoas", disse Rui.

O governador afirmou que Quati não se trata propriamente de uma barragem.  "Essas outras são barramentos, alguns chamam de passagem molhada, outros chamam de açude, outros chamam de barreiro. Eu diria que praticamente toda propriedade privada, ou assentamento na zona rural do semiárido, quase toda tem um barramento de água, porque senão o povo não sobrevivia no semiárido. No semiárido você sobrevive reservando água. Como se reserva água? Fazendo barramento da água. Cada um batiza de um nome e são tamanhos variados. Então tem milhares no estado. Só para gente definir o que é barragem, que foi construído pelo estado, pela prefeitura, são coisas de grande porte, são monitoradas.", disse.

Rui ainda falou sobre o risco de novos rompimentos em outras barragens na região e diz que a tragédia aconteceu por conta de um "efeito cascata". "O volume de água era muito pequeno e na verdade o que fez o rompimento não foi a água ali reservada, foi o colapso de diversos pequenos (barramentos) que virou uma onda por cima daquele reservatório", diz. "Foram várias (barreiras que romperam). Conversei por telefone com o prefeito de Pedro Alexandre e ele me relatou os nomes de todos proprietários das fazendas e terras, e ele me falou de dezenas de pequenas barragens, barramentos. A gente chama de aguadas (...) Rompeu isso, o segundo, o terceiro vai em sequência porque vira uma onda de água. Infelizmente como essa cidade nunca viu tanta água nos últimos 70 anos, isso tá acontecendo".

O prefeito de Coronel João Sá, Carlos Sobral, afirmou que há outra barragem, ainda mais próxima, com risco de rompimento. “Fomos comunicados que a barragem dos Sem Terra da Boa Sorte está com uma rachadura grande no paredão. Nós pedimos ao Corpo de Bombeiros que se dirigisse ao local, o coronel chegou agora dizendo que tem um grande risco também dela romper. E justamente a lascadura é no meio da barragem. Ela também vai desembocar no Rio do Peixe. Com um agravante: ela está só a 17 km. Então as águas vão chegar muito mais rápido. Por isso, eu peço para as pessoas que retornaram para essas áreas de risco que voltem para onde vocês dormiram ontem à noite. Às mesmas escolas onde vocês estavam, o ginásio de esportes e para a casa dos parentes que vamos dar toda a assistência. Pelo amor de Deus, não fiquem nas casas”, diz mensagem do prefeito tem uma rede social.Sobral disse ao CORREIO que não é  possível falar em rompimento de mais de uma barragem, além do Quati. "Na verdade, nem aqui nós chamamos de barragem, porque não há um projeto de engenharia. Para nós, aqui, sempre foram açudes e barreiro. A que chamamos de barragem é a de Barra do Gaspareno, que seria, sim, uma grande tragédia", diz.O governador reforçou a necessidade de evacuar as pessoas da área de risco. "Vários pequenos barramentos, todos tão cheios, e todos tão vazando. E como tá cheio e são todos de barro, pode ter um que entre em colapso. Na medida que um pequeno rompa, ele vai levar o seguinte e aí vira uma onda. E por isso é melhor prevenir e por isso estamos tirando as famílias da área de alagamento", explica. 

"Estamos com equipe aqui orientando incineração de animais mortos, para evitar infecção nas pessoas, e todo cuidado, e toda equipe nosso do estado está aqui, e vamos permanecer. Posteriormente à chuva, sentar com o prefeito e discutir o reparo da cidade (...) Muitas pessoas aqui perderam tudo, tudo ficou embaixo d'água".

Bombeiros fazem resgate Setenta e nove bombeiros militares da Bahia estão nos dois municípios para fazer resgate de desalojados e desabrigados. Mergulhadores fazem buscas nas áreas atingidas.

Cinco caminhonetes 4x4, um microônibus, botes, boias, coletes, roupas de neoprene e cordas fazem parte do material levado para os locais atingidos.  O Corpo de Bombeiros ainda mantém outros militares de prontidão para agir em caso de necessidade. "Estamos atuando com força total, dando suporte à população. Ficaremos com efetivo reforçado na região por tempo indeterminado", diz o coronel Francisco Telles.

De acordo com o prefeito Carlos Sobral, foi decretado estado de emergência na cidade, que já estava em estado de emergência por conta da estiagem. De acordo com o Corpo de Bombeiros, aproximadamente 500 famílias desalojadas foram encaminhas para escolas e ginásio de esportes.