Receio com futuro político e isolamento explicam vale-tudo de Geraldo Jr na Câmara

Por Jairo Costa Júnior

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Publicado em 11 de agosto de 2022 às 15:15

- Atualizado há um ano

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O gradual isolamento, a certeza de que sofrerá derrotas importantes na Justiça e o temor sobre o futuro político estão por trás da manobra ilegal operada pelo presidente da Câmara de Vereadores, Geraldo Júnior (MDB), para derrubar o veto do prefeito Bruno Reis (União Brasil) ao projeto que eleva o salário dos agentes de endemias, afirmam líderes de partidos e bancadas na Casa. Integrantes da base aliada à prefeitura apontaram sinais que, para eles, explicam o vale-tudo de Geraldo Júnior na sessão de anteontem. O primeiro tem relação com a ausência dos dois principais nomes da tropa de choque do emedebista durante a votação, os vereadores Carlos Muniz (PTB) e Henrique Carballal (PDT).

Me inclua fora dessa A distância regulamentar de Muniz e Carballal foi traduzida como receio de se tornarem sócios de uma operação que atropela a lei e de serem arrastados junto a Geraldo Júnior lá na frente. Em suma, a velha máxima da política: aliado caminha ao lado do outro até a beira do precipício, mas não se atira com ele.

Previsão de temporal Em conversas reservadas, vereadores consultados pela Satélite destacaram outro indício que reflete a estratégia de "tudo ou nada" do presidente da Câmara para derrubar o veto. Em declaração à imprensa poucos antes de ter a candidatura confirmada a vice-governador na chapa do PT, Geraldo Júnior deixou escapar o pessimismo com o julgamento do Supremo sobre a polêmica reeleição para o terceiro mandato consecutivo no comando do Legislativo municipal, vedada por entendimento já firmado na Corte. 

Corda apertada  O avanço do Ministério Público sobre os atos do presidente da Câmara também é listado como um dos motivos para a postura de risco que adotou desde o rompimento com o bloco liderado pela União Brasil e a adesão ao PT, em costura tramada na surdina. Além das ações movidas contra mudanças na legislação em desacordo com o regimento, o MP colocou a lupa sobre as contas da gestão de Geraldo Júnior, após pressão para que ele entregasse as informações. Eventuais irregularidades e o aviso de Bruno Reis de que não cobrirá rombos no orçamento da Casa podem deixá-lo inelegível.

Lance final "Com a chance muito remota de virar vice em 2023, somada à perda de força na Casa e aos pepinos que enfrenta, ele jogou todas as cartas para derrubar o veto e conquistar uma base forte (a rede formada por quase 3,5 mil agentes de endemias), na tentativa de eleger o filho (Mateus Ferreira, do MDB) deputado federal. Talvez tenha caído a ficha de que foi usado para ser descartado depois", disse um vereador próximo a Geraldo Júnior.

Forca pronta Para completar, existem movimentações em curso com vistas a um possível pedido de impeachment ou destituição do emedebista do comando da Câmara, a partir da análise jurídica sobre a série de medidas tomadas em desacordo com a lei de forma consciente e intencional.