Quem tem próstata teme!

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Publicado em 7 de novembro de 2020 às 07:30

- Atualizado há 10 meses

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Apesar de realizar há mais de uma década, anualmente, o toque retal e o exame do PSA, inesperadamente, fiz uma biópsia e tive essa trágica notícia: estou com câncer de próstata. Felizmente detectado logo no início e sem metástase. Decidi submeter-me à prostatectomia radical. 

Notícia péssima confirmada exatamente no Novembro Azul, mês da prevenção do câncer da próstata. A partir dos 50 anos, é vital todo homem submeter-se a dois procedimentos preventivos: exame de sangue PSA e exame de toque retal. É aconselhável também fazer anualmente a ultrassonografia do abdômen para complementar o diagnóstico.

A descoberta de ter câncer é sempre traumática, tanto que muitas pessoas evitam até pronunciar seu nome, se referindo à essa doença azarão como CA. Tive duas irmãs, uma mais velha e outra mais jovem, que morreram de câncer, no pulmão e mediastino. Nenhum caso de câncer prostático na família. Ao receber o diagnóstico, fiquei apreensivo, dormi mal à noite, mas dois dias depois, passei a aceitar com naturalidade esse chute no saco. Meu irmão, médico, diz que câncer de próstata e tireoide são os mais fáceis de se extirpar. Que assim seja!  

Há duas soluções para enfrentar essa moléstia: dezenas de sessões de radioterapia com tratamento hormonal, sem resultado 100% garantido, ou então, cirurgia, “prostatectomia radical”, feita hoje através de robô, entre outros, nos hospitais São Rafael, Santa Isabel e Português. Tratamento urgente para evitar a metástase.  Meu maior medo não é a morte, nem tanto a perda da ereção, que tem tratamento, temia sim uma persistente e humilhante incontinência urinária. Conversando com alguns pacientes operados e com doutores, além da consulta no Google, fiquei um pouco mais tranquilo pois somente de 3 a 5% dos operados têm que usar fraldas geriátricas. Em último caso, descobri que existe nas farmácias uma espécie de ‘modess’ masculino adaptável à cueca. Menos mal!

Próximos passos: agendar a cirurgia, resolver os trâmites burocráticos com meu convênio da Ufba (que não cobre integralmente a operação robótica!), realizar os procedimentos prévios laboratoriais, suspender temporariamente os medicamentos da velhice para não prejudicar a cicatrização. E sobretudo manter o bom astral sem somatizar a doença. 

Um médico dos antigos me disse que aos 70 anos, os homens correm 70% de risco de enfrentar problemas prostáticos, aos 80, 80%, ao completar 100 anos, 100%. Assim sendo, parafraseio o irreverente ditado que aprendi na Bahia: quem tem cu, teme. Digo eu: quem tem próstata, teme!  É o câncer de mama dos homens!

Luiz Mott é professor titular de Antropologia da UFBa, aposentado