Terror em Marechal Rondon: tiroteio entre facções em padaria deixa comerciante ferida

Segundo moradores, conflito é resultado de uma disputa entre as facções Bonde do Maluco (BDM) e Cangaço

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Publicado em 2 de setembro de 2021 às 15:57

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Um tiroteio levou medo aos moradores e comerciantes da rua Vicente Celestino, via principal do bairro de Marechal Rondon, por volta das 11h30 desta quinta-feira (2). Moradores ouvidos afirmam que quatro pessoas teriam sido feridas, sendo três suspeitos e uma comerciante. No entanto, a Polícia Civil informou que a ocorrência, registrada na 4ª DT/São Caetano, deixou uma mulher ferida por disparo de arma de fogo e que não há registro de outras vítimas até o momento.

De acordo com quem mora por lá e presenciou o ocorrido, a troca de tiros, que começou em uma padaria e acabou no meio da rua, foi resultado de uma briga entre integrantes da facção Bonde do Maluco (BDM) e de uma nova facção ou dissidência que se chama Cangaço e surgiu em Marechal. Pessoas que estavam em casa ou em lojas relataram os momentos de horror na rua.

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Preferindo não revelar sua identidade, uma moradora explicou que o conflito deu origem a uma sequência de tiros que a fez perder a conta do número de balas deflagradas pelos envolvidos. "Como estava perto de meio-dia, a rua estava movimentada até porque aqui é a principal de Marechal. Quando começou, foi gente correndo pra todo lado, sem saber o que fazer. Corri pra fechar as portas e me proteger porque foi muito tiro, não deu pra contar. E o barulho foi tão grande que parecia que estava acontecendo dentro de casa", conta ela.

Outros moradores também preferiram preservar seus nomes, mas afirmaram que tudo teria começado com a chegada de dois homens. A versão é confirmada pelo proprietário da padaria onde tudo começou, que não estava no local na hora dos tiros, mas ouviu de funcionários o resumo da história. "Os funcionários até foram liberados, não estão mais aqui. Só que, mesmo nervosos, eles me contaram que três homens estavam aqui dentro lanchando quando dois indivíduos entraram e começaram a atirar contra eles. O resto eles não viram porque correram para se proteger", revela ele, garantindo que nenhum de seus empregados foi atingido. O proprietário também não quis revelar seu nome por medo de represálias.

Comerciante ferida 

Apesar dos alvos se tratarem de suspeitos de integrarem as facções citadas, não foram só eles que sofreram as consequências do conflito. Uma lojista de roupas acabou sendo ferida em frente ao seu estabelecimento. "Foi minha patroa, ela estava vindo pra tirar meu horário de almoço. Só que, na hora que ela tava chegando, aconteceu. Eu ouvi os tiros e corri pra dentro. Depois, quando eu voltei, ela estava deitada na frente da loja com um tiro na barriga que atravessou o corpo dela e saiu pelas contas", conta a funcionária da loja, que fica, praticamente, de frente para a padaria.

Outra funcionária do comércio do local também presenciou o início dos tiros e correu para se proteger, assim como seus colegas. "Foi muito tiro, a gente que trabalha na rua saiu, ninguém fica pra ver, né?! Agora, foi muito barulho, forte demais. Todo mundo ficou assustado, a rua esvaziou logo. Não parava, parecia aquelas armas pesadas mesmo", lembra.

População amedrontada

Ela estava sozinha na loja e resolveu ir para casa logo depois de conversar com a reportagem por medo que problemas voltassem a acontecer. "Eu tô saindo porque fiquei muito assustada, aconteceu bem perto, imagina se pegasse em mim. Por hoje, já deu. Não sei se eles vão revidar porque isso é briga de criminoso e eles não deixam barato quando acontece", declara.

Moradores da rua Vicente Celestino também estão temendo novos episódios de violência e que mais pessoas inocentes fiquem feridas por conta do conflito. "Infelizmente, eles não olham o que podem destruir e muito menos as pessoas que podem se machucar. Você vê que eles começaram isso dentro de uma padaria cheia de trabalhador. Nosso temor é sempre esse: que quem não tem nada a ver com a situação pague o pato", fala um morador antigo da região.

Situação da ferida

O SAMU foi procurado para falar sobre a situação da comerciante e para onde ela foi encaminhada, mas não respondeu até a publicação da matéria.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro