Recital do Neojiba encanta público diverso no Parque do Queimado

Primeira apresentação da orquestra em 2022 foi gratuita e regida pela maestrina suíça Chiara Banchini

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  • Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2022 às 17:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

De pés descalços e olhar atentos, José Carlos Campos Neto, 9, acompanhava com os braços o movimento suave e ligeiro nas mãos das musicistas do Neojiba. A orquestra fez sua primeira apresentação do ano para o público neste domingo (20), com o concerto “Domingo no Parque”.

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o concerto foi regido pela maestrina suíça Chiara Banchini e teve participação da violinista baiana Priscila Rodrigues, que foi em 2020 estudar na Suíça com o apoio do projeto Excelências.

A orquestra apresentou peças de compositores do período pré-clássico e clássico. No repertório, estão “Divertimento”, de Mozart, “Adagio e Fuga”, de Richter, “Quarteto Concertante”, de Stamitz e a “Sinfonia n.5 para cordas”, de C.P.E Bach. 

Esta é a quinta vez que Chiara vem a Salvador para ouvir, orientar os integrantes do Neojiba e se apresentar na cidade. Ela pediu ao diretor-geral da Orquestra, Ricardo Castro, para ter uma orquestra só de cordas, algo bem diferente do feito pelo Neojiba, que sempre toca com sopro. Ricardo aceitou o desafio e eles caíram pra dentro, como se diz por aqui.

"Carl Philipp [Bach] é uma coisa incrível e quase nunca o tocam, porque é muito difícil. [Mesmo assim] eles fizeram bem", elogiou a maestrina.

O repertório também agradou José Neto, que acompanhava as músicas como um maestro sentado entre as 70 cadeiras que confortavam o público, reduzido à metade por conta das medidas contra o coronavírus. Gabriela, José Carlos e José Neto foram prestigiar o Neojiba (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Foi a primeira vez do garoto vendo um concerto de música clássica, levado pelo avô, José Carlos, de quem herda o nome que quer fazê-lo herdar, também, o gosto por esse tipo de música. Apesar de ter se encantado com as músicas, Neto pulou fora da ideia de aprender algum dos instrumentos postos ali a sua frente: 'parece muito difícil', contou encabulado.

Realmente, o nível é bem alto. Violista do Neojiba desde 2018, Israel Almeida, 21, disse que uma das coisas mais incríveis do programa é a possibilidade de estar em contato com musicistas do nível de Chiara. Os músicos acompanham o trabalho de pessoas como ela no exterior e tocar ao lado dela é, além de uma honra, importante para saber de seus próprios potenciais.

"Ela é uma pessoa incrível e o programa proporciona o contato com esse tipo de profissional, de um respaldo tão grande e ver que a gente também pode fazer música nesse nível aqui no Brasil", disse Israel.

Todos os ingressos postos para distribuição gratuita foram retirados. O público era bem diverso: jovens, criança, adultos e idosos, que desfrutaram de pouco mais de uma hora de música. 

"É muito bom porquea gente reafirma que não há um público como o do Brasil. Ver que eles gostam e sentem falta da gente é incrível. Sem eles, não teria nada sentido. Essa sala oferece uma experiência muito íntima que é rara aqui no Brasil. A gente sente como se eles tivessem aqui com a gente no palco", disse Israel, que esteve em turnê internacional com o Neojiba há três anos.

Uma das integrantes da Orquestra de Câmara, Priscila Santos, 26, entrou no Neojiba aos 12 e voltou a se apresentar na sala de concertos do Parque do Queimado após dois anos estudando na Europa. "Estar aqui novamente é muito emocionante. Conquistar essa sala foi uma grande vitoria para o Neojiba e estava muito ansiosa para voltar aqui. É um momento muito especial", afirmou.

Sobre a experiência no exterior, ela classifica como incrível: "Estou descobrindo outras maneiras completamente diferentes de tocar e pensar a música. Espero me divertir muito nesse concerto de domingo e espero que a nossa emoção possa atingir o público".

Em 2022, o Neojiba celebra 15 anos de existência. Ao longo de sua história, o programa mudou a vida de mais de 10 mil crianças, adolescentes e jovens baianos e tornou-se referência em desenvolvimento social por meio da música no Brasil e no mundo, com a promoção de sete turnês internacionais. 

Para comemorar a data, uma série de eventos como o Domingo no Parque serão promovidos durante o ano, especialmente em outubro, mês do aniversário do programa.