Salvador recebe 286 mil agulhas e seringas para imunizar todos os profissionais de saúde

Prefeitura tenta garantir, junto a Butantan e Doria, 206 mil doses de vacina contra a covid para 103 mil trabalhadores

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 22:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Max Haack/Secom

O secretário municipal da saúde, Leo Prates, anunciou que Salvador recebeu nesta segunda-feira (21) um total de 286 mil seringas e agulhas, número que garante o início da execução do plano de vacinação contra a covid-19 na cidade.

Segundo o prefeito eleito Bruno Reis, a capital baiana tem em torno de R$ 80 milhões reservados para a aquisição dos imunizantes e um plano de vacinação pronto, que será apresentado em breve, com etapas definidas, respeitando a prioridade do grupo de risco e dos profissionais de saúde. 

O futuro prefeito afirmou que já manifestou para o Instituto Butantan, em São Paulo, o desejo de aquisição de doses da vacina e que, em conversa por telefone com o governador de São Paulo, João Doria, a disponibilização foi confirmada. “Salvador vai fazer a sua parte, independente da posição do governo federal”, ressaltou.

Ainda segundo Bruno Reis, Salvador tem 103 mil profissionais de saúde, tanto na rede pública quanto privada e, com isso, seriam necessárias 206 mil doses iniciais para a vacinação desse público prioritário, que lida diretamente com os doentes.

Na primeira semana de janeiro, será assinado um termo de cooperação técnica. 

O prefeito ACM Neto afirmou que seu sucessor no cargo deve se preparar para um cenário ainda mais difícil no início da sua gestão.

“Está se falando agora em mutação do vírus. Vocês estão vendo a Europa toda fechando as portas. Então, a gente não tem resposta para tudo. Por exemplo, a vacina será eficaz mesmo para o vírus já mudado? Tomara Deus que sim”, comentou.

Neto ressaltou que a covid-19 não gera impacto somente na saúde, mas também em áreas como educação, geração de empregos, transporte público e aumento da miséria. “As dúvidas e incertezas são muito maiores do que a possibilidade de qualquer um de planejar o ano de 2021”, completou. 

Taxa de ocupação de leitos A prefeitura anunciou que, na próxima quarta-feira (23), serão disponibilizados 10 leitos de UTI e 50 leitos de enfermaria no Hospital Santa Clara, além dos 10 leitos já abertos no Hospital Evangélico.

Com isso, faltam 22 leitos para que seja atingida a mesma quantidade disponibilizada no auge da pandemia. A possibilidade de que esse número seja ultrapassado foi confirmada. 

“A gente está nesse esforço conjunto com o governo do estado, então temos a expectativa de que eles possam também reabrir leitos. Então, o esforço não pode ser só da prefeitura, tem que ser um esforço dos dois, como aconteceu durante todo o período da pandemia até agora, e não acredito que vá ser diferente”, declarou Neto. 

Ele destacou ainda a situação ainda mais grave no interior do estado, já que isso tem impacto direto na capital. “Se o problema acontecer no interior, ele vai rebater aqui do mesmo jeito, porque, hoje, a grande maioria dos pacientes em leitos de Salvador não são de Salvador, mas do interior. Por isso, tem que se fazer esse esforço em todos os sentidos, em todas as direções”, afirmou.

O atual prefeito destacou ainda que o esforço de abrir leitos não é suficiente, que as próximas duas semanas são decisivas e que é preciso que cada cidadão assuma o compromisso com a coletividade e faça a sua parte.

“Toda hora temos notícia de um conhecido que pegou covid, de alguém que está doente, de alguém que se agravou, de alguém que morreu. (...) Se os cuidados forem tomados, a gente vai continuar vencendo esse adversário sem maior problema”. 

Vai fechar tudo? ACM Neto explica que as taxas de ocupação de leitos ainda estão mais baixas do que no auge da pandemia, mas lembra da alta velocidade de contaminação e ressalta que a cidade não está livre de restrições ainda mais rigorosas.

“Por que ainda não fechou? Porque ainda estamos tendo segurança para não fechar. Se estivéssemos diante de uma situação de iminente risco de colapso do sistema de saúde, já teríamos fechado. É óbvio que estarmos na véspera de Natal conta. Imagine se eu assino um decreto fechando o comércio agora, o impacto avassalador que isso teria na economia da cidade. Então, tomar decisão, governar, é também agir com bom senso. Nesse momento, o bom senso sugere que a gente mostre todos os riscos, mas ainda não nos faz ter que tomar uma decisão drástica”, pontuou. 

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.