Qualidades de leoa na vida e nos negócios; veja vídeo

Empresária e idealizadora da Zkaya conta como a resiliência e a fé são fatores fundamentais para vencer como empreendedor

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 6 de julho de 2022 às 20:50

. Crédito: Divulgação

Ela começou a empreender com R$300,00, endividada e morando na casa dos pais. Vendeu suas peças na praia, mesmo tendo formação técnica e superior, numa temporada que deixou a família e os amigos preocupados, mas, apesar disso, nunca deixaram de apoiá-la. "Tinha muita determinação e acreditava muito na proposta de desenvolver uma moda afirmativa e pautada na cultura ancestral". A design e empreendedora Laís Zkaya foi a convidada de Flávia Paixão no programa ao vivo Empregos e Soluções dessa semana e falou sobre os desafios de começar um empreendimento sem dinheiro. Laís Zkaya contou sobre os desafios que enfrentou como mulher negra na indústria da moda no sul do País e como o empreendedorismo a salvou (Foto: Reprodução/Instagram) Longe de querer romantizar as dificuldades, a empresária detalhou sobre os muitas desafios que enfrentou e o papel que eles tiveram para que a marca chegasse onde está hoje, com seis anos na praça e uma estrutura composta por 12 pessoas e com o desejo de internacionalização. Na verdade, a resiliência e a fé acompanham Laís há muito tempo e estão presentes na marca de moda afro brasileira e na vida dessa empreendedora, natural de Criciúma, em Santa Catarina. 

Durante a conversa com a consultora Flávia Paixão, ela fez questão de lembrar que trabalhou na indústria da moda durante muito tempo, mas, enquanto se descobria como mulher negra e buscava as referências ancestrais, se deu conta que aquele universo não a incluía. "Passei então a produzir peças que eu mesma gostaria de usar e assim nascia a marca", contou. Ela lembrou que, inicialmente, a ideia era usar o nome Zak, que fazia referência às qualidades do leão e também remetia ao próprio nome, no entanto, o nome não poderia ser usado e ela partiu para buscar novas referências africanas que representassem o que imaginava. Durante os estudos, ela conseguiu encontrar símbolos e palavras capazes de expressar tudo aquilo que sentia e assim nasceu a Zkaya (@zkayaoficial) e Laís adotou a marca como sobrenome.

Superações

"A Zkaya completa aniversário em julho. São seis anos de sonhos e batalhas e é importante olhar para o passado para saber onde se quer chegar e verificar o já foi construído", ponderou, destacando que até a marca surgir em 2015, ela não tinha uma mentalidade de empreendedora e via o seu negócio apenas como uma renda extra. Em 2017, pressionada pela mãe para dar um jeito na vida e nas finanças, ela conseguiu material para trabalhar com as primeiras bolsas e, no final daquele ano, já trabalhava com um mix que contemplava bolsas, calçados, turbantes, bonequinhas, bijuterias.

"Em 2018, saí de casa e levei a Zkaya junto. Naquele período, contratei uma pessoa para me ajudar por meio período e só vendia peças sob encomenda. Depois vieram as feiras e uma produção para pronta entrega. Com a pandemia, nosso foco se voltou completamente para o on line e aprendi a olhar para o e-commerce", pontuou. 

Laís fez questão de ressaltar que durante três meses da sua vida, enquanto tocava o negócio, os pais foram os responsáveis por toda a comida que entrava dentro de casa. "Eles não tinham dinheiro para investir em meu negócio, mas garantiram que minha sobrevivência estivesse garantida", recordou emocionada. Enquanto falava das suas superações, a empresária falou sobre a vontade de tatuar uma frase do cantor Renato Russo que diz: "Quando tudo nos parece dar errado, acontecem coisas boas que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo". 

Acertos nos erros

Para ilustrar a afirmação e a escolha, ela lembrou de quando participou da gravação do programa Ideias à Venda, da Netflix, e de quando foi eliminada."Aquele foi o pior dia da minha vida enquanto empreendedora, pois tudo deu errado. Não tenho religião, mas possuo uma fé muito grande, mas questionei Deus", rememorou, dizendo que naquela mesma noite repensou muita coisa para a marca e construiu inúmeros passos que só foram possíveis porque antes havia dado errado. 

Em 2020, Laís veio para Salvador, pois acreditava que a loja precisava estar na capital baiana. "Existem pessoas negras no sul do País, mas há uma total invisibilidade por ser do sul", destacou.  Há quatro meses morando em Salvador, Laís voltou a estudar e a trabalhar longe da empresa, mas compreendeu que o maior mercado consumidor está no sudeste e, por isso mesmo, quer abrir lojas em São Paulo, além de manter unidades em Salvador e Santa Catarina. "A Zkaya tem que andar sem mim e compreendo que estou num momento diferente, onde começo a me reconhecer enquanto gestora e não apenas a pessoa que cuida da comunicação e que produz", finalizou.

Para acompanhar toda a riqueza da conversa entre a empreendedora Laís Zkaya e Flávia Paixão, acesse a página do Jornal Correio no Instagram. O programa ficará gravado e à disposição.