Shoppings tiveram prejuízo de R$ 10 milhões com lojas fechadas no domingo

​​​​​​​Sem acordo entre sindicatos, lojistas não podem abrir aos domingos

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  • Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 21:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

O impasse entre o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) e o Sindicato dos Empregados do Comércio da Cidade de Salvador, em relação ao funcionamento das lojas de shoppings aos domingos, rendeu aos estabelecimentos dos maiores centros comerciais da capital um prejuízo de cerca de R$ 10 milhões.

O valor é uma estimativa do que as lojas chegam a faturar por domingo de funcionamento, segundo o coordenador regional da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), Edson Piaggio.

Em Salvador, os shoppings da Bahia, Barra, Bela Vista, Salvador e Norte Shopping anunciaram que, a partir desse domingo (3), a maioria de suas lojas não abriria. Mas a ordem de não abrir as portas não tem a ver com um desejo dos centros comerciais, e sim do fim de um acordo sobre a mão de obra dos funcionários dos estabelecimentos. Até que uma nova proposta seja aceita, segundo Edson Piaggio, a previsão é de muito "dinheiro perdido".

Nesta segunda-feira (4), ele estimou os prejuízos do primeiro dia de proibição, desde o fim da vigência de um decreto que legalizava o funcionamento."O domingo é o dia mais importante da venda. Nessa briga, todo mundo sai perdendo. O empregado, que não tem a comissão, o comerciário, e o governo, com os impostos", comentou.Em nota divulgada na última sexta-feira (1º), O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5-BA) afirmou que a decisão de proibição permanece válida em relação às empresas vinculadas ao Sindilojas, que, segundo o TRT5, não fez acordo com o sindicato dos empregados.

"Entretanto, existe pendente de julgamento Embargos de Declaração e já tem recurso ordinário para o segundo grau do tribunal decidir. Um julgamento dos Embargos de Declaração deve ocorrer até a semana que vem.  A proibição não se aplica às lojas do Fecomércio que firmou convenção coletiva da categoria até fevereiro", conclui o documento.

Acordo Edson Piaggio afirmou, ainda, que a Abrasce espera que haja um acordo. "A sociedade também perde, porque é mais um espaço de lazer aos domingos. É um tipo de uma contenda que só vão sair perdedores. A Abrasce espera que o bom senso prevaleça e se chegue a um acordo", disse.

Ele também explicou que, além de não haver uma convenção coletiva entre lojistas e comerciários, há uma multa pendente que o Sindilojistas teria que pagar ao Sindicato dos Comerciários pelo funcionamento dos estabelecimentos no feriado de 21 de abril de 2018.

Em contato com o CORREIO, o presidente do Sindiloja, Paulo Motta, reiterou que o não funcionamento da categoria prejudica todas as partes."O passeio no shopping é um hábito para os consumidores. Além disso, é uma perda para comerciários, empresas, e demais envolvidos. Além disso, há um risco alto de demissões, já que o prejuízo vai ser grande", alertou Motta.Ainda segundo ele, o não funcionamento das lojas aos domingos, em um mês, equivale à diminuição de 20% no orçamento. Sobre a multa que o sindicato estaria condenado a pagar, de acordo com Paulo, cabe recurso.

"Em caso de perda, o Sindilojas, vai entrar com recurso. Existe uma penalização de R$ 1 mil por casa empregado que trabalhou no dia 21 de abril".

Conciliação Segundo o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Comerciários Salvador, Renato Ezequiel, a categoria vai procurar o Sindilojas, ainda essa semana, para negociar. Ele afirmou que a intenção dos comerciários é retornar o funcionamento aos domingos."Nossa decisão é buscar uma negociação com representantes do sindicato dos lojistas até quarta-feira (6). O domingo é um dia muito propício para vendas. Nós queremos abrir esse canal de negociação com os lojistas. Queremos um entendimento que seja bom para nós, para os lojistas. Nós temos interesse que volta à normalidade", destacou.Segundo ele, outras duas tentativas de negociações acabaram sem acordo.

"Nas tentativas que antecederam a proibição, eles alegaram alguns processos e retiradas de direito dos trabalhadores, mas nós estamos dispostos a chegar a um denominador comum. Tentar acertar a convenção coletiva, que não é pensada e executada há mais de trinta anos".

Ainda não há uma data para que uma nova reunião entre as partes aconteça. Sendo assim, a maioria das lojas dos shoppings da cidade seguirão de portas fechadas em dias de domingo.