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Paulo Leandro
Publicado em 23 de novembro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Uma coisa é a origem e outra diferente, a finalidade. Os detratores do Vitória misturam vingança com objetivo, aplicado à causa: por isso, até agora não entenderam por que o Vitória não caiu.
A finalidade vem por último, pela ordem. Se o clube pioneiro fundou o desporto, em 1899, e por isso mantém esta data em seu distintivo, esta seria sua razão de existir. O rebaixamento não é a sua essência.
Esquecem os desleais combatentes de lembrar algo, além da origem e da finalidade: a vontade do ser-superior, energia chamando energia, ocupando espaço, tornando força a potência imanente, inspirando interpretações e novas possibilidades de rugir e lutar.
A força do ser-Vitória está neste subjugar dos reativos, enfiando as garras a dilacerar a carne de quem o combate, pois o que não nos rebaixa, nos fortalece: Já houve quem festejasse vencer o Fast em casa, esqueceram?
A gigante superação amplia a força. O Vitória sai desta luta com a recuperação de sua índole de maior vencedor do século, teu nome é tua sorte e dela não escapará: voltar para a Série A destinado ao primeiro título!
O Vitória, em permanente atividade, torna-se agora mais temido, pois sua condição de predador sai intacta, ou melhor, mais furiosa: é a vocação para vencer, em dietética farta.
Sem chance de adaptar-se a uma savana avessa a seu desígnio, eis o Vitória essencial em reconstrução, como um país arrasado após uma guerra onde muitos de seus antigos falsos heróis saíram de fininho ao levar o cofre e nem se ouve falar onde esconderam-se.
Um clube capaz de constituir um mundo onde havia o nada e doar sentido a este ‘real’ para fazê-lo ‘realidade’; este clube segue continuamente nutrido por forças espontâneas, violentas, vencedoras, criadoras, reinventando significações de ser-Vitória.
Aquela mais alta e robusta liderança já o tirou da condição de ‘Sarajevo devastada’: seu papel dominante e ativo será reconfigurado para 2020, daí o temor dos famintos por churras de Leão – castigo, culpa, remorso, má consciência de devedores.
É o Pensador do Martelo quem exclama: Vae victis – ai dos vencidos! Os fracos lamentam pois não há ‘perpetuum vestigium’ de um Vitória sofredor. Nada fizeram além de arreganhar-se às claras: ‘monstrum in fronte, monstrum in animo!’
O esquartejamento, a fervura em óleo e vinho, o empalhamento, o festivo corte de tiras, cobrir de mel o grande felino e enterrá-lo na praia, pichada em óleo cuja origem não se confessa, assim como a trama da facada, estava previsto lembrar, na dor, o castigo!
Um rebaixamento para a Série C faria o alívio dos fracos. Poderia ser sentido como efeito de um apedrejamento, tal execução marcaria para sempre a memória dos súditos do Rei Leão!
A repugnante mutilação do presidente gigante, o sacrifício dos torcedores e dos fieis associados, em todo e qualquer ritual cruel proposto por produtores de conteúdo, nada disso realizou-se: permanece a lacuna nos vermes.
O Leão mais forte e ressuscitado constitui-se no ‘ad venture’ – está por vir! Não tardará a aurora do novo ano no qual a lei de rasgar um pouco mais ou um pouco menos a fina pele do inimigo não importará tanto: ‘Si plus minusve secuerant, ne fraude esto!’.
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.