Suspeito assume assalto, mas nega ter estuprado turista em Itapuã

Em depoimento, ele disse que estava querendo ajudar e acalmar vítima

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  • Gabriel Moura

Publicado em 10 de janeiro de 2020 às 16:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Maiana Belo/G1 Bahia

O suspeito de assaltar e estuprar uma turista de Teresina (PI) assumiu ter cometido apenas o roubo durante depoimento prestado na Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur) nesta sexta-feira (10). O homem apresentou-se à polícia ao lado do advogado. 

A versão apresentada pelo suspeito é de que ele abordou os turistas e anunciou o assalto na última terça-feira (7). Depois, o namorado da jovem que denunciou o estupro teria retornado ao hotel para buscar mais dinheiro. Neste meio tempo, o acusado diz que tentou acalmar a mulher, tendo inclusive buscado água para ela. Ele negou qualquer assédio.

Apesar do acusado negar, a vítima continua mantendo a versão inicial, de que foi violentada. Ela reconheceu o acusado e irá realizar realizar o exame de corpo de delito, que poderá confirmar o estupro.

Rotineiro Também no depoimento, o assaltante confirma que costuma praticar roubos e furtos na região de Itapuã onde abordou os turistas. Ele já possui algumas passagens por conta desses crimes, sendo uma delas por um assalto a ônibus no período da greve da Polícia Militar em 2014.

Ele praticava os crimes ao lado de alguns comparsas. Um deles foi preso nessa semana após assaltar um ônibus em Sussuarana e acabar sendo espancado por populares. 

A delegada Marita Souza, da Delegacia de Proteção ao Turista, afirmou que irá solicitar a prisão preventiva do suspeito.

O nome do suspeito não será divulgado pela polícia. Isso porque a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou nesta sexta-feira (10)  que, em cumprimento à Lei13.869/19, não haverá apresentações de presos, assim como a divulgação de nomes e fotos de pessoas capturadas. A lei foi sancionada em setembro do ano passado. 

'Assumiu o risco' Para o coronel Eurico Filho Silva Costa, comandante da 15ª Companhia Independente da Polícia Militar (Itapuã), a turista piauiense contribuiu para a ocorrência do estupro."Foi um comportamento de risco. O que uma pessoa vai fazer numa praia deserta das 19h às 23h, quando ocorreu estupro? Vai fazer o quê?  Ela assumiu o risco", declarou ele ao CORREIO, na manhã desta sexta-feira (10).Ainda em entrevista, o coronel Eurico Costa pontuou ainda que a Polícia Militar não pode ser responsabilizada pelo que aconteceu com o casal. "Trabalhamos constante na região, mas não temos efetivo para garantir a segurança somente daquelas pessoas que estavam naquele horário, num local onde não havia ninguém", opinou o coronel.

Ainda segundo o militar, o comportamento do casal foi de risco e, portanto, eles devem assumir as consequências. "O casal teve um tipo de comportamento que não podemos nos responsabilizar. Se um carro trafega a 200 km/h, o motorista assume as consequências, o risco de bater, capotar. Foi a mesma coisa que aconteceu".Relembre o crime Dois turistas do Piauí foram abordados e ameaçados por dois criminosos. "Eu só pensava que ia matar a gente. Ele disse que estava doido para matar gente", disse o homem em entrevista à TV Bahia. As identidades das vítimas foram preservadas.

O rapaz relatou ainda que estava andando com a namorada, quando os dois resolveram sentar numa pedra. Nesse momento, foram abordados. 

"A praia estava cheia, mas começou a esvaziar. Depois, dois homens chegaram por trás dizendo: 'É assalto, é assalto! Você é polícia, passa tudo'. Ele perguntou onde estava minha carteira e eu disse que estava no hotel. Então, ele mandou que eu fosse no hotel pegar o dinheiro e disse que se eu não voltasse, ele mataria a minha namorada. Quando eu saí, ao invés de ir para o hotel, fui para delegacia", contou o homem, que já tinha visitado Salvador anteriormente.

A moça que pela primeira vez passeava por Salvador, está traumatizada e nunc amais pretende voltar. Ela contou que ainda tentou alertar que estava em período menstrual para evitar o estupro, sem sucesso."Ele me levou para trás de uma pedra e me estuprou. Depois, quando viu as luzes da viatura da polícia, ele me puxou pelo braço e disse que era pra eu fingir que éramos um casal e começou a correr. Eu não pude correr porque comecei a ficar com com falta de ar, tenho asma. Ele pegou na minha mão e disse que se eu tentasse alguma coisa que iria me matar. Então, ele foi andando, parou em um condomínio e pediu água para mim na portaria", completou.A jovem só conseguiu fugir após o criminoso deixá-la sozinha em uma rua, com a promessa de que retornaria em meia hora para buscar o dinheiro que o namorado dela teria ido buscar. "Aproveitei e fugi. Fui me escondendo atrás dos carros, suspeitava que ele estava me vigiando", disse.

A jovem chegou a retornar ao condomínio onde o bandido pediu água para ela e pediu ajuda ao porteiro, que disse que nada poderia fazer. Depois, caminhou até um hotel, onde uma recepcionista chamou um táxi. "Eu voltei pro meu hotel, encontrei meu namorado e então fomos para delegacia para registrar o caso", relatou.

Após o crime, a mulher foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã, onde também cuidou de ferimentos nos joelhos, e depois foi levada para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) para fazer exame de corpo de delito.

O casal prestou queixa em três delegacias: a de Itapuã, a do Turista, que fica no Centro Histórico de Salvador, e na Central de Flagrantes, na região do Iguatemi.

* Sob orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier