Salvador: a cidade que não sai na foto

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  • Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 05:08

- Atualizado há um ano

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É muito comum chegarmos em pequenas cidades da Europa, cuja fama se deve a um resto de muralha, uma cúpula de igreja, e ver o quanto a cidade explora seu único cartão postal. Há postos de turismo, onde você pega informações sobre as diversas atividades, os restaurantes, sempre há ao menos uma praça onde se concentram opções várias de alimentação e bebida, e saímos ao menos com uns três panfletos do posto; sendo um o mapa da cidade, com seus principais pontos turísticos, outro com as opções culturais, e um com opções de passeios pelos arredores, por ruínas, ou explorando a natureza, ônibus que circulam a cidade, e por aí vai.

Salvador não tem um cartão postal. Tem diversos, dezenas. Estive no Cine Glauber Rocha, há poucos dias, e tirei uma foto da sequência que começa com o Palace, passa por aquele edifício com um lindo painel de Carybé, na sequência com o Fasano e o cinema. A prefeitura tem feito intervenções na Praça Castro Alves, de onde tirei a foto, e há uma preocupação em revitalizar a região, mas nunca vi uma foto deste cartão postal de Salvador. Que, por sinal, fica ao lado do SULACAP, onde há um belo teto que turista algum sabe que existe (e muitos residentes, também).

E quantos sabem do Museu Afro-Brasileiro, que se encontra próximo à igreja onde o padre Antônio Vieira pregava seus grandes sermões?

Se subirmos em direção ao Pelourinho, numa quebrada pode-se chegar à Casa Coaty, projetada por Lina Bo Bardi. Ou seguir para o Museu da Misericórdia. Fui lembrando enquanto escrevia. Quantos têm acesso a esses espaços e muito mais? Quantos sabem que a Igreja da Lapinha tem motivos mouriscos, igreja ímpar no país?

Ou que do Farol da Barra até o Forte de Monte Serrat Salvador era uma grande fortificação, que se pode ver num passeio de barco que margeia muralhas e construções de proteção à cidade? Se um turista quiser saber da programação cultural da cidade, vê onde? Onde se informa? E cadê os espetáculos que poderiam atrair turistas, cadê uma programação cultural forte preenchendo todos os espaços culturais da cidade e sendo, também, “cartões postais” da cidade?

Antes de ver o filme, fomos comer algo no Pelourinho. Muita coisa fechada, em pleno verão, janeiro, no centro turístico da cidade. Lugar que era para ter movimentação 365 dias do ano, com uma das maiores e melhores diversidades de opções gastronômicas e culturais. Quase nada, próximo do nada.

Salvador pulsa por si só. É uma cidade que chama a atenção por sua história, sua cultura, alguns de seus cartões postais. Mas que muitas vezes resiste e atrai apesar dos poderes públicos e da iniciativa privada.

Sempre que vou turistar com alguma visita, me sinto abandonado. Perdido. Nada de guia, mapa ou informação; nenhum posto. Não sabemos nunca o que está funcionando, o que ainda existe, o que inaugurou ou foi reinaugurado. Mas há que se lembrar que, das maiores capitais do país, Salvador é a única a não ter um teatro municipal. Isso diz muito. Você quer ver o Balé Folclórico? Vai ficar querendo. Que tal um musical baiano? Super turístico, não é? Nada. A primeira capital do Brasil não tem um museu contando sua história, ou mostrando seus artistas visuais mais importantes.

Uma coisa puxa a outra. Uma política cultural efetiva, uma boa estrutura de informação para o turista, e uma divulgação estratégica dos potenciais da cidade poderiam alavancar a cidade mundialmente.

Mas seguimos com nossos valores turístico-culturais ainda tentando, ao menos, sair na foto.