'Se chegar a vacina, seremos os primeiros a vacinar', diz secretário de Saúde de Salvador

Prefeitura e estado já anunciaram a elaboração de protocolos para enfrentar varíola dos macacos

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  • Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2022 às 17:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock

Após a notícia de que a prefeitura de Salvador está elaborado um protocolo para enfrentar os casos de varíola dos macacos na cidade, o secretário de Saúde de Salvador, Décio Martins, informou que, quando o Ministério da Saúde der início à vacinação contra a doença, Salvador será uma das primeiras cidades a aplicar as doses. 

“É óbvio que, se chegar a vacina, nós seremos os primeiros a vacinar, somos os precursores aqui no Brasil e uns dos que mais se destacaram na vacinação contra a covid-19. Há notícias de que o Ministério da Saúde, que é o líder do Plano Nacional de Imunização, negocia com a OMS sobre a eventual compra de vacinas, assim, aguardamos orientação”, apontou. Ainda segundo o secretário, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) aguarda orientação do Ministério da Saúde para eventualmente vacinar o público indicado.

Décio também destacou que, dos cinco casos confirmados na capital, dois deles já estão plenamente curados. “Há necessidade de isolamento, mas todos os casos foram leves e são acompanhados pelo Cievs municipal. Nós seguimos o protocolo do Ministério da Saúde, orientado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para tratamento da doença”, disse o titular da SMS. 

Sobre o plano para controlar a disseminação da varíola dos macacos citado por Bruno Reis, o secretário afirmou que toda a equipe de saúde da prefeitura se reuniu para definição dos protocolos em Salvador, principalmente para definir os locais de atendimento aos cidadãos que possam estar contaminados com a doença. “Todas as nossas unidades estão plenamente preparadas para receber esses pacientes que possam estar com sintomas, mas vamos definir o local de atendimento específico para essas pessoas, seja na atenção básica ou especializada”, disse o secretário.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) também informou, nessa quinta-feira (28), que está elaborando um Plano Estadual de Contingências para enfrentamento da varíola dos macacos. Segundo a pasta, o plano envolve ações em diversas áreas como Vigilância em Saúde;  Atenção Primária; Atenção Especializada Hospitalar; Regulação da Atenção à Saúde; Cooperação Interfederativa; Comunicação e Informação em Saúde.

Ao todo, os cinco casos confirmados da varíola dos macacos, também chamada de  Monkeypox, no estado são os que ocorreram na capital. “É importante destacar que a Secretaria da Saúde do Estado já tem desenvolvido atividades para fazer frente à doença. Através da Superintendência de Vigilância em Saúde, publicou nota técnica conjunta que orienta os serviços de Saúde para notificação, investigação epidemiológica e fluxo laboratorial, bem como as medidas de prevenção e controle na Bahia”, informou a Sesab por meio de nota. 

Além disso, a pasta ressaltou que o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado (Cievs) tem elaborado comunicados de risco, formulário virtual para notificação, além de apresentação do Evento de Saúde Pública no Comitê de Monitoramento de Eventos de Saúde Pública e webpalestra com infectologista. O Estado também tem atuado na articulação das áreas técnicas da vigilância em Saúde e rede Cievs Regional e Municipal.

A Bahia ainda possui 38 casos suspeitos que aguardam diagnóstico laboratorial. Os casos em investigação são dos municípios de Barra (01), Ibicaraí (02), Ilhéus (02), Laje (01), Lauro de Freitas (01), Mutuípe (03), Porto Seguro (01), Salvador (18), Santa Cruz Cabrália (01), Santo Antônio de Jesus (03), São Gonçalo dos Campos (01), São Miguel das Matas (01) e Vitória da Conquista (03).

Método de combate à doença  O doutor em virologia Gúbio Soares Santos destaca que um dos principais métodos de enfrentamento à varíola dos macacos é tranquilizar e manter a população informada. O especialista acredita que ainda não é o momento para vacinação, visto que nem todo mundo está exposto ao vírus e seria um custo muito alto.

“Quem tem acima de 40 anos já deve ser vacinado contra a varíola, que teve nos anos 80, então essas pessoas já têm anticorpos contra a doença. Seria bom vacinar as pessoas que estão expostas, como pessoas que tiveram contato com contaminados, mas não precisa, ainda, vacinar a população toda. Se você tem um parceiro, se restrinja a esse parceiro e, você que não tem, use camisinha”, concluiu.

Para ele ainda não é o momento para pânico sobre a doença, visto que ela ainda está bem restrita a um grupo pequeno de pessoas. É preciso, no entanto, seguir as orientações das autoridades. Segundo o virologista, o contágio da doença acontece de pessoa para pessoa, principalmente através da relação sexual, por isso, pessoas que tenham a suspeita de estar com a Monkeypox precisam evitar a relação sexual, principalmente sem camisinha. 

“As pessoas que tiveram contato com o vírus precisam esperar de 12 a 15 dias para ver se a doença vai se manifestar e, enquanto isso, é preciso evitar o contato e, principalmente, a relação sexual. Essa é a principal forma de evitar a transmissão do vírus e a população precisa receber essa informação”, pontuou o especialista. 

A pessoa que teve a varíola precisa, aponta Santos, ficar em isolamento e só poderá manter relação sexual sem camisinha 12 semanas após o desaparecimento da manifestação clínica e cutânea da doença. Já a pessoa que teve ou tem a doença não pode ter contato nenhum, mesmo que tenha somente a suspeita de contaminação. 

“Não pode beijar, ter relações sexuais, é preciso evitar o contato com outras pessoas, principalmente o contato íntimo. Além disso, é preciso ter o cuidado com as roupas de cama de pessoas doentes, deve-se realizar a troca com atenção”, disse. “O método mais efetivo, então, de controlar a Monkeypox é através da disseminação de informações sobre a doença. A prefeitura e o Estado possuem profissionais capacitados e com certeza eles saberão o melhor método a ser adotado”, completou. 

Monkeypox é uma zoonose viral, do gênero Orthopoxvirus, da família Poxviridae, que se assemelha à varíola humana, erradicada em 1980. A doença cursa com febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, adenomegalia, calafrios e exaustão. A infecção é autolimitada com sintomas que duram de 2 a 4 semanas, podendo ser dividida em dois períodos: invasão, que dura entre 0 e 5 dias, com febre, cefaléia, mialgia, dor nas costas e astenia intensa. A erupção cutânea começa entre 1 e 3 dias após o aparecimento da febre e tem características clínicas semelhantes com varicela ou sífilis, com diferença na evolução uniforme das lesões.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo