Retomada pós-pandemia terá obstáculos e desafios rumo à Indústria 4.0

Brasil precisará aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias

  • Foto do(a) author(a) Murilo Gitel
  • Murilo Gitel

Publicado em 25 de maio de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock

Adotar a inovação como forma de modernizar processos e produtos é fundamental para alavancar o crescimento da economia, ainda mais em um cenário pós-pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A afirmação consta no estudo Propostas para a Retomada do Crescimento Econômico, publicado em setembro de 2020 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Os técnicos da CNI indicam que, para se conectar a chamada Indústria 4.0 (Quarta Revolução Industrial), o Brasil precisará aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Mas como injetar recursos em uma realidade de recessão econômica global? Garantir que medidas emergenciais evitem a falência de empresas, prover um ambiente favorável aos negócios e eliminar o Custo Brasil estão entre as medidas sugeridas pela Confederação.

No contexto da indústria baiana, o anúncio da saída da Ford do País, em janeiro de 2021, impactou fortemente o setor: queda de 20,9% em fevereiro, em relação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados do IBGE.“Em 2021 e 2022 temos muita expectativa, por isso fica muito claro que o planejamento será fundamental. Esperamos o crescimento da segurança jurídica e a realização de reformas necessárias em nível de setor público, como a tributária e a administrativa. Além do controle da inflação e a gradual retomada dos postos de trabalho”, projeta o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban.O presidente da Fieb destaca que, atualmente, os destaques têm ficado por conta dos setores de energia renovável e saúde, que demonstram grande potencial de crescimento. “Hoje é fundamental trabalhar um sistema de convergência. O que não falta no mundo é recursos. O que os investidores precisam é de um porto seguro, e isso nada mais é do que payback, câmbio e segurança jurídica. Temos uma preocupação grande com as indústrias de médio porte que estão realmente lutando para sobreviver em meio a esse cenário provocado pela pandemia”, observa Alban.

Caminhos para a retomada Para o economista Gustavo Pessoti, vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), os caminhos são tortuosos no atual momento, pois a economia brasileira demorou para ingressar em um ciclo de desenvolvimento industrial e, quando o fez, não o encontrou alicerçado por meio de políticas que consolidassem os parques industriais dos estados.“O caminho passa hoje pela retomada do crescimento econômico, capital privado e internacional para fazer as grandes obras de infraestrutura (Ferrovia Leste-Oeste, Porto Sul, etc), dadas as limitações de receita e endividamento do poder público. A perspectiva de retomada inclui a consolidação de indústrias, efetivação do crescimento, criação de uma infraestrutura e uma melhor ambiência para o capital internacional. Melhorar a diplomacia nas relações internacionais também é primordial”, sugere Pessoti.Quarta Revolução Industrial O futuro do setor, seja na Bahia ou no restante do planeta, passa necessariamente pela Indústria 4.0, a qual abrange um amplo sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem, que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo.

A experiência internacional mostra que os bancos de desenvolvimento têm papel fundamental no apoio ao setor produtivo em momentos de transformações tecnológicas como o atual, a chamada Quarta Revolução Industrial. “É preciso priorizar, na política operacional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o financiamento à modernização industrial e ao comércio exterior”, sugere a CNI.

Referências made in Bahia Apesar de todas as dificuldades, a Bahia conta com trunfos importantes rumo à Indústria 4.0. Um dos principais é o Senai Cimatec, instituição inaugurada em 2002, em Salvador, que hoje é referência em nível mundial nas áreas de educação, pesquisa e inovação. Com a chegada do Senai Cimatec Park, em 2019, no coração do Polo Industrial de Camaçari, teve início uma nova era no estado e no Brasil com foco em novas tecnologias para a indústria.

A implantação do Cimatec industrial se dará ao longo de alguns anos, com base na demanda industrial e nas tendências tecnológicas que apoiarão o desenvolvimento baiano e nacional. A primeira etapa terá infraestrutura para atender as necessidades das seguintes áreas: Energia Eólica, Mecânica, Naval e Offshore, Automotiva, Elétrica, Construção Civil, Química, Petroquímica e Biotecnologia, Farmacêutica, Celulose e Papel e Petróleo e Gás.

Atração de empresas Para o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo, a implantação do Senai Cimatec Park representa desenvolvimento para o município, por meio do fomento na geração de emprego e renda para a população, uma vez que a unidade é um importante elemento na atração de empresas que atuam no ramo de inovação e tecnologia, além de servir como suporte às já existentes no Polo Industrial.“O Cimatec Park é o mais importante complexo de tecnologia e inovação do Brasil, um marco para a Camaçari e a Bahia, e contribui para o reconhecimento internacional do País em desenvolvimento tecnológico”, reforça Elinaldo Araújo.

O Indústria Forte é uma realização do Correio, com o patrocínio da CF Refrigeração, Jotagê Engenharia, Unipar, Tronox, Bracell, o apoio da AJL Locadora, Wilson Sons, Sotero Ambiental, Larco, SINDIMIBA e o apoio institucional da FIEB e Prefeitura de Camaçari.

O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.

Assinantura Estudio Correio
O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.