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Giuliana Mancini
Publicado em 5 de maio de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Não é novidade que os hábitos alimentares influenciam - e muito - na nossa vida. Mas, o que muita gente não sabe é que eles também têm relação com a fertilidade. Isso mesmo. Se você não come de forma saudável, pode ter problemas para engravidar.>
Os famosos fast foods, por exemplo, são os principais vilões para quem tem planos de ser mãe em breve. Quem diz isso é um estudo publicado ano passado pela revista científica Human Reproduction, relacionada à Universidade de Oxford, na Inglaterra. Fast foods podem diminuir a fertilidade e dificultar a gravidez (Foto: Shutterstock/Reprodução) A pesquisa entrevistou cerca de 6 mil mães da Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Irlanda, perguntando o que elas comiam antes da gravidez. Aquelas que se alimentavam pelo menos quatro vezes por semana com itens de restaurantes fast food demoraram até um mês a mais para engravidar, em comparação com as que responderam ‘raramente’ ou ‘nunca’.>
Mas eles não são os únicos vilões. “Sal em excesso pode aumentar a pressão arterial, e uma boa pressão é fundamental para que o sangue chegue a todos os lugares do corpo corretamente. Embutidos, como salsicha e presunto, têm corantes, que são considerados agentes cancerígenos também”, explica a chefe de Nutrição do Hospital Português, Gildete Fernandes. Embutidos possuem aditivos químicos e corantes, considerados agentes cancerígenos (Foto: Shutterstock/Reprodução) A médica ginecologista Samyra Cotrim, do Hospital Cárdio Pulmonar, acrescenta que o ideal é que as futuras mamães fujam dos alimentos industrializados. “Comidas com muitos condimentos e conservantes, como aquelas que vem em pacotes, sacos e caixinhas têm um impacto no nosso corpo. Geram um processo de oxidação, produzindo radicais livres, que causam o envelhecimento celular em todo o organismo, inclusive lesões no tecido embrionário”, alerta.>
Até o leite e seus derivados podem virar inimigos, caso sejam consumidos em grandes quantidades. Samyra explica que esses alimentos têm poder inflamatório e podem ser de difícil digestão. “Mesmo para quem não tem intolerância ou alergia, é bom não abusar”, avisa. O mesmo vale para as carnes vermelhas. Leite e derivados têm proteína de ‘alto peso’, difícil de digerir, e são, em grandes quantidades, agentes inflamatórios (Foto: Shutterstock/Reprodução) Ainda segundo a ginecologista, carboidratos refinados em excesso também podem resultar um aumento de açúcar no sangue, o que, por sua vez, pode virar resistência à insulina, o que pode comprometer a ovulação. Por isso, é bom evitar o consumo de pães, macarrão e biscoitos feitos com farinha de trigo, além de doces. >
O que escolher? O ideal, segundo indica a médica nutróloga Juliana Carvalho, é optar pela alimentação saudável, principalmente para quem tem planos de ter um bebê. A dica é simples: descascar mais e desempacotar menos.>
“A mulher que deseja engravidar deve levar essa máxima para o seu dia a dia e comer o mais natural possível”, indica. O ideal é que a alimentação seja a mais natural possível (Foto: Shutterstock/Reprodução) O discurso é o mesmo de Samyra. Segundo a ginecologista, quando a paciente escolhe por consumir um produto in natura, o corpo fica melhor nutrido e mais saudável. “Um corpo que irá gerar uma nova vida tem que estar funcionando da forma mais plena possível. O estado nutricional reflete no ciclo menstrual e na ovulação. Quanto melhores os índices de macro e micronutrientes daquela mulher, de melhor qualidade serão seus óvulos”, diz.Outra preocupação que as futuras mamães precisam ter é com a anemia. Em geral, é possível que a gravidez cause um quadro anêmico na mulher - e, se ela já estiver assim, acentuará ainda mais o distúrbio, o que pode retardar o desenvolvimento dos fetos.>
Para evitar esse tipo de situação, a médica ginecologista Andreia Garcia, do Grupo CAM, indica que a paciente deve investir no consumo de vegetais verdes, como espinafre, couve e brócolis. “Eles possuem altas taxas de ferro, o que ajuda a combater a anemia”, comenta ela, que também pede que carnes brancas e peixes, que são fontes de ômega 3 e ajudam a melhorar o funcionamento do organismo, façam parte do cardápio. Vegetais verdes, como o brócolis, possuem altas taxas de ferro (Foto: Shutterstock/Reprodução) Outra preocupação necessária é com as vitaminas consumidas. São boas opções as frutas coloridas, como as vermelhas: morango, goiaba e acerola, que são ricas em vitamina C.>
Além delas, de acordo com Samyra, é indicado que a paciente busque fontes de vitamina B12, que atua no aparelho neurológico – tanto da futura mãe como do seu bebê –, além de ajudar na absorção do ferro. "Ela é encontrada, principalmente, em alimentos de origem animal", avisa a médica. É possível encontrar a vitamina em ovos e alguns peixes, por exemplo.>
Já no caso da vitamina D, que melhora o sistema imunológico, a principal forma de absorção está na exposição ao sol (a quantidade varia de pessoa para pessoa). Frutas vermelhas, como o morango, e cítricas, como a laranja, possuem poderes antioxidantes (Foto: Shutterstock/Reprodução) Pensa que as opções para comer bem acabaram por aí? Não mesmo. O cardápio de alimentos saudáveis é bastante amplo. Outra boa escolha para quem tem planos de engravidar, segundo Gildete Fernandes, é apostar na ingestão de amendoim, abacate e ovos, por serem ricos em vitamina E, substância precursora dos hormônios sexuais.>
“Além disso, banana, abacaxi e água de coco trazem triptofano, que produz a serotonina, que dá a sensação de bem estar, te deixa para cima. E, para ter um filho, você precisa estar feliz, certo?", brinca. As bananas ajudam na produção da serotonina (Foto: Shutterstock/Reprodução) A chefe de Nutrição do Hospital Português continua: "Se você não comer adequadamente, a libido cai, a disposição diminui, a força também. A genética, a gente não tem como mudar. O que a gente pode alterar são esses fatores externos, que também são determinantes. Ter todos os grupos alimentares diariamente, deixar o prato bem colorido e variado ajuda muito”.>
Porém, não é apenas no prato que está o segredo para preparar o corpo para uma gestação. Além da alimentação, é necessário que a futura mamãe passe por uma bateria de exames relacionados à sua nutrição, pelo menos três ciclos menstruais antes de parar com o método contraceptivo.>
Outro ponto importante é praticar atividade física por pelo menos 40 minutos, de 3 a 4 vezes na semana, e beber bastante água. Atividades físicas também são fundamentais para o bom funcionamento do organismo (Foto: Shutterstock/Reprodução) Sonho de ser mãe De olho nesses alimentos que podem atrasar a gravidez, a professora Tatiana* mudou sua dieta. Ela, que ainda tenta engravidar, já deu os primeiros passos para realizar o sonho de ser mãe.>
Conversou com sua ginecologista, procurou uma nutricionista e buscou ajuda de amigas que trabalham como doulas - pessoas treinadas para ajudar durante o parto. Além disso, leu bastante sobre o tema.>
“Busquei o que era necessário para que eu mudasse. Existem estudos que dizem que o açúcar não dialoga bem com os ovários, então passei a evitar, assim como os industrializados", comentou. O açúcar está sendo evitado pela professora, que pensa em engravidar (Foto: Shutterstock/Reprodução) Essa não foi a única mudança da vida dela, que estava disposta a ter um bebê. "Também comecei a comer mais frutas e fiz duas desintoxicações com alimentação viva (dieta baseada no consumo itens crus, como frutos frescos e secos, vegetais, sementes e grãos germinados). Quanto mais saudável seu corpo estiver, maior a probabilidade de melhorar a vida como um todo - e de conseguir engravidar”, explica.>
* Nome fictício, a pedido da personagem, que preferiu não se identificar.>
Saiba onde buscar orientação nutricional Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), há atendimento de nutricionistas em quase todas as Unidades de Saúde da Família (USF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Salvador.>
A primeira opção atenderá às pacientes que já têm cadastro na unidade de saúde. Já na segunda, o atendimento é para todos. É só ir no local mais próximo e pedir para agendar uma consulta com o profissional, levando um documento de identificação com foto e o cartão Sistema Único de Saúde (SUS).>
Atualmente, há 128 USFs e UBSs em Salvador. O mapa de todas as unidades está aqui.>