Rixa externa teria provocado mortes de internos no Conjunto Penal de Feira de Santana

Mortes motivaram a transferência de 10 internos de uma mesma organização criminosa

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  • Bruno Wendel

Publicado em 25 de agosto de 2020 às 05:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Seap/Divulgação

Pelo menos dois assassinatos de internos no Conjunto Penal de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador, teriam sido reflexo de uma rixa externa entre integrantes facções criminosas. Os dois presos foram espancados em dias distintos neste mês durante o banho de sol. As mortes motivaram a transferência de 10 internos de uma mesma organização criminosa no sábado (22). “As informações preliminares dão conta de que as mortes foram resultado de conflitos externos. Isso está sendo investigado pela Polícia Civil”, declarou o capitão Allan Araújo, diretor do Conjunto Penal de Feira de Santana, na manhã de segunda-feira (24).  A primeira ocorrência de morte por agressão foi registrada dia 9 de agosto e a segunda, na última sexta-feira (21). Nos dois casos, as vítimas foram socorridas para o Hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana, mas não resistiram aos ferimentos. A direção da unidade não soube dizer se os dois internos assassinados faziam parte da mesma facção. “Isso vai constar no inquérito policial instaurado para apurar a situação. Por enquanto não tenho como dizer isso. As vítimas podem ser do mesmo grupo ou não. O que se pode afirmar é que os 10 apontados como envolvidos nas mortes fazem parte do mesmo grupo”, disse Araújo.

No dia 21 de março, um detento foi encontrado morto por enforcamento em uma das celas no pavilhão 2, local onde ficam custodiados os presos transferidos. “Não sabemos ainda a circunstância. A Polícia Civil também apura”, disse Araújo. O homem que foi morto em março cumpria pena no regime semiaberto por estupro. O CORREIO procurou a Polícia Civil e aguarda as respostas.  Os nomes das facções não foram revelados, sob o argumento de que a citação pode ser entendida como uma promoção das organizações criminosas. Mas, quando questionado se ainda há internos ligados à maior facção da América do Sul, o Primeiro Comando da Capital (PCC), no conjunto penal, o diretor da unidade foi direto: “Não. Já foram todos transferidos”. Até fevereiro do ano passado, a unidade era uma espécie de sucursal do PCC.   Os 10 detentos que habitavam o pavilhão 2 da unidade prisional foram transferidos para o Conjunto Penal de Serrinha, unidade de segurança máxima, e para o Complexo Penitenciário de Salvador, na Mata Escura.  O conjunto penal possui 13 pavilhões – seis destinados aos presos em regime fechado, cinco aos presos em regime provisórios e dois para os custodiados em regime semiaberto.  Perguntado quanto à qualificação dos presos e quais deles foram levados para unidade de segurança de Serrinha e quais deles encaminhados para o complexo da Mata Escura, Araújo informou que, por questões de segurança, a relação dos detentos transferidos não será divulgada, apenas seus familiares e defensores serão informados. Indicados como os responsáveis pelas agressões, eles podem ter suas penas agravadas.Operação Para a transferência foi montada uma operação autorizada pela Superintendência de Gestão Prisional da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) e contou com a colaboração do setor de inteligência prisional e da 1°Coordenadoria de Polícia do Interior (1ª Coopin), além do apoio operacional do Comando de Policiamento da Região Leste (CPRL), através da Rondesp Leste e do Comando de Policiamento Especializado (CPE), através da Companhia Independente de Policiamento de Guarda de Feira de Santana (CIPGD/FSA).

Ao CORREIO, a Seap informou que não pode informar os nomes dos presos por questão de segurança, mas afirmou que "eles foram transferidos para o Conjunto Penal de Serrinha". Acrescentou ainda que eles são de grupos rivais.

A pasta disse ainda que "uma morte ocorreu no dia 9 e outra no dia 21 do mês corrente. Suas mortes estão sendo investigadas pela Polícia Civil, a quem cabe legalmente o poder de polícia. Porém, concomitantemente, a Seap realiza um Procedimento Administrativo Interno para apurar as circunstâncias do fato".