Rua Ruy Barbosa. A rua da Imprensa

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  • Nelson Cadena

Publicado em 1 de julho de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Em meados da década de 1840, o Dr. Tiburtino Moreira Prates, diretor do jornal literário O Crepúsculo, promovia na sua residência da Rua Ruy Barbosa 36, então denominada de Rua dos Capitães, animadas tertúlias do Instituto Literário, sociedade proprietária do periódico. O Crepúsculo foi uma das publicações da Santíssima Trindade do jornalismo literário filosófico da primeira metade do século XIX, junto com o Mosaico e A Época Literária. Próximo à residência do Dr. Tiburtino, na Rua dos Capitães nº 9, residia o casal João José Barbosa de Oliveira e Maria Adélia Barbosa de Oliveira. Seu filho ilustre, Ruy Barbosa, nasceu em 1849 e residiu no imóvel até os 16 anos de idade.

A Casa, reedificada a partir de um esboço do pintor Prisciliano Silva, é hoje a sede do Museu Casa de Ruy Barbosa, um dos patrimônios culturais da Associação Bahiana de Imprensa-ABI, inaugurado em 1949; nela a ABI instalou sua sede em 1950, permaneceu durante uma década, enquanto construía o edifício Ranulfo Oliveira, na esquina da Praça da Sé com a Rua Guedes de Brito. O Museu foi desativado, após relegado ao abandono pelas Faculdades Ruy Barbosa que administrava e negligenciou o acervo. Será recuperado pela ABI e reaberto ao público, até 2023.

Próximo às residências do Dr. Tiburtino Prates e de Ruy Barbosa, na Rua dos Capitães, 72 residia o Dr. Paulino da Costa Chastinet, gerente da Gazeta Médica da Bahia, uma das publicações científicas mais conceituadas na imprensa brasileira, respeitada na Europa pela sua contribuição à ciência com artigos e ensaios, em torno da medicina tropicalista. Residiu na Rua dos Capitães 50, também, o jornalista e abolicionista Eduardo Carigê, principal redator da Gazeta da Tarde, o jornal abolicionista de Panphilo de Santa Cruz e colaborador de vários jornais, dentre os quais o Diário da Bahia e o Pequeno Jornal.  

A relação da Rua Ruy Barbosa com a imprensa não se restringe apenas ao patrimônio cultural da ABI, às tertúlias do Dr. Tiburtino que resultaram em instigantes artigos no “Crepúsculo” e à residência de jornalistas ilustres. Na rua, foram impressos alguns dos maiores jornais diários da Bahia: O Diário da Bahia, na sua primeira fase (1856-1857), A Tarde (a partir de 1930, até 1975), parte das oficinas e o próprio gabinete de Simões Filho tinham janelas voltadas para a rua Ruy Barbosa e O Imparcial (1918-1947).

Foram impressos ainda, periódicos semanais, quinzenais e mensários, a maioria na tipografia de Epifânio Pedrosa que em 1849 transferiu suas oficinas da Rua Pão de Ló para a Rua dos Capitães. Impressas também revistas, não sabemos os títulos, na Companhia Editora e Gráfica da Bahia que vendia esses serviços. Entre os jornais impressos destacamos A Tolerância (1849-50); O Noticiador Católico (1849), Boletim da Saúde Pública (1850); O Cascavel (1850); A Verdadeira Marmota (1850); A Violeta (1853); O Acadêmico (1853); O Raio (1856); A Lei (1857); A Semana (1857); O Fiscal (1857); O Telegrafo (1858); O Equilíbrio (1858); O Eco Bahiano (1859); A Independência (1859); A Abelha (1860); O Liceista (1860); O Marimbondo (1860); O Estudante (1860); O Anjo da Guarda (1862); O Eco Republicano (1862); O Sino de São Pedro (1863); O Arpão (1863); O Aplicador (1865) ...

Ruy Barbosa conviveu com todos esses títulos e, ele próprio, iniciava a sua carreira jornalística, em 1868, em São Paulo, e logo mais na Bahia como redator-chefe do Diário da Bahia (1872). Foi o homem de imprensa mais ilustre a residir na rua que, a partir de 1903, em sua homenagem, foi rebatizada com seu nome.

Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras