Programa de aceleração de negócios abre vagas para afroempreendedores

As inscrições no programa de aceleração de negócios criativos poderão ser feitas até o dia 13 de fevereiro

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 31 de janeiro de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock/reprodução

Até o dia 13 de fevereiro, empreendedores podem se inscrever para participar do Iaô Labs (site www.fabricacultural.org.br), formações ofertadas com parte das ações do Programa Acelera Iaô. A iniciativa fomentará o trabalho de empreendimentos negros por meio do apoio, da qualificação e da aceleração dos negócios criativos. Neste primeiro ciclo, o Iaô Labs disponibiliza 150 vagas, divididas para os segmentos de  moda, artesanato, gastronomia, música e serviços criativos. 

Podem se inscrever empreendedores e empreendedoras negras, exclusivamente, maiores de 18 anos, residentes em Salvador e na Região Metropolitana, que tenham projetos, empreendimentos e negócios criativos em atividade há, no mínimo, seis meses (formalizados ou não formalizados) e que estejam adequados a um dos segmentos do artesanato, gastronomia, moda, música e serviços criativos. O espaço de criação do Acelera Iaô funcionará na Ribeira e dará a estrutura física para as consultorias e mentorias que serão realizadas no local (Foto: Reprodução/Divulgação) De acordo com a responsável pelo programa, Maylla Pita, o Acelera Iaô é um programa de afroempreendedorismo pensado para proporcionar o desenvolvimento do trabalho de empreendedores e empreendedoras negras baianas por meio do apoio, da qualificação e da aceleração de seus micro e nanonegócios criativos. 

Estrutura local

“Tudo funcionará à partir da construção do Iaô Espaço de Criação, na sede da Fábrica Cultural, Localizada na Ribeira e da realização do Iaô Labs, que é um conjunto de capacitações que abordarão aspectos essenciais do empreendedorismo em uma perspectiva afrocentrada”, esclarece.

Nesse processo, serão acelerados 50 empreendimentos negros e de 2 comunidades tradicionais artesanais. “Aliado a isso, devemos criar espaços físicos de vendas para o escoamento dos produtos desses empreendedores, além da realização de duas edições do Mercado Iaô”, explica, ressaltando que os investimentos serão de R$ 10mil para pequenos e médios empreendedores.  Segundo Maylla, após os dois anos de projetos parados em virtude da pandemia, os desafios para a economia criativa são inúmeros, sobretudo, para o empreendedorismo negro. “Pouco avançamos no sentido de garantir condições efetivas para o desenvolvimento de pequenos e médios negócios pretos que, por sinal, tem cerca de três vezes menos acesso às linhas de crédito e financiamento do que empreendimentos não negros no Brasil”, reflete. 

Para ela, o próprio Acelera Iaô, enquanto Programa de Desenvolvimento de Empreendimentos neste perfil, é uma resposta da sociedade civil frente a estes desafios. “Falar sobre soluções pode ser uma armadilha, mas vejo caminhos que podem nos apontam soluções para driblar este cenário difícil. A qualificação é um desses caminhos, a oferta de políticas públicas que viabilizem não somente acesso ao conhecimento, mas também às condições de trabalho, comercialização e justa competição no mercado são outros caminhos possíveis”, defende a representante da Fábrica Cultural.  A Fábrica Cultural também sediará a realização de novas edições do Mercado Iaô como uma forma de visibilizar os negócios (Foto: Léo Costa/Divulgação) O programa  é desenvolvido e realizado pela Fábrica Cultural (site www.fabricacultural.org.br), tem o patrocínio do Grupo Carrefour Brasil, com o apoio da Prefeitura Municipal de Salvador. 

Retomada baiana

Embora iniciativas como a do Acelera Iaô emprestem um ânimo para a economia criativa na capital e no estado, a iniciativa pública e privada reconhecem que muito ainda precisa ser feito para que o segmento seja uma área pujante em solo baiano e consiga promover o fortalecimento de empreendedores criativos.  

A turismóloga Aidée Suzart Argolo do Espirito Santo, que atua na diretoria de qualificação e segmentos turísticos da Secretaria de Turismo do Estado, afirma que o cenário está longe de ser otimista, em virtude, sobretudo, da falta de qualificação desse público, que compromete a implantação de políticas mais agressivas. “Estamos enfrentando essas questões que são estruturais junto com o novo normal implementado pela pandemia e isso desafia a instalação de programas de capacitação, por exemplo”, diz. 

Aidée lembra que as mudanças, no entanto, também trouxeram aspectos positivos como a visibilidade de setores da economia criativa, especialmente, os produtos confeccionados por comunidades ribeirinhas, quilombolas, povos originários e tradicionais. “Hoje, o turista viaja em busca de experiências e vivências e encontram um paraíso nesses locais. No entanto, a relação precisa ser boa para essas comunidades, que ainda precisam avançar na visão de negócio e na construção de cultura empreendedora”, completa. 

A representante do estado destaca que, no segmento turismo, a pandemia alterou completamente o perfil do que era feito até então. “Hoje, o foco do turismo está na área rural, nos espaços abertos”, analisa. Atualmente, a Bahia está dividida em 13 zonas turísticas e 113  cidades estão recebendo qualificação para atuar com a economia criativa.