Servidores querem fechamento de posto invadido por bandidos na Santa Cruz

Prefeito cobrou mais segurança em postos; Sindseps cita mais casos de violência

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  • Bruno Wendel

Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 19:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Unidade de saúde ficou fechada nesta terça, um dia após invasão com reféns (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Os servidores do Centro de Saúde Osvaldo Caldas Campos, no bairro de Santa Cruz, que foi invadido nessa segunda-feira (10) por quatro bandidos que fizeram 16 reféns, estão amedrontados e exigem o fechamento da unidade. Além do centro, que fica no Complexo do Nordeste de Amaralina, outros postos de saúde passam pelo mesmo problema de insegurança em Salvador.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o posto ficaria fechado nesta terça-feira (11) e que o local passa por uma organização, ainda sem previsão de quando voltará a funcionar. "Ou seja, as atividades na unidade estão suspensas temporariamente. A partir de segunda-feira (17), os pacientes que eram assistidos no local serão atendidos na Unidade de Saúde da Família (USF) Clementino Fraga (antigo 5º Centro), nos Barris, que terá equipes reforçadas para garantir a ampliação da assistência", diz a Prefeitura, em nota.

A pasta também informou que está prestando todo suporte psicológico aos servidores vítimas do episódio."A gestão já iniciou a relocação desses profissionais para outros postos da região e disponibilizou a facilitação da licença prêmio aos colaboradores que se enquadram nos critérios exigidos para obter o benefício", continuou o comunicado.Apesar da movimentação, o prefeito ACM Neto disse que a unidade não será fechada, mas cobrou segurança do governo estadual.

Pela manhã, uma comissão formada por servidores do centro de saúde e dirigentes do Sindicato dos Servidores da Prefeitura de Salvador (Sindseps) esteve na sede da SMS para pedir o fechamento da unidade."Não há mais condições de ninguém trabalhar ali. O posto é rodeado de bocas-de-fumo e não tem saída. Temos conhecimento que policiais militares não querem fazer a segurança no local, porque é uma rua sem saída", declarou Bruno Carinhanha, coordenador administrativo do Sindseps.Ele afirma ainda que, se o posto abrir, o sindicato vai agir para que ninguém trabalhe no local. Ainda segundo Carinhanha, a invasão ao posto de saúde não foi uma situação isolada. Há mais de 10 anos que os servidores reclamam da insegurança.

“Certa vez os servidores relataram que um dos rapazes que foi preso ontem havia dito que invadiria a unidade para roubar medicamentos. Em outro momento, um jovem armado com uma pistola obrigou um médico a atendê-lo. O suspeito estava baleado e não queria ir para um hospital, onde é feito o atendimento nessa condição”, relatou o sindicalista. 

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Outros postos De acordo com o Sindseps, funcionários de outros postos de saúde sofreram também com a ação de criminosos. Um dos casos ocorreu no Centro de Saúde de Boca da Mata. “Os servidores saem mais cedo e deixam a direção sozinha para fechar o posto, o que é um risco diante dos relatos de constantes casos de bandidos entrarem no local armados”, relatou Carinhanha.

A situação do posto do Jardim das Margaridas não é diferente. “A unidade está também situada num ponto de tráfico. Os servidores e pacientes ficam no meio de um fogo cruzado entre os bandidos e a polícia. Além disso, temos relatos de servidores agredidos por bandidos”, comentou o sindicalista.

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Ao reforçar a manutenção, Neto parabenizou a ação da polícia, mas questionou a segurança pública. “Primeiro, eu tenho que parabenizar o coronel (Humberto) Sturaro, que estava à frente da negociação. Felizmente, a gente pôde ter um desfecho sem vítimas fatais, o que traz muito alívio. Agora, não posso deixar de lamentar a situação da segurança pública em nossa cidade. Chegamos ao ponto de bandidos armados, em plena luz do dia, estarem se refugiando em um posto de saúde, fazendo reféns. É uma coisa que me deixa muito triste e preocupado”, disse o prefeito.

Neto aproveitou para cobrar mais empenho na área de segurança. “Eu faço um apelo às autoridades do estado que têm a responsabilidade sobre a segurança pública que olhem com mais atenção, sobretudo, para locais em que a gente já sabe que existem problemas. (...) A gente fica preocupado porque a própria polícia tem dificuldade de entrar, em função da violência que acontece em certos bairros", concluiu Neto.

A assessoria da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) informou que não comentaria as declarações do prefeito.