Readaptação Escolar na Pandemia De quem? Dos pais, das crianças ou da escola

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 2 de março de 2022 às 05:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Ninguém retorna igual diante de tantos lutos coletivos. É como o soldado que retorna da guerra; uma parte dele fica. Perdemos entes queridos, redes de apoio, renda financeira, entretenimento, contato social, abraços, calor humano…

Diante de desafios coletivos, precisamos de saídas coletivas. Estar entre os iguais é uma grande saída não apenas para os adultos, mas principalmente para as crianças. Todas as teorias do desenvolvimento infantil concordam que depois da família, não há nada melhor para uma criança do que outras crianças.   Sobrou para as escolas, que além de assumir os protocolos de saúde, têm mais um grande desafio. Elas precisam dar mais importância do que antes à socialização, pelo menos por um tempo. A aprendizagem fica limitada se as crianças não se sentirem seguras e organizadas emocionalmente.

Sabemos que as crianças têm uma grande capacidade de adaptação, mas especialmente agora não podemos esperar isso delas. Isso porque as crianças são como esponjas emocionais de toda a família e vivemos o tipo de estresse mais elevado, classificado como tóxico, intenso, frequente, prolongado e sem apoio. Todos levaremos algum tempo para nos reequilibrar emocionalmente. 

Então, precisamos, mais do que nunca, fazer esse retorno sem pressa, sem pressão e compreendendo que cada adaptação será única.

Se “a criança não estiver se adaptando”, não coloquemos mais essa responsabilidade na conta da criança, analisemos o contexto. 

Se uma escola não encarar esse momento como uma adaptação atípica, arrancando a criança do colo e dizendo que é normal, reivindique mais acolhimento ou procure uma escola mais acolhedora. São os pais que devem entregar a criança e não a escola tomá-la. 

Por outro lado, às vezes os pais não têm o tempo que a criança precisa para se sentir segura. No primeiro momento que ela se distrai, alguns pais aproveitam para sair, e sem se despedir. Quando as crianças se dão conta, elas choram muito. A escola deve chamar esses pais de volta, sem titubeio.   Quanto mais pressão a criança sentir, mais tempo ela vai precisar. Em algumas adaptações pode parecer que a criança não está evoluindo e só fica no colo. No entanto, o mundo já é um convite sedutor de descobertas e basta ela ficar no colo dos pais vendo os colegas que o processo de adaptação será natural e leve.   Precisamos reconstruir a adaptação escolar, pois ela é como um segundo corte de cordão umbilical (agora emocional) e representa como a criança vai se adaptar no mundo.   Não podemos esquecer que estamos retornando “da guerra” e que um pedaço nosso ficou. Que seja a nossa insensibilidade adulta.

Assim aprenderemos, finalmente, que a adaptação não é apenas da criança, mas também de toda a família e da escola.

André Garcez é psicólogo de pais e mães e especialista em terapia familiar sistêmica