Quem mandou matar Marielle? A pergunta dos 700 dias que não quer calar

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  • Andreia Santana

Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

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No primeiro ano da morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, assassinados com 13 tiros no dia 14 de março de 2018, dois suspeitos pelo crime foram presos: o Policial Militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz. A denúncia contra os dois já foi apresentada pelo Ministério Público e eles passaram à condição de acusados pelas duas mortes. Aguardam, ainda na cadeia, a decisão da Justiça para o pedido da promotoria, que deseja que eles enfrentem um júri popular. Os dois, quase um ano depois de presos, continuam a alegar inocência, embora indíscios da investigação apontem para o oposto.

Ultrapassada a marca dos 700 dias do crime, que completará dois anos em 14 de março deste ano, a polícia carioca ainda não conseguiu responder à pergunta sobre quem mandou matar Marielle Franco, uma vereadora engajada na militância social, negra, lésbica,  e atuante contra a  nefasta influência das milícias nas periferias do Rio de Janeiro. A motivação do crime também permanece desconhecida.

Para tentar diminuir o constrangimento que o não esclarecimento da morte de uma parlamentar representa, tanto tempo depois do crime, uma megaoperação foi montada no Rio, essa semana, para tentar encontrar a arma usada para matar a vereadora e o motorista. Marielle Franco foi morta em 14 de março de 2018 (Foto: Agência Brasil) Mergulhadores treinados afundaram, literalmente, nos esgotos do Rio de Janeiro, em busca da submetralhadora que desapareceu como fumaça depois dos assassinatos. Em um único dia, 27 cisternas de um condomínio fechado da capital fluminense  foram vasculhadas e nada, nem sinal da arma. No ano passado, a Marinha já havia tentado localizar a submetralhadora no mar, onde testemunhas afirmaram ter visto um preposto de Ronnie Lessa jogar um arsenal. Em um apartamento de um conhecido do PM reformado, foram encontradas peças desmontadas de fuzil, mas nada da arma que matou Marielle Franco.

O Escritório do Crime, uma das maiores milícias do Rio de Janeiro, é investigado por uma possível ligação com a morte da vereadora. Essa semana, na Bahia, o ex-tenente do Bope carioca, Adriano da Nóbrega, foi morto na Bahia em uma operação policial que tem sido questionada. Ele é apontado como líder do Escritório do Crime, mas seu nome, até então, nunca apareceu na investigação sobre as mortes de Marielle e Anderson.

Discute-se a federalização da investigação dos assassinatos da vereadora e do motorista e, essa semana, ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ficaram divididos sobre se a morte de Adriano da Nóbrega e sua ligação com o Escritório do Crime - um golpe para a milícia se ele de fato era o chefão do grupo - poderia fortalecer a corrente que deseja tirar da polícia carioca a premissa de elucidar os dois homicídios e entregar o caso para a Polícia Federal.

A Procuradoria-Geral da República também reforça a tese de que as investigações sobre o Escritório do Crime podem levar à federalização do caso. Mas, enquanto os juristas teorizam e a polícia do Rio não chega à lugar nenhum, Marielle e Anderson permanecem injustiçados. China ainda não conseguiu controlar epidemia (Foto: Greg Baker/AFP) O novo coronavírus já matou mais que o Sars

A infecção causada pelo novo coronavírus descoberto na China em dezembro do ano passado ganhou um nome essa semana, Covid-19, e alcançou o status de ter contaminado mais pessoas e matado mais do que a epidemia de Síndrome Aguda Respiratória Grave (Sars), em 2003 e 2004. Até a sexta-feira, 14, a Covid-19 havia contaminado mais de 63 mil pessoas na China e em mais 25 países, nos cinco continentes, deixando um saldo de mais de 1380 mortos. O último país a registrar um caso de Covid-19 foi o Egito. A epidemia de Sars, por sua vez, matou 774 pessoas. A Organização Mundial de Saúde (OMS), no entanto, afirmou que fora da China, a epidemia já está controlada.  Pai Márcio fundou o axé há 11 anos (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Terreiro salvo da demolição

Uma reportagem que fez a diferença. No último final de semana, o CORREIO contou as histórias de terreiros de Candomblé de Salvador que seriam demolidos para dar passagem ao Monotrilho de 19,2 quilômetros que ligará a capital a Simões Filho, na Região Metropolitana. O novo projeto substituiu aquele que construiria o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos). Um dos terreiros visitados pela reportagem, o Ilê Axé Obá Logum Silé, no bairro do Lobato (Subúrbio Ferroviário), não vai mais ser derrubado. O  babalorixá Pai Márcio de Ayrá  recebeu com alívio, na última terça-feira, 11, o comunicado oficial  de que seu axé permanecerá de pé. Uma pequena vitória para o povo de santo. Gelo está cada vez mais fino na Antártida (Foto: Jordan Ordonez/AFP) O tempo esquentou na Antártida

A Antártida, conhecida como 'Continente Gelado', já não está assim tão fria. Na última semana, a região registrou temperaturas acima dos 20 graus, aumentando a preocupação da comunidade científica mundial com a crise climática e o aquecimento global. No dia 6 de fevereiro, a base Esperanza, no extremo norte da Península Antártica, registrou 18,3ºC. Três dias depois, no domingo, 09, a Organização Metereológica Mundial, entidade ligada à Organização das Nações Unidas,  registrou a marca de 20,75ºC. O novo recorde de temperatura foi divulgado na quinta-feira, 13. Nos últimos 20 anos, a temperatura em regiões como o arquipélago James Ross tem oscilado, um indicativo de desequilíbrio na regulação climática do planeta. Com o calor, as camadas de gelo estão cada vez mais finas e com isso, o nível dos oceanos aumenta e ameaça cidades costeiras. No ano passado, por exemplo, cidades como Veneza, na Itália, tiveram inundações muito acima do normal. Sororidade foi um dos termos mais pesquisados no Google (Imagem: Reprodução) Sororidade é palavra mais buscada na web

Gostar ou não gostar do BBB (Big Brother Brasil) é tema de controvérsia nas rodas de bate-papo. Mesmo quem não assiste o programa, mas milita na agenda pró-direitos das mulheres, há de reconhecer que a atual edição do BBB aumentou a curiosidade sobre o vocabulário do feminismo. Só para se ter uma ideia, na última semana, a busca pelo significado da palavra ‘sororidade’ (união entre as mulheres) aumentou em 250% no Google. A palavra deriva do latim ‘soror’ (irmã) e é usada no contexto das mulheres apoiarem umas às outras em um mundo ainda bastante machista. Concurso teve 48 mil fotos inscritas (Foto: Sam Rowley/Divulgação) Foto de briga de ratos ganha prêmio

A foto de dois camundongos disputando migalhas em uma estação de metrô de Londres, registro do fotógrafo Sam Rowley, ganhou a Wildlife Photographer of the Year (Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano), premiação organizada pelo Museu de História Natural do Reino Unido. A premiação existe desde 1965. A foto de Rowley foi escolhida junto com outras 24 entre as 48 mil imagens enviadas para o concurso. Este ano, imagens serão aceitas a partir de outubro. A fotografia vencedora da edição 2019, junto com as outras selecionadas, ficará em exposição no Museu de História Natural até 31 de março. Leia mais sobre a história da foto.

Frase: Arnaldo Antunes homenageia João Gilberto em novo disco (Foto: Divulgação) “Acho que a gente está vivendo um momento que tem de valorizar de alguma forma a cultura e a educação, e não a cultura da violência”, Arnaldo Antunes.O cantor e compositor falou do seu novo disco, O Real Resiste, em entrevista ao CORREIO. Em seu novo trabalho, ele canta sobre política, a morte, o amor; e homenageia o baiano João Gilberto.

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>>Anitta recusa abraço de criança – 616 comentários A suposta recusa da cantora Anitta em abraçar uma criança, durante gravação de um vídeo em Salvador, gerou discussão nas redes sociais. Nas páginas do CORREIO, teve quem criticasse a postura da cantora e quem defendesse, como Lari Rios: “Não houve falta de educação nenhuma! Hoje em dia os pais que estão criando crianças mimadas e ansiosas. O que custa esperar? O mundo não gira em torno dos nossos filhos não amores, quem faz vontade de criança é pai e mãe, e olhe lá”, afirmou.

>>Morte de jovem grafiteiro – 114 comentários O desabafo da mãe do grafiteiro Jaílson Galdino Souza dos Santos, morto aos 27 anos, após comunicado da PM baiana se referir ao jovem como ‘elemento’, sensibilizou a audiência. Rosangela Farias, por exemplo, preferiu confiar na justiça divina: “Só sei de uma coisa, que eu vou orar por você, mãe. É a ajuda que eu posso dar. Porque contar com os homens da justiça do mundo está difícil, se são eles mesmos os responsáveis por todo esse caos no nosso país”.

>>Missionário evangélico na Funai – 77 comentários A nomeação de um pastor evangélico para o setor da Fundação Nacional do índio (Funai) que trabalha com indígenas isolados também rendeu debate nas redes do CORREIO. A Constituição Federal proíbe que missionários de qualquer religião tentem converter os índios. Fábio Fernandes questionou: “A igreja católica já fez isso no passado. O resultado: escravidão, dor e milhões de mortes. Eles (os evangélicos) querem fazer o mesmo nos tempos atuais?”