Promessas olímpicas sem medalha

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  • Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Por motivos óbvios, não gera a mesma comoção e mobilização dos Jogos Olímpicos, mas quem gosta de esportes sabe que estão rolando neste exato momento os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru.

Nem todos os atletas que estão lá são os principais dos seus países – os americanos, por exemplo, nunca mandam seus destaques -, mas em algumas modalidades dá pra ter uma ideia de como o Brasil vai chegar na próxima Olimpíada, no Japão.

O Pan serve também para a memória acusar que há três anos tivemos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e que, na época, surgiram algumas promessas que teimam em não ganhar forma.

Sugestão de exercício: chegue no Google e escreva “Centro de Treinamento de Boxe e Luta Olímpica Bahia”. Você verá uma série de notícias de 2016, inclusive na página oficial do governo do estado.

Vou resumir pra quem não lembra. Depois que o pugilista Robson Conceição ganhou a medalha de ouro no Rio, foi recebido em Salvador pelo governador Rui Costa, que afirmou com empolgação: “Apostando que a prática do esporte vai ajudar a salvar milhares de vidas na Bahia, quero anunciar que nós vamos bancar, com recursos próprios, a construção do primeiro Centro de Treinamento de Boxe e Lutas Olímpicas da Bahia, aqui em Salvador”.

A previsão era de que as obras tivessem começado em 2017. Estamos em 2019, Robson virou lutador profissional, outro baiano, Keno Marley (que treina em São Paulo), já ganhou medalha no boxe em Lima, ano que vem tem Olimpíada de novo e o Centro de Treinamento, cadê? Ninguém sabe, ninguém viu.

Recentemente, o próprio governador mostrou para seus seguidores que começou a praticar boxe - pena que não possa fazê-lo no equipamento prometido por ele mesmo. Mas a esquiva está em dia. Outro atleta de sucesso, também há três anos, nos Jogos do Rio de Janeiro, fez despertar promessa semelhante. As três medalhas de Isaquias Queiroz na canoagem levaram o governo a prometer três centros de treinamento para a modalidade na região Sul do estado, onde fica Ubaitaba, terra natal do atleta.

Passaram-se dois anos e, em 2018, o governo enfim conseguiu inaugurar o equipamento de Itacaré – com o detalhe de que, após a abertura, os atletas ficaram dois meses sem poder treinar porque havia resíduos de uma balsa no meio do rio – não ria, por favor.

Isso já tem mais de um ano. E os equipamentos de Ubatã e Ubaitaba, que, pelo histórico, deveriam ficar prontos antes do de Itacaré? Bem, as obras até começaram, mas ficarem prontas que é bom, nécaras.

Isaquias, um fenômeno mundial da modalidade, já faturou um ouro no Pan de Lima. Além dele, mais três canoístas baianos foram para a competição, mas a seleção brasileira de canoagem treina em Minas Gerais.

Ao todo, são 20 baianos nos jogos do Peru. Como o Pan gera menos burburinho que a Olimpíada, resta-nos torcer para que esses 20 e outros mais consigam ir a Tóquio ano que vem. Caso tenham bons resultados no Japão, podem gerar novas promessas.

Como se vê, não é garantia que a promessa dê em alguma coisa. Mas até que gera umas boas manchetes.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados