Programa aposta na transformação digital nordestina

O Digital BR, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), será lançado no fim deste mês

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 22 de junho de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Uma pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2014) mostrou que o  Nordeste é a região mais empreendedora do Brasil. Com o objetivo de contribuir para a transformação digital de micro, pequenas e médias empresas nos estados do Nordeste, será lançado até o final do mês de junho, o programa Digital BR, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A iniciativa selecionará 20 projetos  e ficará aberto por 45 dias para que os interessados possam enviar as propostas. O edital prevê fases piloto e de escala, com um investimento de R$ 10,5 milhões. O Correio ouviu o presidente da ABDI, Igor Calvet, que explicou um pouco mais a importância dessa proposta e quem poderá se beneficiar do programa. 

Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet

1.    O que as instituições precisam para estar aptas para participar da seleção do Digital BR? As instituições, que podem ser tanto públicas como privadas, de nível estadual, distrital ou municipal, precisam demonstrar a capacidade para a inovação. Estamos buscando instituições capazes de trabalhar em rede e que tenham projetos que apresentem boa governança de dados, para que a gente consiga acompanhar a execução das ações e mensurar os impactos. Para tanto, vamos precisar que elas mostrem suas qualificações e suas competências. O objetivo é realmente estruturar projetos em ambiente inovador, que garantam resultados e impactos positivos. 

2.    Como os projetos devem ser estruturados para a participação na seleção? Os projetos devem ter clareza do problema a ser enfrentado e da solução proposta. Cada rede participante deverá apresentar indicadores e metas, que devem incluir, pelo menos, aumento de produtividade e aumento de maturidade digital. Também vamos analisar a viabilidade do cronograma. E outro requisito importante é o potencial de replicação dos projetos, ou seja, queremos estender as experiências para um maior número de interessados.

 3.    Existe alguma área onde a necessidade de intervenção digital seja maior? O Brasil ocupa a 64ª posição no ranking do Índice Global de Inovação. Estamos mais ou menos no meio da lista de cerca de 120 países pesquisados. Isso mostra que todas as empresas brasileiras precisam inovar, independentemente do porte e da área, se quisermos avançar nesse quesito e aumentar a produtividade e a competitividade de nossas empresas e do país.

4.    Qual o panorama do Nordeste em relação a digitalização das empresas? O processo de transformação digital já vinha acontecendo no Brasil como um todo. Vimos que a inovação industrial na Bahia, por exemplo, foi uma das que mais cresceu no país entre 2015-2017, em comparação com os três anos anteriores, segundo a Pesquisa de Inovação (PINTEC), do IBGE, divulgada em abril deste ano. O número de empresas industriais inovadoras do estado cresceu de 734 para 1.048, entre um período e outro. Com o Digital BR, acreditamos que podemos apoiar as empresas nesse processo de transformação digital e na retomada de suas atividades para o período pós pandemia.

  5.    Que reflexões podem ser feitas diante do fato da região concentrar tantos empreendedores? Eu considero os nordestinos, além de criativos e empáticos, muito resilientes. Veja o cordelista em um duelo. Ele não desiste nunca de formar a rima mais perfeita, mais inventiva e divertida. Essas características formam o bom empreendedor. Por isso, o Nordeste nos traz tantas novidades em termos de empreendimentos. Nós queremos apoiar projetos que ajudem esses empreendedores a aprimorar e perpetuar seus negócios.

6.    Além da transformação digital, que outras áreas precisam de investimento para alavancar o desenvolvimento nordestino? A inovação não depende necessariamente de aprimoramentos tecnológicos. Qualquer melhoria adotada por empresas que impacte no seu processo de produção e que traga resultados positivos de produtividade pode ser considerada uma prática inovadora. Nesse sentido, a ABDI participa de outras ações, com consultorias e mentorias, que contribuem com os empreendedores nesse processo de busca de novos modelos de negócios, que ressignifiquem suas atividades com resultados benéficos para a empresa, para os clientes/consumidores e para a região. Igor Calvet destaca que qualquer melhoria adotada por empresas que melhore o processo de produção, com resultados positivos pode ser considerado inovador (Foto: divulgação) 7.  Uma vez que as instituições sejam escolhidas, qual a expectativa para o impacto das suas ações na economia local? As redes com projetos selecionados passarão pela fase piloto e pela etapa de modelo de escala, com prazo de duração de um ano. Nossa expectativa é que, após esse período, os projetos possam demonstrar aumento da produtividade e da maturidade digital dos beneficiários dos setores econômicos atendidos. 

8.    Qual o retorno desejado nessas ações de inovação? A ABDI espera contribuir para elevar a maturidade digital das atividades econômicas da Região, aumentar a produtividade, melhorar as condições produtivas da região Nordeste e incrementar a renda regional. Queremos fomentar o desenvolvimento de um ambiente de produtividade com projetos sólidos e estruturantes ligados ao tema da transformação digital.