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Escritora publicou mais de 40 livros, que foram traduzidos para mais de 15 idiomas diferentes
Vinicius Nascimento
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 05:00
- Atualizado há um ano
A autora americana bell hooks escreveu mais de 40 livros durante os seus 69 anos de vida. Eles foram traduzidos para mais de 15 idiomas diferentes, provando o tamanho do sucesso e a própria importância da autora, feminista negra, professora, educadora e ativista estadunidense, que morreu na última quarta-feira (15), vítima de uma doença contra quem lutava e que não foi especificada pela família no comunicado de falecimento.
O CORREIO buscou pesquisadoras, ativistas e educadoras para fazer uma listinha de livros importantes deixados por bell hooks e que podem abrir caminhos para se aprofundar numa nova visão de mundo e na própria produção intelectual da escritora. As pesquisadoras Carla Akotirene e Daiane Oliveira, além do ativista social e idealizador do coletivo Afrobapho, Alan Costa, e a educadora Zelinda Barros foram as fontes consultadas para elaboração da lista.
- Tudo Sobre o Amor: novas perspectivas (2021) Sinopse: O que é o amor, afinal? Será esta uma pergunta tão subjetiva, tão opaca? Para bell hooks, quando pulverizamos seu significado, ficamos cada vez mais distantes de entendê-lo. Neste livro, primeiro volume de sua Trilogia do Amor, a autora procura elucidar o que é, de fato, o amor, seja nas relações familiares, românticas e de amizade ou na vivência religiosa. Na contramão do pensamento corrente, que tantas vezes entende o amor como sinal de fraqueza e irracionalidade, bell hooks defende que o amor é mais do que um sentimento é uma ação capaz de transformar o niilismo, a ganância e a obsessão pelo poder que dominam nossa cultura. É através da construção de uma ética amorosa que seremos capazes de edificar uma sociedade verdadeiramente igualitária, fundamentada na justiça e no compromisso com o bem-estar coletivo.
- Olhares Negros: Raça e Representação (1992) Na coletânea de ensaios críticos reunidos em Olhares negros, bell hooks interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude, a subjetividade das pessoas negras e a branquitude. Ela foca no espectador ― em especial, no modo como a experiência da negritude e das pessoas negras surge na literatura, na música, na televisão e, sobretudo, no cinema ―, e seu objetivo é criar uma intervenção radical na forma como nós falamos de raça e representação. Em suas palavras, "os ensaios de Olhares negros se destinam a desafiar e inquietar, a subverter e serem disruptivos".
- Ensinando a Transgredir: A educação como prática de liberdade (1994) Sinopse: Em 'Ensinando a transgredir', bell hooks e intelectual negra insurgente – escreve sobre um novo tipo de educação, a educação como prática da liberdade. Para Hooks, ensinar os alunos a “transgredir” as fronteiras raciais, sexuais e de classe a fim de alcançar o dom da liberdade é o objetivo mais importante do professor. 'Ensinando a transgredir', repleto de paixão e política, associa um conhecimento prático da sala de aula com uma conexão profunda com o mundo das emoções e sentimentos. É um dos raros livros sobre professores e alunos que ousa levantar questões críticas sobre Eros e a raiva, o sofrimento e a reconciliação e o futuro do próprio ensino. Ela diz que “a educação como prática da liberdade é um jeito de ensinar que qualquer um pode aprender”. Ensinando a transgredir registra a luta de uma talentosa professora para fazer a sala de aula dar certo.
- Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra (2019) Sinopse: Na infância, a autora foi ensinada que "responder", "retrucar" significava atrever-se a discordar, ter opinião própria, falar de igual pra igual a uma figura de autoridade. Nesta coletânea de ensaios pessoais e teóricos, em que radicaliza criticamente a máxima de que "o pessoal é político", bell hooks reflete sobre assuntos que marcam seu trabalho intelectual: racismo e feminismo, política e pedagogia, dominação e resistência. Em mais de vinte ensaios e uma entrevista, a autora mostra que transitar entre o silêncio e a fala é um gesto desafiador que cura, que possibilita uma nova vida e um novo crescimento ao oprimido, ao colonizado, ao explorado e a todos aqueles que permanecem e lutam lado a lado, rumo à libertação.
- Ensinando pensamento crítico: Sabedoria prática (2009) Sinopse: O livro trata de inúmeros temas, como descolonização, engajamento, integridade, colaboração, transmissão oral de conhecimento, imaginação, humor, conflito, espiritualidade, sexo e, é claro, raça, gênero e classe ― temas que marcam a obra de bell hooks de maneira transversal. A autora diz que encontrou inspiração para Ensinando pensamento crítico das lições que aprendeu dos professores com os quais estudou nas escolas segregadas do Kentucky, nos Estados Unidos, nos anos 1950.
- O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras (2000) Aqui, bell hooks traz, em formato de cartilha, reflexões sobre a natureza do feminismo e seu compromisso contra sexismo, exploração sexista e qualquer forma de opressão. Com peculiar clareza e franqueza, hooks incentiva leitores a descobrir como o feminismo pode tocar e mudar, para melhor, a vida de todo mundo. Homens, mulheres, crianças, pessoas de todos os gêneros, jovens e adultos: todos podem educar e ser educados para o feminismo. Apenas assim poderemos construir uma sociedade com mais amor e justiça.O feminismo é para todo mundo apresenta uma visão original sobre políticas feministas, direitos reprodutivos, beleza, luta de classes feminista, feminismo global, trabalho, raça e gênero e o fim da violência. Além disso, esclarece sobre temas como educação feminista para uma consciência crítica, masculinidade feminista, maternagem e paternagem feministas, casamento e companheirismo libertadores, política sexual feminista, lesbianidade e feminismo, amor feminista, espiritualidade feminista e o feminismo visionário.
- E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo (2019) Inspirado no discurso emblemático da oradora negra Sojourner Truth, que denunciou que o ativismo de sufragistas e abolicionistas brancas e ricas excluía mulheres negras e pobres. A partir disso, hooks discute o racismo e sexismo presentes no movimento pelos direitos civis e no feminista, desde o sufrágio até os anos 1970. Examina o impacto do sexismo nas mulheres negras durante a escravidão, a desvalorização da mulheridade negra, o sexismo dos homens brancos e negros, o racismo entre as feministas, os estereótipos atribuídos a mulheres negras, o imperialismo do patriarcado e o envolvimento da mulher negra com o feminismo. A obra também foi inspiração para a música Ain't I a Woman?, de Luedji Luna, no seu álbum "Bom Mesmo É Estar Debaixo D'Água".