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Hugo Brito
Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Já tem algum tempo que falo aqui na coluna sobre o fim da privacidade, pelo menos aquela que conhecíamos no tempo em que a tecnologia não estava tão presente na nossa vida. Agora vem um novo capítulo dessa novela. A mudança de política do WhatsApp de uma forma ditatorial – se não aceitar que seus dados sejam compartilhados com o Facebook, vai ter que ficar sem zap. Recebi até uma mensagem do Telegram ontem festejando o crescimento recorde do número de usuários, agora mais de 500 milhões ativos, sinal de que muita gente realmente está pensando em responder não ao compartilhamento de dados do WhatsApp com o Facebook. Mensagens e mais mensagens falam também sobre o Signal, outro aplicativo que poderia ser a alternativa. O que me parece tudo isso? O WhatsApp vai vencer.>
VHS>
Voltando bastante no tempo, para os mais vividos, as letras que dão nome a esse trecho da coluna são carregadas de significado. As fitas de vídeo cassete VHS dominaram o mercado de forma massiva lá pela década de 80. Mas o VHS não era o melhor sistema de gravação. A gigante japonesa Sony, inclusive dona de parte da patente do VHS, tinha seu próprio sistema, o Betamax, muito superior em qualidade e com fitas menores e mais robustas. Mas o VHS venceu por questões mercadológicas. Muita gente já usava, muitos fabricantes podiam fazer os equipamentos e, com isso, o Beta morreu para uso domiciliar.>
Tem ZAP?>
Citei o VHS porque vejo que o mercado adotou o uso WhatsApp, carinhosamente apelidado de Zap, para quase tudo e só posso pensar que o movimento da empresa de Mark Zuckerberg tem grande chance de dar certo. Em pouco tempo vai ter gente falando: “Não tem WhatsApp?” e isso pode forçar a utilização do aplicativo. Claro que existirá a frase: “só uso Telegram ou Signal” que poderá levar algumas pessoas a rodar as duas contas mas, sinceramente, o Zap deve continuar liderando. Em relação ao compartilhamento de dados como localização, número do telefone, lista de contatos, etc, acho que é um processo inevitável e também acredito que, exatamente por isso, as leis de proteção de dados são tão importantes no sentido de ditar as boas práticas para esse uso, que serão mais e mais respeitadas com o passar dos anos, e com penas mais duras atingindo quem for menos responsável com esses dados. Negar o uso do Zap vai ser como negar os cookies de sites, que todo mundo já está aceitando automaticamente. Os dados? As localizações? Bem, devem continuar como hoje, sensíveis e disponíveis. A diferença estará na ética e na segurança no uso de toda essa informação e, talvez caiba aqui a reflexão de que o foco no uso comercial dos dados por grandes corporações, que obviamente dará a elas mais poder de controle sobre o consumo, talvez não seja o nosso maior problema e, sim, a insegurança daqueles dados que inadvertidamente entregamos de mão beijada em farmácias, postos, lojas, academias etc., esses, sim, bem mais expostos aos golpistas.>
Vazamentos em 2020>
Na mesma linha de segurança de dados, o relatório da Apura, empresa de inteligência cibernética, dá conta de que mais de 958 mil CPFs foram vazados em 2020 no país. A ferramenta de coleta e processamento de informações da empresa, a BTTng, detectou 272,5 milhões de eventos e os de fraude financeiras lideraram as ameaças sendo que 58% desses ataques miraram nos cartões de crédito. Mais de 262 mil de uso nacional vazaram. Quando se fala dos cartões que possuem liberação para compras internacionais, a situação é ainda pior com mais de 592 mil vazamentos. Em relação às credenciais como senhas por exemplo, mais de 220 mil vazaram no Brasil durante 2020, segundo o relatório. Se quiser saber mais sobre segurança cibernética acesse o site da empresa www.apura.com.br.>