Superação e enigmas: o importante é a qualidade da linguagem

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  • Cesar Romero

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A profissão de artista plástico é extremamente trabalhosa, exige um longo tempo de maturação, para que venha o reconhecimento e a possibilidade de se viver do ofício. Ser pintor não é encher um suporte com matéria corante ou buscar reproduzir a natureza. Ser habilidoso não determina qualidade. Muitas vezes atrapalha, pois é na dificuldade que o pintor busca saídas e muitas vezes acontecem achados inusitados e reveladores. Importante o discernimento, contemplação, jogo material de cores, fatura e invenção. Aprender técnicas não é o suficiente e nunca fará ninguém artista. Pode tornar a pessoa habilidosa.  

A arte questiona buscar, dar novos significados ao já visto, propor o estranhamento ao cotidiano, reprocessar vivências. A liberdade do artista é vital. Não estar atrelado aos apelos da moda ou aos interesses do mercado. Moda e mercado passam, invenção nunca. Propor enigmas e buscar decifrá-los é a postura do artista no mundo atual. O que se impõe é a qualidade da linguagem, ideia transmutada, tempo vivido no ofício, nível de informações e inteligência visual.

É impossível fazer alguém tornar-se artista criador, mas oportunidades podem estimular um lado a ser descoberto. Nossa pintora Djanira (foto), quando visitava uma das edições da Bienal de São Paulo, disse a uma amiga que a acompanhava: “Eu também posso fazer isso”. Comprou material necessário e tornou-se uma pintora de interesse.

Acasos acontecem e existem dezenas de exemplos nas mais diversas áreas artísticas. Mas é preciso transgredir, transformar-se, reinventando-se, buscar uma nova maneira de ser e pensar, desenvolver seu potencial na prática e na determinação buscando a superação e o encontro com a arte. Esse encontro pode ser por acaso, necessário um longo percurso de buscas e informações, um acúmulo de ideações entre o mítico e o simbólico. A obra de arte sempre estará aberta a questionamentos e interpretações. Assunto para a crítica de arte que é um elo entre o artista e o público, numa atividade que envolve diversos saberes, pensamento ordenado, capacidade de situar o criador à comunidade, seu contexto e evolução. Ainda promovendo análises sistêmicas, exames detalhados do conjunto de tudo aquilo que existe no espaço e no tempo das produções de arte.

Em nosso mundo globalizado, quando a emergência funciona com pressão máxima, é imperativo não ceder aos impulsos, para que a obra de arte não seja um arremedo, caia na diluição. O processo investigativo requer tempo, pesquisas e organizações de argumentos. Os desafios são eternos, enquanto dure o tempo, sua lógica, conhecimentos e valores.