Salvador e RMS têm dois casos confirmados de doença transmitida pelo maruim

Os casos foram confirmados em junho deste ano. Pacientes foram diagnosticados em Salvador e Lauro de Freitas

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  • Amanda Palma

Publicado em 27 de julho de 2017 às 15:34

- Atualizado há um ano

Dois casos de febre de oropouche foram confirmados em Salvador e Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). A doença é uma arbovirose, transmitida pelo maruim ou pela muriçoca. Uma criança de 10 anos e um adolescente de 16 foram infectados na capital e em Lauro de Freitas.

De acordo com o médico infectologista Antônio Bandeira, os casos foram registrados em novembro e dezembro do ano passado, mas somente em junho deste ano é que o diagnóstico foi concluído, após testes realizados no Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

"Os dois pacientes tiveram sangue coletado para fazer exames. Inicialmente, a gente não sabia que tratava do oropouche. Os testes deram negativo pra zika, chikungunya, dengue. O professor Gúbio [pesquisador Gúbio Soares da Ufba] continuou investigando e este ano descobriu que se tratava do oropouche", explicou o médico.

Os sintomas da febre são os mesmos aos das arborviroses já conhecidas: dengue, zika e chikungunya, como febre, dores no corpo e manchas vermelhas na pele. Por isso, é importante que as pessoas que apresentarem os sintomas sejam atendidos em uma unidade de saúde para ter o diagnóstico correto, afirma Bandeira.

Tratamento"O tratamento é semelhante ao da dengue, que é se hidratar bastante e depois tomar as medicações para os sintomas. Mas quem deve prescrever o tratamento é o médico. A gente procura sempre evitar no caso desse vírus uso de aspirina, porque em algumas situações pode dar algumas alterações", explica.

Segundo o médico, apesar da demora para descobrir qual era o vírus, os dois pacientes foram tratados para a doença, que teve o quadro de sintomas por cerca de quatro dias, e já estão curados.

A febre de oropouche é mais comum na região amazônica e ainda não há uma explicação para o motivo de o vírus ter chegada à Bahia, segundo o pesquisador Gúbio Soares. "Esses dois casos mostram que esse vírus está circulando. Esse vírus é muito comum na região amazônica e acontecem casos esporádicos em outros estados, mas ainda não sabemos como chegou à Bahia", explicou o pesquisador da Ufba.

De acordo com o médico Antônio Bandeira, nenhum dos pacientes viajou para a região amazônica. "Eles não tiveram nenhum contato com a região amazônica, nem viajaram para outro lugar endêmico. É difícil a gente saber exatamente como foram infectados pelo vírus, porque ele circula tanto no maruim como na muriçoca. Qualquer um dos dois pode ter transmitido a doença", disse.

Ainda segundo ele, é possível que outros casos da febre de oropouche estejam acontecendo no estado, mas podem estar sendo confundidos com outras arboviroses, já que os sintomas são os mesmos. "Podem estar ocorrendo casos, mas sendo diagnosticados como zika ou dengue. A gente vai ter que continuar os estudos para saber se existem novos casos ou se foram somente esses dois", completa.

O estado nunca tinha registrados casos da doença até o ano passado. O médico Antônio Bandeira disse que já notificou as secretarias estadual (Sesab) e municipal da Sáude (SMS) e também o Ministério da Saúde sobre os casos no estado.

A assessoria da Sesab informou que ainda não foi notificada sobre os casos da doença e que não há registros anteriores da circulação do vírus no estado. Já a SMS informou que foi notificada dos dois casos da doença. Já o Ministério da Saúde informou que acompanha os casos e que, no país, a partir de 2015, foram cinco casos confirmados de Oropouche - três em Roraima e dois no Amazonas). (Veja nota abaixo).

Febre de OropoucheSintomas: febre, manchas vermelhas, dores no corpo e dor de cabeçaTransmissor: maruim ou muriçocaTratamento: hidratação e medicação receitada pelo médico

Confira nota, na íntegra, do Ministério da Saúde:"O Ministério da Saúde tomou conhecimento do caso ocorrido Bahia por meio de um projeto de pesquisa em que o vírus Oropouche foi testado, mas que ainda não está confirmado. O Ministério da Saúde acompanha os casos. De acordo com o relato, os casos teriam ocorrido entre nov/2016 e dez/2016. No Brasil, a partir de 2015, foram registrados cinco casos confirmados de Oropouche (3 em Roraima e 2 no Amazonas).A febre Oropouche é transmitida aos seres humanos principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis. Ela tem um período de incubação de 4 a 8 dias. Os sintomas são semelhantes aos sintomas da dengue. O início é súbito, geralmente com febre, dor de cabeça, artralgia, mialgia, calafrios e, às vezes, náuseas e vômitos persistentes."