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Projeto valoriza empreendedorismo feminino e preto

Bahia é destaque em seleção para aceleração de negócios de mulheres negras; veja iniciativas

  • D
  • Da Redação

Publicado em 21 de março de 2022 às 18:04

 - Atualizado há 2 anos

A Bahia se destacou na seleção do programa de Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, iniciativa da Meta (proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp) e PretaHub. São daqui quatro das 50 selecionadas para a Feira Preta: divididas nas cidades de Cachoeira, Camaçari e Salvador. As iniciativas vencedoras vão desde gastronomia a segurança da informação.

Ao todo, o projeto vai distribuir R$ 1,6 milhão em recursos financeiros, cursos de capacitação, consultorias e fornecimento de serviços e produtos customizados de acordo com a demanda de cada negócio. As vencedoras foram selecionadas a partir de mais de 900 inscrições. As empreendedoras escolhidas representam as cinco macrorregiões do Brasil e atuam nas mais diversas áreas de produtos e serviços, como moda, audiovisual, educação, saúde e tecnologia.

O CORREIO conversou com Angela Crispina Viana Jovelino (Cachoeira), Joice Ribeiro e Rosário Dantas (Salvador), e Solange Borges (Camaçari). Solange e Angela trabalham com uma culinária voltada à ancestralidade e que dialoga com o candomblé. Solange diz que é empreendedora desde que se entende por gente: “Já fui empregada doméstica, manicure, baiana de acarajé, cozinheira, funcionária pública, assessora parlamentar e executiva”. 

Hoje, ela está à frente de dois projetos ligados à alimentação, educação e turismo cultural de base agroecológica: o Culinária de Terreiro e o Mulheres Solares, ambos dedicados ao resgate do fazer ancestral de itens como o azeite de dendê feito no pilão e no fogão a lenha, da farinha de mandioca feita em casa de barro e forno a lenha, bem como processamento, produção e comercialização de itens  da agrovila Pinhão Manso, em Camaçari. “Seguindo os passos da minha mãe Joselita Borges, baiana de acarajé, me oriento espiritualmente nas crenças do Candomblé Angola e, deste saber e aprendizado baseado nas tradições orais das culturas e nações da nossa raiz, nutro e desenvolvo meu trabalho”, explica Solange. Solange usa saberes ancestrais em seu restaurante, o @culinariadeterreiro (Foto: Fernanda Maia) Nascida e criada no quilombo Kaonge, em Cachoeira, dona Ângela Crispina sempre sonhou em ter um restaurante. Na adolescência, inventava pratos e chamava todo o mundo para comer. Tudo vinha da própria comunidade, que sobrevive com  dos mariscos e peixes da  região. “A gente passou por um momento muito difícil na pandemia, que foi devastador para a nossa comunidade. O restaurante fechou as portas e nosso financeiro decaiu junto com o da comunidade. Quando vi o edital, pensei: estamos salvos”, afirma a dona da Pousada e Restaurante É De Oxum. Ela avalia que toda possibilidade que uma pessoa do quilombo tem de se estruturar também é sinônimo de oferecer subsistência para o entorno.

Embaixadora da Feira Preta, Karine dos Santos Oliveira concorda com a tese e repete uma frase da empresária Monique Evelle: “’Dinheiro na mão de pessoas pretas é redistribuição de renda’. A Feira Preta investe nas pessoas da base da pirâmide, que são as mulheres negras. Investindo com cursos, formação e agora, nessa iniciativa, com dinheiro. Essas mulheres vão movimentar uma parte da economia que não parou”. Rosa Viana é dona do É de Oxum, em Cachoeira (Foto: Acervo Pessoal)a Tecnologia e educação Nos próximos seis meses, serão contemplados temas de  relevância para o sucesso e longevidade de cada empresa selecionada, como controle administrativo e financeiro, ferramentas tecnológicas para automatização de processos, comunicação e marketing. Além de uma trilha de conteúdo sobre finanças (parte do programa global da Meta para mulheres que empreendem, o ElaFazHistória). 

Para participar, as candidatas foram submetidas a uma banca de avaliação, composta por integrantes do Instituto Feira Preta e sua rede de aliados, e seus negócios foram avaliados a partir de critérios pré-estabelecidos. Ao todo, a aceleração terá seis meses de duração, que incluirá ciclo de mentorias. O objetivo é que, ao final de todo o processo, as empreendedoras tenham mais ferramentas para levar adiante e prosperar em seus negócios, mas que também possam impactar de forma positiva suas comunidades, empoderando economicamente outras mulheres.

A pesquisa Potência Negra, elaborada pela PretaHub e pelo Instituto Locomotiva Brasil, revelou recentemente que a falta de disponibilidade de dinheiro é o fator de que a população negra mais sente falta para realizar seus sonhos. Embora empreendedoras negras, que hoje representam 4,6 milhões de brasileiras, sejam responsáveis por movimentar R$ 73 bilhões por ano, segundo o Sebrae, 49% das mulheres negras começam a empreender por necessidade. Para efeito de comparação, em relação às mulheres brancas, esse número cai para 35%. 

Também selecionada, Joice Ribeiro trabalha com segurança da informação há pouco mais de uma década. Inicialmente como pesquisadora e, mais tarde, como analista e consultora. “Além de atuar em um projeto internacional na area de automação industrial, estou prestando consultoria para mais um nicho, o financeiro em uma startup, e foi a partir deste projeto que decidi criar meu negócio”, detalha. Joice Dantas trabalha com cibersegurança e é perita forense computacional. Seu projeto é o @4udefense Com a aceleração da Feira Preta, ela pretende avançar com seu projeto, iniciado no final de 2021, quando passou a tirar dúvidas de colegas sobre o tema de segurança da informação. “Resolvi estruturar um projeto como forma de entregar valor a meus clientes, que são principalmente startups, para eles conceberem a ideia de segurança da informação a tempo da execução”, explica.    Maju Passos é uma das sócias da @escolinhamariafelipa Maju Passos tem um projeto mais conhecido. É a Escolinha Maria Felipa, em Salvador. O negócio é a primeira escolinha de educação infantil afro-brasileira e trilíngue (português, inglês e libras) da cidade. A unidade oferece bolsas para crianças negras e indígenas em situação de vulnerabilidade, com renda familiar de até 1,5 salário mínimo, desde 2019.

O projeto de financiamento colaborativo chamado Adote Um Educande ajuda a viabilizar essas bolsas e a aceleração da Feira Preta poderá ampliar a iniciativa.