Territórios de África em Salvador: Nigéria baiana

Série mostra casas africanas da cidade. Segunda parte: Nigéria

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  • Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 09:38

- Atualizado há um ano

Carla TrabazoEm meio às casas coloridas do Pelourinho, perto da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, um prédio que funcionava como senzala durante o período do Brasil Colônia ganha cores verdes e brancas para se transformar na Casa da Nigéria. Depois de Benin e Angola, a Nigéria fincou mais uma casa africana em Salvador, desde 2008.

Diretor nigeriano Muajeed OyewoDe acordo com o diretor da casa, Muajeed Oybamiji Oyewo, o interesse em estreitar a conexão com o país africano veio de algumas baianas – isso mesmo, aquelas que vendem acarajé paramentadas com turbantes -, que falaram com o Governo da Bahia para que entrasse em contato com a Nigéria. “Aqui é um local ancestral, uma promoção da cultura nigeriana. E isso foi possível com a mobilização das baianas, que queriam que o Candomblé pudesse estar mais próximo às suas origens”, conta o diretor nigeriano que preferiu conversar em inglês por ainda estar em fase de aprendizado do português.A Nigéria é o país mais populoso do continente africano, com cerca de 140 milhões de habitantes. Fazendo fronteira com Benin, Níger, Chade e Camarões, o país é a segunda maior economia da África e tem como idioma oficial o inglês.Com o apoio financeiro da Embaixada da Nigéria, em Brasília, o local conta com um acervo de quadros, esculturas e panos produzidos por artistas nigerianos. A casa oferece cursos gratuitos de iorubá e inglês, aulas de dança e música afro e, ainda, dispõe de livros e materiais informativos, um museu e palestras.

Acervo de quadros, esculturas e panos produzidos por artistas nigerianosDesde um pouco antes dos anos 1800, uma grande quantidade de escravos nigerianos foi exportada para Salvador, contribuindo para mesclar, ainda mais, a rica diversidade cultural da cidade. “Me sinto em casa aqui. A comida é parecida: acarajé, inhame, legumes e abará, a religião do Candomblé é muito similar às do meu país e o clima me faz pensar que estou em casa”, revela o diretor, que chegou ao Brasil em 2012.A Casa da Nigéria recebe diversos estudantes e turistas curiosos. Há, ainda, a presença de uma pequena colônia de nigerianos, cerca de 100 pessoas, que residem na capital baiana e fazem da casa o seu ponto de encontro. “Aqui tem muitos nigerianos que já têm seu próprio negócio ou trabalham para o governo. Tem vários intercambistas também e muitos vêm aqui para lembrar um pouco mais de sua terra”, explica Oyewo.Para o dia da Consciência Negra, o diretor conta que a burocracia entre o governo da Nigéria, a Embaixada em Brasília e a Casa é complicada para que sejam realizadas celebrações para o dia, mas que ele busca participar de todos os eventos em que a Casa da Nigéria é convidada. “Quando este dia chega você se lembra de quem você é. Mas isso não deveria ser só sobre celebrações. O Governo deveria encorajar para que fossem feitas mais do que celebrações”, lamenta o nigeriano. Serviço: Endereço: Rua Alfredo de Brito, 26 - Pelourinho, 40025-040 Telefone:(71) 3326-2021 Horário: Segunda a sexta – 9 às 18h.O especial Somos é produzido pelo time de focas da quinta turma do Correio de Futuro. Acesse o blog.