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Da Redação
Publicado em 15 de março de 2021 às 05:29
- Atualizado há um ano
A pandemia do coronavírus chegou de maneira avassaladora em 2020, colocando uma pressão sem precedentes sobre a sociedade em escala global. O setor automobilístico viu-se desafiado como nunca, em especial em nosso país, que já estava atrasado em seus deveres de casa no sentido de melhorar o ambiente de negócios e a competitividade.
Tivemos um tombo inesperado na crise de 2016, mas nada foi feito para aliviar o Custo Brasil que dificultou muito nossa lenta recuperação no triênio de 2017 a 2019. O início de 2020 sugeria a continuidade da retomada, mas o bom momento foi solapado pela covid-19 há um ano, fazendo com que encerrássemos o ano retrocedendo para os pífios volumes de 2016, e sem perspectivas de uma recuperação plena a curto prazo.
Pior do que os resultados negativos foi ver novamente as carcaças do Custo Brasil expostas num curto período de quatro anos. E desta vez elas estão fazendo estragos na economia como um todo, inclusive em nosso setor. O recente anúncio do fechamento fábricas fez um sinal de alerta se acender sobre toda a cadeia automotiva.
A pandemia escancarou a necessidade de mudanças profundas nas estruturas tributárias e administrativas do governo, e de reformas pontuais que removam entraves burocráticos, jurídicos e fiscais que pesam sobre os ombros do sistema produtivo.
Estamos vivenciando uma crise gravíssima, que desarticulou a cadeia de fornecimento e afetou a produção de veículos. E agora em escala global, o que amplia a ociosidade industrial, gerando uma competição ainda mais acirrada entre países produtores na busca de mercados para exportar.
Em meio a todos esses desafios conjunturais e estruturais, a indústria automobilística não vai poupar esforços para continuar sua transformação rumo às novas demandas globais de mobilidade, conectividade, automação, serviços compartilhados e de propulsão limpa.
Vamos continuar exercitando nossa vocação de inovação e desenvolvimento tecnológico, trazendo retorno para a sociedade na forma de arrecadação robusta de impostos, de geração de empregos de qualidade, de desenvolvimento regional e de aumento do PIB.
Nosso mercado interno tem grande potencial de crescimento, é um dos que apresenta a menor relação de motorização per capita no mundo. E temos todas as condições de ser um polo exportador de veículos de alta tecnologia. Para isso, precisamos de mais acordos comerciais, menos entraves às exportações e um ataque frontal ao Custo Brasil.
Temos pressa para crescer, gerar riquezas e principalmente empregos. O Brasil tem hoje 20 milhões de desempregados e desalentados, o equivalente à população do Chile. É um crime se cogitar a desindustrialização do nosso país, nos relegando à condição de colônia fornecedora de produtos primários. Sorte do país que detém um setor automobilístico tão robusto como o Brasil.
Luiz Carlos Moraes é presidente da Anfavea