Sororidade e feminismo são a revolução em curso

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  • Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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No ultimo período tem se usado muito a palavra sororidade para dialogar sobre o movimento de mulheres e o feminismo, mas o que significa esta palavra? Sororidade vem da palavra em latim sorella que quer dizer irmã, por isso sororidade quer dizer irmandade entre mulheres. O machismo historicamente tem estimulado a rivalidade entre mulheres, para reforçar a ideia de inimigas, desunidas, invejosas umas das outras, afinal dessa forma é que o patriarcado prospera.

Ao longo da minha trajetória como ativista feminista me deparei com muitas circunstancias que me fizeram questionar essa irmandade. A primeira delas foi quando decidi não advogar contra mulheres, isso me acarretou inúmeras criticas pelos movimentos sociais, mas também de mulheres, não acredito ser coerente se dizer feminista e advogar contra uma igual tendo inclusive que se utilizar de expressões machistas para ganhar dinheiro ou uma causa.

Com a TamoJuntas vimos como é perverso o exercício da advocacia em favor de mulheres em situação de violência, não somente pelas historias de dor, de luta, de resistência, mas especialmente pelas outras violências acometidas à essas mulheres assustadoramente reproduzidas por outras mulheres, falo não só pela violência institucional como o atendimento em delegacias, varas de violência, varas de família, mas especialmente pela figura de uma mulher defendendo o agressor, pode parecer besteira para quem ouve de fora, mas o subjetivo e o simbólico presente na condição de ter uma igual lhe acusando ao lado de um algoz que lhe machucou pela sua condição de ser mulher e que pode em algum momento machucar essa igual que agora o defende, é triste, é desolador e violento.

Quando fui provocada a responder a pergunta: 'sororidade é gostar/concordar de todas as mulheres?' Na hora respondi que não, afinal nem todas as mulheres representam as mulheres, apesar de assustadoramente TODAS sofrerem violências, violações, opressões por serem mulheres seja na esquerda ou na direita, pobres ou ricas, brancas ou negras, candomblecistas ou evangélicas, em proporções e formas diferentes, afinal a interseccionalidade traz também essa perspectiva das diversas vulnerabilidades que carregamos.

O que posso dizer é que o feminismo luta e conquista direito para todas as mulheres, mas a sororidade não tem como obrigar mulheres a serem irmãs, somos diferentes, diversas, mas seria lindo se entendéssemos que apesar de todas as diferenças, somos alvo juntas, somos unidas forçosamente pelo machismo nas estatísticas de violência doméstica, de estupro, de mortalidade materna, de violência obstétrica, do não acesso ao aborto legal, da sub representatividade na política, da ausência de creches, do desemprego, dos salários diferenciados pela condição de ser mulheres, patrocínios desequilibrados para homens e mulheres no esporte, de feminicidio e o machismo sabe que se as mulheres se unirem derrubados governos, criamos uma sociedade mais igualitária, justa e livre. Sororidade e feminismo são a revolução em curso!

Laina Crisóstomo é advogada feminista, feminista interseccional, lésbica, candomblecista, mãe de Deborah Makeda, filha de Regina Célia Crisóstomo,  ativista pelos direitos humanos, militando contra o racismo, machismo, intolerância religiosa, LGBTfobia. Fundadora e presidenta da ONG TamoJuntas que presta Assessoria multidisciplinar para mulheres em situação de violência em 23 estados do Brasil.

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