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Da Redação
Publicado em 7 de setembro de 2022 às 05:13
- Atualizado há 2 anos
A mudança climática é um fato, e não cabe mais idealizar esse cenário apenas em um tempo futuro. Dados recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas dão conta de que o nível do mar está aumentando em todo o mundo e ameaça invadir terras hoje ocupadas por cerca de 10% da população global. Além disso, as inundações costeiras que ocorrem uma vez a cada século passarão a ocorrer, pelo menos, uma vez por ano em mais da metade das costas de todo o mundo.>
Salvador também entrou no radar de risco. Segundo o Climate Central, toda a região do bairro do Comércio, por exemplo, sofre sérias ameaças com o aumento da temperatura e consequente elevação do nível do mar, podendo estar completamente embaixo d´água nos próximos 70 anos. Outros importantes pontos turísticos da capital como o Porto da Barra e a Ilha dos Frades também estão ameaçados com o avanço da maré. O que parecia distante já apresenta sinais claros de seus efeitos. Nessa semana, vídeos viralizaram na internet mostrando ondas gigantes invadindo o Yatch Clube da Bahia e o calçadão da localidade conhecida como Pedra da Sereia, no bairro de Ondina, dando mostra dos atuais impactos causados pelo aquecimento global. >
Cumprir as metas mais ambiciosas do acordo climático de Paris de 2015 poderia reduzir a exposição ao aumento do nível do mar em cerca de metade. Mas, infelizmente, o mundo não está a caminho de limitar o aquecimento global a 1.5 °C. Com base nas emissões atuais, a Terra pode alcançar ou mesmo exceder o aquecimento de 3 °C até 2100. >
Não deverá existir no mundo uma nação imune às consequências do descontrole das atividades humanas que impactam diretamente o clima. Se continuarmos fazendo tudo da mesma forma, os graves danos serão inevitáveis. Para reverter este cenário é preciso atuar desde já na combinação de estratégias audaciosas de combate às mudanças climáticas em sintonia com medidas de adaptação e soluções baseadas na natureza (SBN). Apenas atuando de forma interinstitucional poderemos traçar uma estratégia que realmente surta efeito para os próximos 70 anos. >
Por isso, no último dia 10 de agosto, a Prefeitura de Salvador deu um importante passo. Fomos a primeira cidade da América Latina a criar um Grupo de Trabalho para o enfrentamento da elevação do nível do mar. Coordenado pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência, o colegiado tem o objetivo de monitorar e implementar ações relacionadas à elevação do nível do mar na cidade, bem como definir estratégias para minimizar os impactos do fenômeno nos próximos anos no município. Em um ano, o GT vai elaborar o Plano de Adaptação para minimizar esses possíveis impactos. O nosso principal projeto é o Plano de Ação Climática de Salvador, com o compromisso da neutralização do carbono até o ano de 2049, aniversário de 500 anos da cidade, em conformidade com o Acordo de Paris. O Plano foi financiado com recursos do BID, com apoio da C40, GIZ e WRI, grandes parceiros da cidade de Salvador no desenvolvimento de estudos e projetos técnicos para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. >
O pioneirismo na implantação do Grupo de Trabalho e demais ações que tornarão a capital baiana uma cidade carbono zero demonstram o compromisso de uma gestão não apenas com a pauta ambiental, mas sobretudo, com a vidas dos soteropolitanos, uma vez que os impactos desses fenômenos atingem aspectos sociais e econômicos. Estamos construindo uma cidade modelo e referência global na implementação de ações de sustentabilidade e resiliência. >
Acompanhar, estudar, planejar ações, mitigar impactos e adotar medidas de adaptação não são fruto de adivinhação futurísticas. São políticas públicas e de amor à cidade e às pessoas que nela vivem, investem e passeiam nela.>
Marcelle Moraes – secretária municipal de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador >