Taxa média de novos casos de covid-19 cresce 28% em Salvador e preocupa autoridades

Ocupação dos leitos de UTI em Salvador está em 57% e terceira fase pode começar na próxima semana

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  • Gil Santos

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 11:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ascom/Sesab

O último dos seis gripários anunciados pela prefeitura para o enfrentamento do novo coronavírus foi entregue na manhã desta segunda-feira (17). A unidade fica ao lado do 16° Centro de Saúde, no Pau Miúdo, e vai seguir as mesmas normas dos outros cinco equipamentos sendo destinado para pacientes com suspeita de covid-19 ou outras síndromes gripais. O investimento é de R$ 3,4 milhões.

O secretário municipal de Saúde, Léo Prates, contou que a taxa de ocupação dos leitos de UTI em Salvador fechou o domingo em 57%, ou seja, abaixo dos 60% que permitiriam que cinemas, teatros e casas de show fossem reabertos. Ela vem se mantendo nesse patamar nos últimos seis dias, mas ele chamou a atenção para outro número tão importante quanto a taxa de ocupação, a média móvel de novos casos. Ela passou um mês em queda, mas na semana passada voltou a subir e de forma expressiva, crescendo 28%. Na última semana, entre os dias 9 e 15 de agosto, foram 5.774 novos casos confirmados segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). 

"A gente acende o sinal de atenção com esse crescimento da média móvel de nossos casos", disse o secretário. "A fase 3 só será iniciada se a gente tiver a doença sob controle. Se esse aumento que houve semana passada se mantiver, for consistente, a minha opinião ao prefeito, a decisão é sempre dele, vai ser que a gente dê uma segurada. Então vamos acompanhar essa semana com atenção", afirmou Léo.

Ele voltou a ressaltar que a pandemia continua e que as pessoas devem evitar sair, se puderem. "Apesar da média móvel de óbitos ter queda expressiva, de ocupação de UTI estar num índice muito bom, as pessoas precisam entender que a pandemia não passou, o coronavírus continua aí. Estamos retomando as atividades com segurança, mas para ser efetivo precisa da participação de todos", disse. "(Reabrimos) confiando que as pessoas após cinco meses já entenderam a gravidade da doença e vão seguir os protocolos. Se as pessoas não seguirem, obviamente vamos ter retrocesso. Ter que fechar tudo. Governar é escolher prioridade e nossa prioridade é a vida", destacou.

A média móvel de novos casos se refere ao número de novas pessoas infectadas com covid-19. Ela é calculada com intervalos de sete e 14 dias. O crescimento de novos casos pode impactar no número de leitos ocupados, por isso, o dado preocupa as autoridades sanitárias. Léo Prates explicou que a reabertura dos bares e restaurantes e dos outros segmentos da segunda fase ainda não impactaram nesses números, mas que isso será sentido a partir da próxima semana. 

O protocolo anunciado pela prefeitura, em julho, dividiu a retomada das atividades econômicas em três períodos. A terceira fase começa apenas quando a taxa de ocupação permanecer cinco dias consecutivos abaixo de 60% e 15 dias após o início da segunda fase. A segunda fase foi ativada no dia 10 de agosto, quando bares, restaurantes, academias, salões de beleza, barbearias e praças de alimentação dos shoppings centers puderam reabrir, por isso, a expectativa é de que a terceira fase seja ativada na próxima semana. 

Quem trabalha diretamente no combate a covid-19 vê alguns motivos para os números. “Era um aumento já esperado e que com certeza tem influência da reabertura. Essa é uma doença que se transmite pelo contato e com a reabertura o contato entre as pessoas se intensificou então o aumento acaba acontecendo”, opina a infectologista Clarissa Ramos. 

A médica explica que, apesar do aumento de casos, a mudança ainda não reflete na taxa de ocupação das UTIs em razão de características da própria doença. “Quem precisa de UTI só chega nesse estágio num momento mais avançado da doença, depois de alguns dias, então é possível que a gente tenha mudanças nos números de quadros mais graves nas próximas semanas”, explica. Ela diz ainda que mudanças na testagem também podem influenciar. “No começo só casos mais graves eram testados. Uma vez que se começa a testar casos mais leves se tem mais diagnósticos que não vão chegar à UTI”, detalha.    

Nova unidade O novo gripário do Pau Miúdo tem dez leitos de enfermaria e dois de sala vermelha, equipados com respiradores e com capacidade para funcionar como UTI. A equipe multidisciplinar da unidade vai contar com 75 profissionais de saúde e da área administrativa. O prefeito ACM Neto esteve na unidade, na Rua Marquês de Maracá, para fazer a inauguração do espaço.  (Foto: Valter Pontes/Secom) "Cumprimos integralmente a meta que havíamos estabelecido logo no início da pandemia em termos de expansão de leitos vinculados às nossas unidades de pronto-atendimento. Esse gripário aqui no Pau Miúdo é importante porque estamos em uma região da cidade que é bastante adensada, marcada pela forte presença do comércio, mas também das residências", disse Neto. "Ele vai funcionar 24h por dia, sete dias na semana, vai funcionar enquanto houver demanda por casos da covid-19". 

Neto fez um apelo para que pessoas com sintoma do novo coronavírus procurem um dos seis gripários da cidade. "Temos procurado concentrar os casos nos gripários para aliviar as nossas UPAs e permitir que nossas UPAs estejam voltadas à assistência a todas as demais doenças", explicou.

Os pacientes também terão garantidos nessa estrutura a realização de exames de raios-x, laboratoriais, eletrocardiograma (ECG), além de assistência médica, enfermagem, serviços de farmácia e o suporte de ambulância nas 24 horas para retaguarda dos pacientes que serão regulados para internamento na rede SUS de Salvador.

O primeiro gripário foi instalado no estacionamento da Unidade de Pronto Atendimento dos Barris (UPA), e foi entregue em 22 de maio. Depois foram inaugurados os de Paripe, Pirajá/Santo Inácio e Valéria. Na semana passada, entrou em funcionamento o equipamento da ilha de Bom Jesus dos Passos. Ele vai atender também pacientes das ilhas de Maré e Paramana.

Juntos, os seis gripários oferecem 89 leitos, sendo 74 de enfermaria e 15 de sala vermelha, e funcionam em regime 24 horas, reforçando o atendimento prestado nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).