Salvador é escolhida para sediar a nova estátua de Gandhi Andante

Monumento existe em apenas quatro cidades do Brasil e outras capitais do mundo

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  • Gil Santos

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 12:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

É difícil que alguém nunca tenha ouvido falar de Mahatma Gandhi. Um das figuras mais famosas do século passado, ele é referenciado sempre que se fala em luta por igualdade, liberdade e direitos civis. A partir desta quinta-feira (8), o homem que lutou para que o povo indiano se tornasse independente dos ingleses, passou a ser homenageado com uma estátua na Praça da Inglaterra, no bairro do Comércio, em Salvador.

A peça, batizada de Gandhi Andante, foi esculpida em bronze pelo artista Gautam Pal e simboliza a Marcha do Sal, movimento liderado por Gandhi em 1930 contra a proibição da extração de sal na Índia colonial imposta pelos britânicos. Ela tem 1,94 metros de altura e pesa cerca de 400 kg.

À primeira vista, a impressão é de que a imagem está caminhando. Posicionada sob a sombra de duas árvores, ela fica no meio da praça e voltada para o mar, para as mesmas docas onde, em 1949, um ano após o assassinato do indiano, surgiu o grupo Afoxé Filhos de Gandhi, e que se tornou uma tradição do carnaval baiano. Integrantes do bloco estiveram no evento e fizeram homenagens.

Cerimônia A estátua foi doada para Salvador pelo governo da Índia, via embaixada no Brasil, e entregue oficialmente nesta quinta-feira. O prefeito ACM Neto participou da cerimônia e agradeceu ao governo indiano pela deferência. Ele disse que Gandhi foi um exemplo a ser seguido, e que a capital baiana tem muito em comum com os ensinamentos deixados pelo líder pacifista.

“Salvador é uma cidade que tem tudo a ver com a vida de Gandhi, tem tudo a ver com o que ele edificou na humanidade. Nós somos também uma cidade pacifista, agregadora e que gosta de juntar as pessoas. Nós somos uma cidade que não aceita a intolerância, que rejeita os preconceitos e as perseguições, e que sabe valorizar o ser humano, as pessoas. Tudo isso casa com a luta de Mahatma Gandhi”, afirmou.

A cerimônia em Salvador aconteceu seis dias após o Gandhi Jayanti, um evento celebrado na Índia para marcar o aniversário do líder, todo 2 de outubro. O embaixador indiano Suresh K. Reddy participou do evento na capital baiana, contou que chegou ao Brasil há três semanas, e que está tentando se familiarizar com o país.

Ele disse que escolheu começar as visitas por Salvador porque existe uma conexão histórica entre os baianos e a Índia, e porque a cidade é a nova sede da casa de Gandhi. O embaixador destacou o dinamismo e a diversidade da população, e contou que vai permanecer três dias na capital baiana conversando com as autoridades e conhecendo as regiões importantes da cidade.

Antes do evento, o embaixador e o governador Rui Costa estiveram na Basílica Santuário do Senhor do Bonfim. No dia anterior, o indiano e o vice-governador João Leão estiveram na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Reddy disse que vai trabalhar em favor de uma parceria cada vez mais forte entre Índia e Bahia, e falou em trazer um grupo cultural indiano para participar do carnaval de Salvador.

Novidade Com a inauguração da estátua, Salvador entrou para a seleta lista de cidades onde existe o monumento à Gandhi. No Brasil, há exemplares no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Londrina (PR). No mundo, cidades como Nova Iorque, São Francisco, Nova Déli, Washington, Moscou e Budapeste também têm essa peça.

Para o titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Pablo Barrozo, a representação significa muito para cultura e o gesto serve para estreitar os laços entre a Índia e Salvador. “Mahatma Gandhi simboliza paz e união, e a construção do bem comum através da paz. Ele significa muito para toda a humanidade. Para nós é uma honra receber a estátua dele”, contou.

Mahatma Gandhi nasceu na Índia, em 1869, formou-se em Direito na Inglaterra, e dedicou a vida à luta pela independência do povo indiano. Ele foi preso e perseguido diversas vezes, mas sempre defendeu a resistência não violeta, através da não cooperação econômica e da desobediência civil, entre outros métodos.

Ele viu a independência acontecer, mas foi assassinado em janeiro de 1948, cinco meses após o país se declarar liberto do Reino Unido. Gandhi é considerado uma referência no mundo todo e foi indicado cinco vezes ao Prêmio Nobel da Paz.