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Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2019 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Uma semana depois do rompimento da Barragem do Quati, os moradores de Pedro Alexandre e Coronel João Sá ainda sofrem as consequências do desastre. Nas duas cidades, moradores já começaram a apresentar diarréia, febre, e vômitos. A auxiliar serviços gerais, Elenice da Silva Amorim, teve a casa inundada pela água e desde então tem apresentado alguns sintomas.>
“Tô com [sintomas de] gripe, diarréia e dor de cabeça. O médico veio aqui em casa, fui pro posto, tomei soro e ele mandou eu me hidratar”, contou a moradora de Coronel João Sá, que teve contato com a água da enchente para tentar salvar os seus pertences.>
Por entrar em contato com esgoto e lixo, a água da enchente é um possível vetor de doenças diarreicas, hepatite A e E, tétano acidental, febre tifoide, doenças respiratórias e leptospirose, aponta a Secretaria de Saúde do Estado. A Sesab informa ainda que a inundação pode evoluir para uma emergência em saúde pública.>
Para reduzir os riscos nas cidades, as prefeituras em conjunto com agentes de saúde do estado para coibir mais infecções nos municípios. “Trabalhamos para vacinar os moradores e os gatos e cães e porcos da cidade”, explicou o prefeito de Coronel João Sá, Carlos Sobral.>
Em Pedro Alexandre, a maior parte das 1.500 casas afetadas pela interrupção temporária do fornecimento de água já começaram a ter o abastecimento restabelecido. Como a distribuição é retomada de forma gradual, alguns imóveis ainda estão sem água. O prefeito, Pedro Gomes Filho, apontou que os caminhões pipa da Embasa ainda estão na cidade para atuar nas localidades que permanecem sem o abastecimento.>
“Algumas pessoas estão sem água, mas não é uma coisa geral, é mais dentro da cidade. Pouquíssimas famílias tiveram esse problema”, explicou o gestor municipal. Em nota, a concessionária informou que cerca de 300 imóveis permanecem sem abastecimento, mas este deve ser regularizado até a noite de quinta (18).>
Chuvas e barragens Na manhã desta quinta (18), a Defesa Civil realizou a vistoria das barragens da Lagoa Grande, de Serra Torre e da Fazenda Senhor do Bonfim. Na última estrutura de contingenciamento, a equipe do governo teve que realizar um sangramento devido ao nível da água.>
“[A Defesa Civil] abriu o sangradouro agora para evitar um rompimento da barragem. Como as barragens estão muito fragilizadas por conta das chuvas, a gente se preocupa”, relatou o superintendente da Defesa Civil, Paulo Sérgio Menezes. De acordo com ele, as equipes vão continuar a realizar as vistorias nas barragens até o fim das chuvas na região.>
O serviço de meteorologia do Instituto Do Meio Ambiente E Recursos Hídricos (Inema) aponta que deve chover de forma irregular na região até o final de semana. Apesar de não haver estiagem, as chuvas devem ser mais brandas no período, com a previsão de precipitação de 20 a 50mm por dia.>
Os moradores das cidades apontam que após uma trégua, uma garoa começou a cair na quinta-feira (18) nas localidades. Para esta sexta-feira (19), o Inema aponta que há 70% de chance para chover nos municípios vizinhos. A meteorologista do instituto, Diva Cordeiro, explica que a precipitação na região tem continuidade devido a uma frente fria que atinge o nordeste da Bahia.>
“A gente tem maior atuação de sistemas frontais, as famosa frente frias. Elas vem desde o sul do país e ao entar no nordeste causam chuva, em especial litoral. Essa frente fria não fica somente presa ao litoral, mas pega algumas cidades mas para o interior”, esclareceu.>
Luta para reorganizar a cidade Aos poucos, algumas famílias desabrigadas já começam a retornar a suas casas e as gestões municipais iniciam a reorganização das cidades. De acordo com o prefeito de Pedro Alexandre, algumas pessoas já tiveram os imóveis liberados pela Defesa Civil. Entretanto, ele aponta que a maior dificuldade enfrentada pela cidade é a condição das estradas vicinais que fazem a ligação entre o município - todas de terra.>
“A cidade está intransitável. As pessoas estão perdendo leite porque não tem como o caminhão do laticínio ir buscar”, disse Pedro Gomes, que apontou ainda que as aulas devem continuar suspensas no município e, por isso, devem se estender até o mês de janeiro.>
Em Coronel João Sá, a situação aparenta estar mais normalizada. A Ponte do Senhoral, que foi interditada após o rompimento da barragem, foi liberada para o tráfego na última terça, informou o prefeito. Entretanto, o gestor informou que as pessoas só devem ser liberadas para retornar para suas casas nesta sexta (19).>
Sem ter recebido o aval da Defesa Civil, Elenice já retornou para a sua casa. Ela explicou que o imóvel não corre risco, mas não foi liberado pelo “cheiro” deixado pela água da enchente. “A gente já limpou com cloro e melhorou”, disse a auxiliar serviços gerais para amenizar a situação.>
Como ajudar Sem divulgar números, as prefeituras informam que muitas doações de alimentos, roupas e calçados já chegaram nas cidades. A cabeleireira de Coronel João Sá, Lidiane dos Santos, contou que muitos moradores já receberam comida, mas ainda precisam de móveis. O prefeito da cidade concorda com a moradora: “Precisamos mais de eletrodomésticos e móveis”, apontou.>
Para auxiliar as localidades afetadas, a Prefeitura de Salvador está recolhendo doações de roupas e alimentos nas prefeituras-bairro da capital. A gestão municipal informa que a prioridade é a arrecadação de água potável, alimentos não-perecíveis, materiais de higiene pessoal, roupas em bom estado de conservação, de cama e banho e produtos de limpeza.>
As unidades que recebem as doações são: o Centro/Brotas, Subúrbio/Ilhas, Cajazeiras, Itapuã, Cidade Baixa, Barra/Pituba, Cabula/Tancredo Neves, Pau da Lima, São Caetano/Liberdade e Valéria. A prefeituras-bairro recebem os donativos das 8h às 17h, durante a semana.>
As voluntárias Sociais da Bahia também realizam a campanha ‘Bahia Solidária’ para recolher doações. Das 8h às 21h, é possível entregar a contribuição na sede da instituição, localizada na Rua Baronesa de Sauípe, 382, no largo do Campo Grande, em Salvador. Os doadores podem contribuir com alimentos, água, colchões e os materiais de limpeza e higiene.>
Quem quiser ajudar também pode entregar roupas e alimentos não perecíveis em qualquer quartel da corporação na capital ou interior do Estado, das 8 às 18h. Para mais informações, é possível enviar e-mail para [email protected].>
As próprias prefeituras também tentam arrecadar recursos para as cidades por meio de doações em dinheiro. Para ajudar Coronel João Sá, é possível realizar um depósito nas conta do município no Banco do Brasil. Já quem deseja apoiar a cidade de Pedro Alexandre, pode fazer uma transferência para uma conta recém-criada no Banco do Brasil para este fim.>
Coronel João Sá Agência 3913-6 / Conta Corrente 16000-8 Município Coronel João Sá CNPJ: 14.215.818/0001-36>
Pedro Alexandre Agência 1745-0 / Conta corrente: 18193-5 Município de Pedro Alexandre CNPJ: 14.216.238/0001-63>
*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier>