Programa Mundial de Alimentos da ONU ganha o Nobel da Paz

A organização destacou o programa "por seus esforços para combater a fome"

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 06:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Khudr Alissa/WFP

O Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2020, anunciou o Comitê Nobel da Noruega nesta sexta-feira, 9. A organização destacou o programa promovido pela ONU "por seus esforços para combater a fome, por sua contribuição para melhorar as condições de paz em áreas afetadas por conflitos e por atuar como uma força motriz nos esforços para prevenir o uso da fome como arma de guerra e conflito." O WFP é o maior programa de combate à fome do planeta e busca promover a segurança alimentar. Apenas em 2019, a agência da ONU forneceu assistência para cerca de 100 milhões de pessoas em 88 países. Nos últimos anos, no entanto, a situação vem se agravando, com 135 milhões de pessoas passando fome, aumento causado majoritariamente por guerras e conflitos armados. A agência, em paralelo, tem dificuldades para receber os recursos necessários para expandir seu trabalho. A premiação ganha ainda mais importância em um ano em que o mundo enfrenta uma grave crise alimentar por causa da pandemia do novo coronavírus. "O mundo está enfrentando fome generalizada de proporções bíblicas", alertou em abril David Beasley, chefe da agência de assistência alimentar da ONU. O diretor executivo do órgão afirmou que havia pouco tempo disponível para agir antes que centenas de milhões passassem fome. (Foto: Divulgação) 'Solidariedade e multilateralismo' Ao entregar o prêmio para o braço das Nações Unidas, o Comitê Norueguês do Nobel elogiou o programa por seus "esforços para acabar com a fome no mundo e pela necessidade de solidariedade e multilateralismo". A premiação ao programa é uma forma de apoio a ONU, que completou 75 anos em 2020. O Sistema das Nações Unidas enfrenta desconfiança, ataques populistas e incertezas sobre o futuro em meio à ascensão de governos populistas. "A necessidade de solidariedade internacional e cooperação multilateral é mais conspícua que nunca", disse a presidente do comitê, Berit Reiss-Andersen. "O Prêmio Nobel da Paz de 2020 foi para o Programa Mundial de Alimentos por seus esforços de combate à fome, por sua contribuição para melhorar as condições para a paz em áreas atingidas por conflitos e por agir como força motriz dos esforços para prevenir a fome como uso de arma de guerra e conflito." Em seu anúncio, Reiss-Andersen ressaltou que a pandemia de covid-19 teve como consequência um grande aumento do número de vítimas da fome que, somada ao aumento de conflitos em países como Iêmen, República Democrática do Congo, Nigéria, Sudão do Sul e Burkina Faso teve efeitos dramáticos. Diante da pandemia, o Programa Mundial de Alimentos "demonstrou uma habilidade impressionante para intensificar seus esforços".Outros premiados com o Nobel da Paz No ano passado, o laureado foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, "por seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a Eritreia". Em 2018, a jovem yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege ganharam o Nobel da Paz por seus esforços contra o uso da violência sexual como arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, por chamar a atenção para as consequências do uso do armamento e chegar a um acordo pelo fim das armas nucleares. Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos levou o prêmio. Algumas das grandes surpresas incluem a paquistanesa Malala Yousafzai, que recebeu o prêmio em 2014, aos 17 anos, "pela luta contra a opressão das crianças e dos jovens e pelo direito de todas as crianças à educação". Ela se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel. Outra grande surpresa, muito contestada à época, foi a escolha, em 2009, do então presidente americano Barack Obama, agraciado por seus "esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos". (Com agências internacionais).